Apoio do governo à prefeitura de Rio Branco registra menor índice de dengue desde 2010

Governador Tião Viana durante lançamento da campanha Dengue: a guerra não pode parar (Foto: Arquivo Secom)

Governador Tião Viana durante lançamento da campanha Dengue: a Guerra Não Pode Parar (Foto: Arquivo Secom)

O número de casos de dengue e o Índice de Infestação Predial (IIP) verificados em Rio Branco na 19ª semana epidemiológica excluem a capital do Acre da lista dos 48 municípios citados pelo Ministério da Saúde (MS) com alto risco de surto da doença. A explicação para justificar a curva descendente constatada nos gráficos sobre a evolução da dengue no Acre e o fato de Rio Branco não ter vivenciado a epidemia prevista pelo MS são reflexo do conjunto de medidas adotadas pelo governo do Estado em apoio à prefeitura de Rio Branco para diminuir a incidência, que baixou de 9.167 casos notificados para grupo de cada 100 mil habitantes em 2011 para 1.003 em 2012.

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A decisão do governador e epidemiologista Tião Viana no primeiro dia útil do seu mandato foi fundamental para reduzir o percentual dos casos notificados, que atingiu 85,69% em Rio Branco em maio de 2012, se comparado ao mesmo período do ano passado. “A experiência do governador como médico especialista em medicina tropical, determinando ações emergenciais em apoio à prefeitura de Rio Branco, contribuiu, e muito, para que pudéssemos vencer essa guerra”, avaliou a secretária de Estado de Saúde, Suely Melo.

A integração também foi um dos fatores diferenciais adotados na luta contra a dengue nesses 15 meses. Foram diversas as ações desenvolvidas pelos governos e a sociedade para eliminar o mosquito causador da doença e suas larvas e ainda estabelecer o corte na cadeia de transmissão como as campanhas “Guerra Contra a Dengue”, lançada em janeiro de 2011, e os seus diversos desdobramentos como “Dengue, a Guerra Continua…”, “Dengue: A Guerra Não Pode Parar – Secretarias Unidas no Combate à Dengue!” (veja box ao final).

O objetivo foi envolver toda a sociedade em uma grande mobilização. Entraram na luta servidores públicos das duas esferas de governo, empresas privadas, ONGs, alunos das escolas municipais e estaduais, igrejas, associações de moradores e toda a sociedade, em favor de uma causa comum. Secretarias municipais e estaduais desenvolveram suas próprias atividades de conscientização e orientação dos servidores que atuaram como agente multiplicador das estratégias de combate à dengue no entorno de seus locais de trabalho e nas vizinhanças dos locais onde moram.

Policiais militares reforçaram ações de combate ao mosquito (Foto: Arquivo Secom)

Policiais militares reforçaram ações de combate ao mosquito (Foto: Arquivo Secom)

Para a secretária Suely Melo, compromisso, disciplina e responsabilidade social, ações integradas e intersetorias e, principalmente, a sensibilização social para o problema definiram a diferença entre uma situação de epidemia e o controle efetivo dela. A experiência de enfrentamento, trazida do combate à malária na região do Juruá a partir de 2006, resultou na redução significativa do número de casos da doença. “É mesmo uma guerra que precisa de estratégias de combate bem definidas e, sobretudos de um esforço disciplinar gigante, mas que com trabalho, vontade política, investimentos adequados e mobilização social conseguimos vencer”, disse a secretária, para quem a questão epidemiológica não se resolve com a criação de slogans. “Não adianta a gente chegar na TV e dizer para a população que ela tem que limpar o quintal. É preciso alertar sobre os reais perigos que essa doença traz e como evitá-la. A população entendeu o recado e tomou para si a responsabilidade. Isso é o que funciona de verdade e demonstra o grau de comprometimento de todos.”

Mesmo com a doença sob controle e com IIP de 3,27% no mês de abril de 2012, o menor índice registrado desde agosto de 2010, as medidas de controle do mosquito causador da doença devem continuar. Isso porque as condições climáticas do Acre favorecem a proliferação do mosquito. “Se compararmos abril de 2011, quando o IIP era de 5,5%, com o de 2012, por exemplo, estamos no caminho certo”, avaliou a gerente do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde, Izanelda Magalhães. Em dezembro de 2011, esse índice era de 10,1%.

Agentes de controle de endemias e população exercem papel primordial

Prevenção, controle e combate contínuos foram reforçados nos primeiros meses do ano, período que, pela sazonalidade das chuvas, representa maior risco de proliferação do mosquito. As visitas domiciliares, que ocorriam a cada 60 dias, como preconiza o Ministério da Saúde, foram reduzidas para 22 dias no período crítico e agora se mantêm com ciclos de 30 dias. Nessa linha de frente, 260 agentes de controle de endemias formaram o exército cidadão, que invadiu, pacificamente, os 13 agrupamentos de bairros da capital (chamados de estratos), distribuindo informação, educação em saúde e orientações sobre os cuidados que cada morador deveria ter para não deixar o mosquito nascer dentro de sua casa ou no seu quintal e dessa forma evitar o aumento do número de casos da doença.

