Os artistas de rua nos alegram com seus pequenos shows performáticos que duram até um minuto, enquanto esperamos nos semáforos. Com o intuito de viajar e conhecer vários lugares se aventuram pelas cidades mostrando sua arte. Quem vê de longe às vezes não percebe a complexidade de alguns desses shows.
Sebastian Poblete é um chileno, de 22 anos, que vive no Acre há três anos. Em seu show, que dura cerca de 50 segundos, começa com uma bolinha equilibrada na testa enquanto com uma mão gira uma bola um pouco maior e na outra faz malabares com outras três bolinhas, logo depois usa todas as bolas em um malabares com bolas com tamanhos e pesos diferentes. Além das bolinhas também sabe usar pinos e facões. Certa vez um desses facões acertou seu braço e machucou um nervo e por isso precisou passar um ano inteiro sem trabalhar.
Seu trabalho começa logo cedo, geralmente às 6h30 da manhã já está nos sinais. E fica até 11h, quando o sol já está alto o suficiente para que ele não enxergue mais as bolinhas. Sebastian recebe em sua casa vários artistas que passam pela cidade, todos dividem despesas, comidas e tarefas. Só não aceita pessoas que bebem e fazem bagunça na casa. Aproveita também pra ensinar os “hóspedes” uma alimentação saudável. O artista não come açúcar, sal iodado, carne, trigo e nem óleo de soja. Diz que as pessoas são estressadas porque comem mal.
“É um ótimo professor”, diz David Perez, uma dessas pessoas que mora há alguns dias na casa de Sebastian. O colombiano passou pelo Acre a caminho de volta pra seu país, onde deve visitar seus parentes depois de três anos sem vê-los. De família de empresários do ramo de móveis e vitaminas, David diz que no começo seus pais não gostaram da ideia porque preferiam que ele ajudasse a tocar os negócios, mas diz que hoje entendem que sua busca são as experiências e não dinheiro. David arrecada cerca de 70 reais por manhã com seus shows de malabares com pinos e acrobacias.
Sua viagem de volta pra casa deve durar ainda um mês e meio. Mas garante que vai ser só pra matar a saudade e que 45 dias são suficientes. Depois volta ao Brasil, para a comunidade em um lugar bem afastado em Porto Velho, em que vivem vários artistas, onde ele construiu uma casa de barro e madeira.