Encontro reuniu produtores, deputados e representantes do Governo do Estado para debater acerca da exportação de gado
Debater os avanços e desafios do setor pecuário no Acre. Esta foi a proposta da audiência pública realizada na manhã desta quinta-feira, 10, na Assembléia Legislativa. Representantes de produtores, do Governo do Estado e os deputados discutiram sobre o aumento da exportação de gado bovino. Em 2007 foram vendidas cerca de 13 mil cabeças de gado, em 2008 este número já superou as 40 mil cabeças.
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária, Assuero Veronez, o aumento da exportação de gado acreano se deve à crise da pecuária vivida nos últimos três anos, o que resultou também no ciclo de aumento do preço da carne no país. Segundo ele, a crise nacional e a demanda internacional causaram a falta de bezerro, fazendo com que os compradores buscassem mercados alternativos como o Acre.
“O sistema de produção utilizado no Estado, o de pasto, garante que o rebanho acreano seja o mais barato. A saída do gado permitiu a estabilização do preço pago aos produtores acreanos”, relatou o presidente da Federação.
Outro dado apresentado durante a audiência pública foi em relação ao número de animais abatidos em 2007. Foram mais de 450 mil cabeças. Destas, 48% eram fêmeas e outros 13 mil animais, bezerros. Estes números fizeram com que o deputado Luiz Tche apresentasse um requerimento à Aleac solicitando a realização da audiência pública. O deputado acredita que o abate de matrizes e bezerros pode resultar na quebra da cadeia produtiva do Estado, impossibilitando a atuação dos frigoríficos locais. Uma das alternativas apresentadas foi a recuperação da área de pasto degradada. “No ano passado o Governo do Estado recuperou 10 mil hectares de área de pastagem. Aumentar as áreas recuperadas pode dobrar a produção”, argumenta o deputado.
O secretário de Estado de Agropecuária, Mauro Ribeiro, destacou que das 2,7 milhões de cabeças de gado que existem no Acre a metade é constituída por fêmeas, e que por ano nascem mais de 550 mil bezerros. Segundo o secretário o Governo estabeleceu recentemente um aumento de 12% no imposto sobre venda do rebanho acreano por outros Estados. Além disso, mantém um olhar universal sobre a questão sem esquecer de analisar os empregos que são gerados com os frigoríficos, só no entorno de Rio Branco são 1200, e com a questão dos produtores. “Este encontro amplia o debate para que as instituições envolvidas com a pecuária possam juntas estabelecer alternativa”, finalizou Mauro Ribeiro.
Uma das propostas levantadas no decorrer da audiência pública foi a questão da capacitação dos filhos de produtores para que possam atuar como extensionistas no meio rural. E também a possibilidade de somar esforços entre a iniciativa privada e o governo no sentido de facilitar o acesso a tecnologias que permitam que no espaço de 1,5 milhão de hectares, total de áreas degradadas, seja dobrado o número de cabeças de gado. “Isso seria possível com maior recuperação de pastagens e melhoria do manejo. Aumentando a produtividade e rentabilidade da pecuária no Estado”, explicou Judson Valentim.
O presidente da Aleac Edvaldo Magalhães destacou a importância do debate para a exposição dos lados divergentes. “Nós queremos ouvir a opinião das pessoas envolvidas”.