“Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”, frase da artista Frida Kahlo. As tragédias e a solidão, os tons e as imagens. A vida e o destino. A Cia Garotas Marotas e o Grupo Teatro de Los Andes, da Bolívia, firmaram uma parceria que resultou em um trabalho amplo e carregado, podendo até mesmo servir como objeto de estudo. Durante três semanas, a temporada vai de 19 de maio a 3 de junho, eles vão retratar a trajetória da pintora mexicana no espetáculo “Solamente Frida”. As sessões serão realizadas de quinta-feira a sábado, às 21 horas, e aos domingos, às 20 horas, no Teatrão.
Para entrar na composição da personagem, a atriz Clarisse Baptista realizou muitas pesquisas sobre o assunto e se preparou com uma rotina de ensaios apaixonada, como se fosse uma gestação, dos momentos de êxtase aos de sofrimento. “A gente leu pra caramba, estudou, viu filmes e procurou saber tudo que foi possível dela”, explica. O italiano Antônio Santoro também entrará em cena com Clarisse e produção de Marineide Maia. Do Teatro Los Andes, temos o compositor Lucas Achirico, responsável pela direção musical e criador da trilha sonora original, e os diretores Gonzalo Callejas e Alice Guimarães.
“Pra nós foi um desafio, mas a gente aceitou porque o tema Frida Kahlo nos interessa, principalmente pelo o que ela significa como pessoa dentro do universo artístico. A maneira como encarou e o que ela fez através da arte, como ela foi tão sincera, tão autêntica e fez realmente dessa linguagem um instrumento de transformação”, comenta Alice. A equipe ainda tem outros nomes, como o figurinista carioca Rodrigo Cohen e, de Minas Gerais, o dramaturgo Juarez Dias e o cenógrafo Ed Andrade.
O projeto foi aprovado pela Lei Federal de incentivo Fiscal (Lei Rouanet) e recebeu o prêmio Myrian Muniz de Teatro da Funarte/2010. A Recol Veículos é a patrocinadora do espetáculo. Os ingressos custam R$ 30 reais, R$ 15 na compra em dupla e R$ 10 para quem tiver mais de 60 anos e estudantes. Os pontos de venda antecipada são a Livraria Nobel e os restaurantes AFA Bistrô e Fogão Mineiro (na Avenida Ceará). A compra de bilhetes no Teatrão só vai estar disponíveis duas horas antes das apresentações e a entrada após o início do espetáculo não será permitida, assim como a presença de menores de 14 anos.
A transgressão de Frida
Muitos artistas, em algum momento, tiveram a pintora como inspiração. No Acre, por exemplo, havia uma banda chamada Frida Kahlo, que se apresentou diversas vezes pela cidade. Antes de encerrar as suas atividades, os integrantes decidiram mudar o nome somente para “Fridas”. No cinema, em 2002, ela foi interpretada pela atriz mexicana Salma Hayek.
Seis anos depois, os ingleses do Coldplay lançaram o “Viva La Vida or Death and All His Friends”, em que a parte na língua espanhola se refere a uma obra homônima de Frida. O trabalho rendeu um Grammy na categoria de Melhor Álbum de Rock na edição de 2009.
Em 2010, a multinacional Google criou um doodle estilizado (tipo de esboço de um desenho) para comemorar os 103 anos da artista, e a escola de samba Viradouro, do Rio de Janeiro, também a homenageou no carro abre-alas. No ano passado, o rapper brasileiro Criolo Doido citou Frida Kahlo na canção “Sucrilhos”, coisa que Adriana Calcanhotto já tinha experimentado no seu disco “Senhas”, de 1991:
“Eu ando pelo mundo prestando atenção
em cores que eu não sei o nome
cores de Almodóvar
cores de Frida Kahlo, cores
passeio pelo escuro
eu presto muita atenção no que meu irmão ouve”, trecho de “Esquadros”, música que a cantora e compositora gaúcha escreveu para o seu irmão, o Cláudio.