Artistas celebram cultura urbana em 2° Encontro Internacional de Graffiti

Tornou-se impossível passar pela Rua África, no Segundo Distrito de Rio Branco, e não se contagiar com as inúmeras pinturas grafitadas durante o segundo Encontro Internacional de Graffiti (RB GRaffiti). O muro de concreto frio deu espaço à arte, cores, pensamentos e aos elementos que compõem a cultura urbana.

O evento, que neste ano reuniu 80 artistas de oito países – Peru, Nicarágua, Colômbia, Chile, Equador, Itália, Bolívia e Brasil – foi promovido de 7 a 10, tendo com o tema “Plantando Cores, Colhendo Ideias”. A iniciativa do Coletivo de Artes Urbanas Acreano (Caua) reuniu cidadãos em pontos históricos da capital.

A integração da comunidade e dos artistas marcou o encerramento do RB Graffiti 2018, que reuniu inúmeras expressões culturais: atividades lúdicas infantis, pinturas em telas, poesia, danças, músicas, acrobacias em tecido, entre outras.

O grafiteiro Matias Souza, um dos organizadores do encontro, destacou o sucesso do evento que tem se referenciado na Amazônia. “Tivemos 150 inscritos, o que demonstra a adesão dos artistas ao RB Graffiti. Após a curadoria, 80 foram selecionados, representando 16 estados e oito países. As intervenções urbanas foram realizadas em dois pontos importantes de Rio Branco: no bairro Cadeia Velha e Seis de Agosto, aqui na Rua da África, espaço importante para a cultura urbana, que estava em situação de vulnerabilidade social e que, com o graffiti, esperamos criar mais sociabilidade”, frisou.

Famoso por seus grafites, Tosh, como é conhecido no mundo da arte Tiago Gomes, retornou ao Acre para se juntar aos demais colegas. “Ver os grafites resistindo na cidade, o movimento crescendo e a adesão de novos artistas é super gratificante. Vai muito além do graffiti, é a formação e a continuidade do trabalho”, salientou.

A segunda edição do RB Graffiti contou com a participação especial do artista multiplataformas e ex-BBB, Wagner Santiago. O evento dispôs do apoio cultural do governo do Estado e da Prefeitura de Rio Branco, por meio das secretarias de Estado de Turismo (Setul) e Comunicação (Secom), Fundação Elias Mansour (FEM), Fundação Garibaldi Brasil (FGB), secretarias Municipal de Juventude (Sejuv) e de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (Sedihpa).

Segundo a presidente da FEM, Karla Martins, o graffiti tem uma veia político cultural. “Essa expressão leva às ruas um pensamento crítico, que interfere na sociedade. São imagens fortes, com contundência visual e que provocam uma reconfiguração de leitura espacial”.

“Rio Branco se tornou um verdadeiro ponto de encontro para artistas latinos e europeus, do Brasil. Esse é movimento que ressignifica a cidade e valoriza espaços. A cultura urbana é isso: a expressão da população”, ressaltou Sérgio de Carvalho, presidente da FGB.

Também integram a lista de apoiadores Dismonza Tintas, Coletivo Decor, Plotter Comunicação Visual e Gráfica, Paris 68, Restaurante e Hamburgueria Dom Brito, Center Publicidade, Papelaria Globo, ConstruMais, Associação de Moradores do Bairro Seis de Agosto e Universidade Federal do Acre.

Empoderamento feminino

A grafiteira Ester Silva tem 18 anos e defende o empoderamento feminino (Foto: Alexandre Noronha/Secom)

Entre os destaques do painel da Rua África, encontra a pintura da grafiteira de São Paulo, Juliana Costa, que possui uma técnica diferenciada de grafitagem. “Esse é um encontro latino, antes de mais nada. E o Acre é o lugar ideal para se promover isso”, observou.

As mulheres marcaram presença no RB Graffiti 2018 e é através da arte que a acreana Ester Silva, 18 anos, transmite mensagens de empoderamento às mulheres negras.

“O graffiti compõe o meu processo de aceitação, de negritude. Ele me libertou, de modo que através das minhas pinturas tento transmitir isso às demais mulheres, de que somos bonitas como nossos cachos, nossa cor e traços”, explicou.

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