Iniciado no dia 10, o I Simpósio Internacional de Agroecologia do Acre, promovido pelo Campus Floresta da Universidade Federal do Acre (Ufac), está trazendo muitas informações para agricultores, extensionistas, estudantes pesquisadores e profissionais de diversas áreas.
O evento, que se encerra nesta quarta, 13, busca discutir e apresentar tecnologias aplicáveis à produção de alimentos mais saudáveis, aliados ao desenvolvimento social e às questões socioambientais. Permite, também, a interação entre os profissionais ligados à agroecologia, propiciando a troca de saberes e de experiências técnicas e tradicionais.
Na terça-feira, 12, foram realizados, no Campus Floresta, 12 minicursos abordando diferentes aspectos de ações em agroecologia. O minicurso “Técnica de Produção para Olericultura Agroecológica na Amazônia” foi ministrado por Ronessa Bartolomeu de Souza, doutora em Solo e Nutrição de Plantas.
A olericultura é a área da horticultura que abrange a exploração de hortaliças e engloba culturas folhosas, raízes, bulbos, tubérculos e frutos diversos. Ronessa, que trabalha na Embrapa Hortaliças, em Brasília, ensinou aos participantes do curso várias receitas de adubos orgânicos. “Adubos são fáceis de fazer, com materiais simples que o produtor tem à disposição e de baixo custo. Eles são especialmente adequados para o agricultor familiar”, disse.
Como demonstração prática, Ronessa e sua equipe produziram 50 litros de um biofertilizante denominado “hortbio”. Segundo a doutora, o biofertilizante é excelente – pode ser usado em qualquer cultura, desde arbóreas até hortaliças e também na produção de mudas. Pode ser utilizada em forma de gotejamento ou pulverização sobre as plantas.
Adubo de macaxeira
Todo resto orgânico, conforme Ronessa, pode ser utilizado na produção de adubo, como sementes de leguminosas de arbóreas, restos de cultura, tipo folhas de leucena. “Na verdade, todos os adubos orgânicos que a gente vai fazer são feitos com materiais que, se o produtor não tiver exatamente iguais, pode substituir por resíduos de plantas da região”, relatou.
Os resíduos de mandioca podem ser utilizados para fazer um fertilizante denominado “bokashi”. Ronessa explicou: “A gente usa tudo: a folha, as cascas da mandioca, tritura e faz um adubo orgânico que serve para qualquer cultura, inclusive para a própria mandioca”.
A Ufac tem como parceiros o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifac) e as empresas Ciga e Consulplan, contratadas pelo Incra para prestar assistência técnica a 7,5 mil famílias de 62 projetos de reforma agrária, localizados em 16 municípios do Acre.
Agricultor prefere reflorestar
O agricultor Francisco Pereira da Silva, do Ramal Lua Clara, Comunidade Nova Esperança, em Cruzeiro do Sul, diz que está gostando de participar do simpósio, pois está vendo muitas novidades.
“Quero aprender a plantar, aprender a trabalhar com roça, milho, arroz, feijão, melancia, reflorestamento e plantio de café. Cadastrei uma área de terra para plantar mogno, em outra açaí e outra café. O café vem ligeiro e vai dar renda logo. Já o mogno demora mais um pouco. Tenho oito hectares desmatados e ainda poderia desmatar mais, mas estou achando melhor reflorestar o que já desmatei. Dentro do mogno eu posso plantar café e açaí”, disse.