Banda Mirim da Polícia Militar: a música como ferramenta de transformação social

“Antes de entrar no projeto, eu era muito indisciplinado, não obedecia a meus pais, era irresponsável. Agora, que vim pra cá, eu passei a obedecer meus pais. Tanto que meu pai veio aqui e comentou que melhorei meu comportamento em casa. Hoje eu vejo a banda mirim como meu futuro, agora eu penso em fazer faculdade de música e ser músico da PM.”

O depoimento é de Wellington Milón, de 14 anos, que toca trompete na Banda Mirim da Polícia Militar do Acre. Assim como ele, outros 99 meninos e meninas, com idades entre oito e 16 anos, participam do projeto social “Semeando Arte na Comunidade” da PMAC, que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.

Projeto atende 100 crianças de diversos bairros de Rio Branco (Foto: Angela Peres/Secom)

Na quadra do quartel da PMAC, em dias de ensaio, as armas dos policiais dão lugar aos instrumentos musicais. Sessenta crianças aprendem instrumentos de sopro e percussão, 20 tocam violão e 20 fazem canto coral.

O projeto existe há dois anos, e após uma pausa foi retomado em agosto de 2016. A primeira apresentação do grupo foi nas festividades de 7 de Setembro. Depois disso, já se apresentaram outras 11 vezes em escolas públicas e no shopping da cidade no período natalino. Os ensaios são realizados de segunda a sexta-feira, na sede do quartel da PMAC.

Os professores e instrutores atuam no projeto de forma voluntária. São cinco policiais militares, que doam tempo e compartilham experiências, o que gera uma aproximação da PM com a juventude dos bairros rio-branquenses.

Nas aulas se aprendem teoria musical, expressão rítmica, canto coral, técnica instrumental, prática de banda e ordem unida, e o mais importante, segundo o capitão Djair Vasconcelos, coordenador do projeto: valores como disciplina, ética e respeito ao próximo.

“Estamos formando músicos, mas também pessoas de bem. Aqui fazemos todo um trabalho de orientação de cidadania, prevenção à prática de atos ilícitos e afastamento do mundo das drogas. O que plantamos hoje virá em forma de uma sociedade mais justa e uma juventude consciente, longe da criminalidade”, disse o capitão.

O projeto ensina, além da música, valores éticos, morais e disciplina (Foto: Angela Peres/Secom)

Para este ano, as inscrições no projeto estão encerradas, mas, segundo a coordenação, existe uma lista de espera, e em caso de desistência outros alunos são selecionados.

Claudia Dias garantiu a vaga da filha e de dois sobrinhos e faz questão de acompanhar o desempenho deles no projeto.

“A banda mirim faz parte da minha vida. Eu tenho uma filha de 14 anos que está no projeto desde o início. Tenho dois sobrinhos que também fazem parte e tiveram uma melhora significativa no comportamento deles, aumentaram o interesse pela música, isso tudo fez com que eles evoluíssem na escola, o que nos deixa muito felizes. Nós, que somos mães, sabemos o quanto isso é importante”, disse Claudia.

Serviço – A Banda Mirim aceita doações de instrumentos novos ou usados. Quem estiver interessado em ajudar pode entrar em contato pelo telefone 9-9992-3805.

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