Professores das medidas socioeducativas realizaram nesta sexta-feira, 7, o planejamento coletivo mensal, no Centro Socioeducativo (CS) Santa Juliana. O principal tema abordado na reunião foi com relação à sexualidade dos adolescentes em conflito com a lei. O coordenador-geral de Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT) da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Gustavo Bernardes, participou do evento, que colocou em discussão a realidade dos socioeducandos no Acre.
O coordenador do Centro de Referência LGBT da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Marcelo Ribeiro, ministrou uma palestra com orientações aos professores. O objetivo é direcionar os educadores em situações em que o adolescente homossexual passe por discriminação e preconceito.
O diretor da unidade, Rafael Almeida, revela que a ideia de preparar a equipe pedagógica para essas situações surgiu ao perceber o número alto de socioeducandos LGBT’s. “Essas pessoas merecem respeito e precisamos estar preparados para impedir que haja preconceito dentro das unidades”, afirma.
O destaque do evento foi a participação de um dos adolescentes que pediu para contar um pouco da sua história. A jovem, como prefere ser chamada, foi expulsa de casa aos 12 anos, quando o pai descobriu que era travesti. Depois disso, se envolveu com um traficante e mais tarde participou de um assalto, motivo pelo qual hoje se encontra internada em um CS.
Hoje, aos 16 anos, a adolescente revela as principais dificuldades em expor a opção sexual ao mundo. “Sair do armário não é fácil. A gente perde amigos, o respeito, e até mesmo o amor da família”.
Quanto ao preconceito, principal tema debatido no planejamento, a jovem se mostra tranquila. “Alguns respeitam, outros não. Eu não levo o preconceito a sério. Faço é rir da situação, eu prefiro estampar um sorriso no rosto”.
Gustavo Bernardes veio ao Acre representando a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, para participar da assinatura de adesão do Comitê Estadual de Enfrentamento à Homofobia. Após assistir aos depoimentos durante o planejamento da equipe pedagógica, o coordenador geral dos Direitos de LGBT destacou o que é preciso para avançar na questão do respeito à homossexualidade dentro das unidades. “É necessária uma disposição do Instituto, dos agentes socioeducativos, dos professores e demais pessoas envolvidas, em ouvir esses jovens, respeitar a intimidade, e garantir os direitos deles dentro do sistema”.
Além disso, o coordenador também reafirmou a importância com a qual a Secretaria Nacional de Direitos Humanos trata do assunto. “Nós estamos estudando uma nova possibilidade, por meio do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente, para abrir um edital e financiar projetos que trabalhem especificamente com esses jovens LGBT”, anunciou.
