Atendimento psicológico na escola ampara alunos da rede pública

Psicóloga Floriza Sobralino auxilia aluna no tratamento de autismo (Foto: Stalin Melo)

Em menos de dois anos, a Escola de Ensino Fundamental Governador José Augusto, localizada no bairro Boa União, em Rio Branco, já atendeu mais de 100 alunos no programa de Atendimento Psicológico Escolar realizado na instituição.

Para isso, a escola conta com o trabalho da psicóloga Floriza Sobralino, que antes de iniciar o processo de tratamento faz uma breve entrevista com os pais ou responsáveis das crianças. O intuito da conversa é buscar entender o histórico do aluno desde a gestação até os dias atuais.

Em seguida começa, efetivamente, o atendimento ao estudante, com apoio dos professores e mediadores, com foco no rendimento do aluno. Todas as crianças passam por uma avaliação, mas somente aquelas que demonstram alguma dificuldade no aprendizado permanecem no tratamento.

Uma reunião mensal aproxima os professores, mediadores aos pais dos alunos. Nela, são tratadas as necessidades de cada aluno e como será traçado o trabalho educacional e psicológico na escola.

A prioridade nesse projeto são os alunos mais novos, do 1º ao 4º ano, pois trata-se de uma faixa etária mais delicada e que necessita de observação. Geralmente, segundo a psicóloga, as crianças listadas para o tratamento com profissionais da saúde mental apresentam isolamento na sala de aula ou agitação em excesso.

Contudo, esses não são os únicos comportamentos que identificam a necessidade de atendimento clínico, entre muitos, ela destaca: Dificuldade de aprendizado; Dificuldade de entender o processo ensino-aprendizagem; Dificuldade de entender a importância da escola e Agressividade com os colegas.

“É um projeto desafiador. Estamos limitados a sala de aula, não chegamos até a sua casa e assim dependemos dos pais para obtermos sucesso no desenvolvimento das crianças. No entanto, é um trabalho de parceria, e só a união entre a escola e os familiares pode gerar bons resultados”, garante Floriza.

A profissional desperta a importância da participação da família nesse processo com os alunos, já que muitas das vezes a dificuldade do aluno pode partir de sua relação em casa. “Infelizmente ainda há famílias que pensam que psicólogo é coisa para doido e ficam resistentes ao tratamento. Isso dificulta nosso trabalho na escola, porque as crianças precisam do apoio dos pais”, ressalta a psicóloga.

Porém, o trabalho já vem dando resultado em algumas famílias, pois em diferentes instituições os próprios pais procuram pelo atendimento psicológico fornecido pela escola. “Quando há parceria entre a escola e a família o tratamento é muito mais fácil”, afirma Sobralino.

Carlos Daniel, de oito anos, é aluno do 2º ano da escola e iniciou este ano o tratamento com a psicóloga da instituição. Carlinhos, como é carinhosamente chamado pelos colegas, adora desenhar e pintar. Já sabe ler, mas sua dificuldade é com a escrita. Na sala de acolhimento, ele desenha e conversa sobre o que mais gosta de fazer e é incentivado a escrever. “Eu gosto de vir aqui porque aprendo ler e escrever. Também aprendo a fazer todas as coisas da escola”, explica.

Maria Odeide é especialista em educação inclusiva da escola e mediadora de Carlos. Segundo ela, trata-se de um rapaz tranquilo, amigável, mas que precisa de incentivo para estudar. “Como mediadora na aprendizagem e adaptação dele na turma, me sinto feliz quando vejo progressão. O atendimento que temos aos nossos alunos aqui é excelente e ver o resultado é muito melhor, e isso ajuda muito”.

Atendimento contínuo

A psicóloga explica que, às vezes, o primeiro contato com o sistema da escola causa estranhamento na criança. Fator que pode determinar a gravidade do problema que ela poderá ter no ambiente de ensino e a necessidade de um atendimento contínuo, algumas vezes fora da instituição.

Como a escola, em sua maioria, atende crianças de baixa renda, alguns casos mais cautelosos são encaminhados para profissionais das faculdades particulares de Rio Branco, que fazem o tratamento adequado sem custos ao aluno. Essa foi mais uma maneira encontrada de ajudar famílias que não tem condições de pagar por um tratamento particular.

Floriza comenta o papel da escola nesse sentido. “O papel da escola não é clínico, e sim de acolhimento. Nós identificamos o problema e, se necessário, encaminhamos às unidades de saúde.”

Além disso, os estudantes também contam com atendimento de pediatra, pedagógico e odontológico gratuitamente. Tudo, de um modo geral, para facilitar a vida dos pequenos no ambiente escolar e na vida.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter