Ampliando conhecimentos, xadrez é difundido na rede pública de ensino do Acre

“O mundo é muito mais amplo do que eu via antes de jogar xadrez”, afirma Roberto Molina, mestre internacional da modalidade. Em uma parceria com o governo do Estado e a Federação Acreana de Xadrez, ele está no Acre para treinamento dos enxadristas locais.

Na última sexta-feira, 15, o governador Tião Viana recebeu Molina e o presidente da Federação, Luiz Carlos de Oliveira, para o planejamento de novas atividades de promoção desse “esporte que agrega ciência e arte”, como afirma o mestre internacional.

Do encontro com o governador Tião Viana, saiu o compromisso de realização de atividades para promoção do xadrez ainda este ano (Foto: Sérgio Vale/Secom)

O novo momento do xadrez no Acre se dá com a criação do Instituto de Matemática, Ciência e Filosofia (IMCF), no Centro de Referência de Inovações Educacionais (Crie), do governo do Estado. Este ano, já estão sendo planejados um torneio internacional em Rio Branco e uma grande atividade no centro da cidade, aberta ao público.

Em dois anos, a parceria já começa a colher frutos, que ajudam a fortalecer a prática do esporte. Até 2015, o Acre tinha apenas seis pessoas incluídas no ranking internacional, hoje já são em torno de 20. O estado também já conquistou um segundo lugar na Região Norte.

“Com essa parceria entre o governo do Estado e a Federação, podemos dizer que hoje o xadrez está crescendo não só em Rio Branco, mas também em todo o estado. Estamos atendendo 130 alunos diretamente, alguns entre iniciantes e intermediários e outros já de forma profissional”, afirma Oliveira.

Para além dos resultados profissionais, Tião Viana vê nessa prática uma forma de aprimorar o conhecimento. “O xadrez é uma referência. É o caminho para a ampliação do futuro dos jovens acreanos”, afirmou.

Treinamento

Agora, o trabalho é para aumentar o nível dos profissionais, além de qualificar ainda mais professores que possam multiplicar o ensino das técnicas. “Nossa meta agora é incluir o Acre entre os melhores da Região Norte. Por isso, estamos aqui com o mestre internacional Molina ajudando na profissionalização dos nossos representantes”, explica Oliveira.

“Acredito que agora está havendo um trabalho com foco de profissionalizar a prática do xadrez. Com minha vinda aqui, vou passar técnicas e ferramentas para elevar o esporte a um nível acima de treino e ensino”, afirma Molina.

Já são 130 alunos de xadrez atendidos pelo Estado (Foto: Sérgio Vale/Secom)

O treinador e mestre descobriu o xadrez aos sete anos de idade, e desde então foi seguindo os caminhos até ver que, além de competir profissionalmente, poderia se tornar multiplicador de conhecimento. “Aos 12 anos, jogando um torneio escolar na minha terra natal, Minas Gerais, descobri um outro lado do xadrez: o da ciência e depois o da arte”, relata.

Molina explica ainda que esse esporte é completo. Na derrota ou na vitória, o atleta precisa aprender a aceitar com humildade o resultado, por exemplo. Além disso, Molina explica ainda que o xadrez trabalha muito a tomada de decisão, que pode ser aplicada tanto para um empresário como para um aluno. “Às vezes a pessoa vai pensar duas vezes antes de tomar uma decisão, pois na hora de jogar uma peça é uma questão individual.”

Com um olhar concentrado, como se estivesse em um momento peculiar no tabuleiro, Molina fala das mudanças que pôde sentir em si próprio com a prática contínua. “No aprendizado de línguas estrangeiras, por exemplo, pude perceber uma facilidade muito grande. Fui vendo que o mundo é bem mais amplo do que Belo Horizonte [capital do seu estado]. É uma oportunidade para todos.”

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