Alfândega provisória no Alto Purus inaugura nova rota comercial Brasil-Peru

Ato histórico foi presenciado por parlamentares que apoiaram a iniciativa, e também pelo Secretário de Esporte, Turismo e Lazer, Cassiano Marques

aleac2.jpgO empresário peruano Sidney Hoylle se emocionou ao agradecer pelo fim de mais de um ano de negociações para poder subir o rio Purus com um carregamento de 650 toneladas de betume e cimento até Puerto Esperanza, na fronteira do Peru com o Acre. "No começo ninguém acreditava", disse ele em pronunciamento na cerimônia do Ato de Alfandegamento Extraordinário, uma alternativa legal para exportação em portos sem alfândega, acompanhado pessoalmente pelo superintendente da Receita Federal em Rio Branco, Elmar Fernandes Nascimento e pelo superintendente da Polícia Federal, José Carlos Calazane. O alfandegamento ocorreu em ritmo de festa na manhã desta sexta-feira, 5, em Santa Rosa do Purus. Um foguetório marcou a chegada das três balsas – Olineusa, Angelina e Fátima Pinheiro – com uma carga de 1.320 tambores de betume – matéria prima do asfalto – e 8 mil sacos de cimento. A viagem de Manaus a Santa Rosa demorou 68 dias ao custo de R$ 355 mil. "Somando com o valor da carga – US$ 196 mil- temos aí um investimento de uns R$ 800 mil", calculou Hoylle. O motivo da comemoração, segundo ele, é que se fizesse o mesmo negócio entre Puerto Esperanza e Pucallpa, capital do Departamento de Ucayalli, como chamam os estados no Peru, ele gastaria R$ 2 milhões apenas com o frete de aviões. Hoylle decidiu legalizar um antigo negócio que fazia desde que teve três mil sacas de cimento apreendidas. Em maio de 2008, ele e um grupo de empresários peruanos aproveitaram uma sessão da Assembléia Aberta em Santa Rosa e encaminharam esta reivindicação para os deputados. O presidente da Assembleia, deputado Edvaldo Magalhães (PC do B) passou a intermediar uma negociação entre os empresários, a Receita Federal, a Polícia Federal e o Itamaraty, com o apoio do gabinete da deputada federal Perpétua Almeida. "Todos entenderam que a realidade do comércio fronteiriço na Amazônia é bastante diferente do restante do país e a legislação prevê alternativas", explicou o deputado. Em seu pronunciamento, Edvaldo explicou que as dificuldades para a efetivação desta rota de integração com o Peru, preconizada pelo escritor Euclides da Cunha há mais de um século, começavam pelo rigor da burocracia. "Quando o superintendente Elmar foi empossado, ele se debruçou sobre a legislação e encontrou uma saída com o preenchimento de todos os requisitos legais, uma alternativa legítima para exportação que é o Ato de Alfandegamento Extraordinário", explicou Edvaldo. O presidente informou que esta rota é uma das três em negociação bilateral entre o Acre e os departamentos fronteiriços. As outras visam o comércio rodoviário pela Transoceânica e aéreo entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa. O diplomata Carlos da Fonseca, chefe da Divisão da América Meridional III, que acompanha todos os processos em andamento, informou que a agenda de reuniões está repleta e o estimula. "Me considero realizado profissionalmente por ver um raro resultado concreto em uma negociação diplomática", comentou. Elmar Nascimento classificou sua contribuição nesta operação como um dever da Receita de representar o Estado onde ele está ausente. O superintendente da Polícia Federal deixou claro que a instituição vai apoiar quaisquer iniciativas que tenham como objetivo o desenvolvimento econômico, social e cultural da população das fronteiras. O deputado Zé Carlos considera este ato como o primeiro degrau de uma escada para o Acre efetivar sua integração com o Peru. O secretário estadual de Turismo e Esportes, Cassiano Marques, que representou o governador Binho Marques, disse que este ato é histórico por seu valor simbólico. A deputada Perpétua Almeida lembrou uma fala de Lula: "Acabou o tempo em que ficávamos de costas para nossos vizinhos".  

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