Envolvimento da comunidade nos bairros e escolas foi fundamental para a queda do número de casos da doença (Fotos: Golby Pullig)
Envolvimento da comunidade nos bairros e escolas foi fundamental para a queda do número de casos da doença (Fotos: Golby Pullig)

Envolvimento da comunidade nos bairros e escolas foi fundamental para a queda do número de casos da doença (Fotos: Assessoria Sesacre)

Segundo o mais recente Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa), realizado entre os dias 11 e 16 de abril, foi constatada redução em todos os 13 estratos, se comparado ao LIRAa anterior, feito em dezembro passado. O estrato sete, composto por bairros da parte alta da cidade como Raimundo Melo, Placas, Wanderley Dantas, Montanhês, Alto Alegre, Tancredo Neves, Jorge Lavocat, Defesa Civil, Irineu Serra e áreas adjacentes, é o que mais apresenta resistência em reduzir o IIP.

Não por falta de iniciativa da dona de casa Nádia Nery, moradora do bairro Placas, que mudou a rotina da família com a verificação periódica das caixas d’água e limpeza do quintal. “Depois que meu marido pegou dengue ano passado, não descuidamos mais”, contou. As escolas da região foram incluídas em programas de ações educativas desenvolvidas pelo município, que colocou as atividades na rotina da sala de aula. “Essa foi uma das ações mais importantes dos agentes do controle de endemias”, avaliou Thayna Holanda, gerente de Endemias da Sesacre.

500 da comunidade – A intensificação das visitas às residências foi possível a partir da contratação de mais agentes de vigilância em saúde e de 500 agentes da comunidade (dez moradores de cada um dos 50 bairros com maior Índice de Infestação Predial). Com eles, a tarefa de eliminar e tratar depósitos passíveis de se tornarem criadouros do vetor transmissor da dengue. Essa foi a primeira vez que o Estado usou a experiência de líderes e pessoas com papel ativo nas suas comunidades na empreitada, e a iniciativa se tornou imprescindível para intensificar as ações de educação, saúde e mobilização social.

Quatro mulheres moradoras dos bairros que fazem parte da área mais afetada e com maior índice de infestação predial – o estrato sete – incluíram durante dois meses na rotina a visita domiciliar ao conjunto Ouricuri. Entre elas, Delcides Costa, mãe de uma menina de 14 anos que agora multiplica as informações sobre cuidados para evitar a dengue com os colegas da escola. Sem experiência profissional, ela não conseguia trabalho formal, mas descobriu com a oportunidade que sabia muito mais do que pensava.

 

Queda foi registrada pelo Departamento de Vigilância em Saúde

Queda foi registrada pelo Departamento de Vigilância em Saúde

 

“E agora eu tenho uma mania: não posso ver tampinhas, copos, lixo no chão que vou amassando ou juntando”, conta, entre risos. A colega de trabalho Rosineide Araújo também modificou os hábitos ao ser escolhida pelo presidente do bairro para compor o grupo. “Ensinei a população e aprendi muito. Foi recíproco. Hoje estou igual à Delcides, amassando copos e latas no chão. Nem percebo quando faço isso.”

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Cronograma da Operação Guerra contra a Dengue

2011

03 de janeiro – Operação Guerra Contra a Dengue

  • Recolhimento de lixo e entulho – cerca de 8.500 toneladas de lixo recolhido
  • Contratação de Recursos Humanos de abril a setembro
  • Apoio na execução da ação de Controle Químico
  • Apoio Técnico na execução das atividades de operação de campo
  • Disponibilidade de 18 veículos no período de janeiro a maio de 2011 para dar suporte às ações de controle químico no combate a dengue

06 de junho – Reconhecimento

  • Solenidade marca confraternização para agradecimento público ao esforço e dedicação dos profissionais e parceiros de outras instituições que participaram da Operação Guerra Contra Dengue

31 de agosto– Prevenção Sim, Dengue Não!  A Guerra Continua…

  • Meta de mobilizar 88 escolas estaduais e municipais da zona urbana de Rio Branco nas ações de prevenção no combate a dengue.

04 de novembro – A guerra não pode parar…

  • Mobilização do combate à dengue realizada nas ações estratégicas de fortalecimento entre os setores governamentais e a sociedade
  • Recolhimento de lixo e entulho durante quatro semanas – cerca de 4.500 toneladas de lixo recolhido
  • Contratação de Recursos Humanos de novembro a março – repasse financeiro para incentivar a intensificação das ações de controle da dengue no município de Rio Branco.

05 de dezembro – Lançamento da Campanha de Incentivo à Redução da Dengue no Município de Rio Branco

2012

04 de janeiro de 2012 – A guerra não pode parar: Secretarias unidas na Guerra contra a dengue

  • Mobilização dos servidores estaduais e municipais para atuarem em seus setores e imediações, bem como em bairros considerados de maior infestação pelo mosquito da dengue.

Janeiro a março

  • Contratação de Recursos Humanos de janeiro a março – para intensificação das ações de controle da dengue no município de Rio Branco (realização de ciclos de visitas de 22 dias úteis).
  • 150 alunos do curso de formação de soldados da Policia Militar foram capacitados para atuarem no controle do vetor no período de chuva, considerado período crítico para uma possível epidemia.
  • o Governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria Estadual de Saúde, e a União das Associações de Moradores de Rio Branco selecionaram os 50 primeiros bairros com maiores Índice de Infestação Predial. Na ocasião, foram escolhidos dez moradores de cada bairro (totalizando 500 pessoas) para trabalhar como Agentes Comunitários no combate à dengue. {/xtypo_rounded2}

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