Familiares, socioeducandos e toda a equipe do Centro Socioeducativo Aquiry se reuniram, nesta terça-feira, 10, para comemorar a formatura de 28 adolescentes nos cursos de Eletricista Predial (200 horas) e Pintor (160 horas), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), e no curso de Frentista (160 horas), ministrado pelo Instituto Dom Moacyr (IDM).
As vagas disponíveis nos cursos são oriundas do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), possibilitando a cada aluno uma ajuda de custo, materiais didáticos e uniformes.
O presidente do Instituto Socioeducativo do Acre (ISE), Henrique Corinto, agradece a parceria com o “Sistema S” e com o IDM. Para o gestor, a profissionalização está transformando a expectativa de vida dos jovens em conflito com a lei.
“Os governos estadual e federal, por meio do Pronatec, estão mudando o percurso de muitos deles. Com isso, nós estamos abrindo janelas de oportunidades. É necessário despertar o melhor desses adolescentes, para que voltem a conviver harmoniosamente com a sociedade, praticando o bem. Estamos apostando alto na socioeducação e os resultados já estão aparecendo. Temos notícias de meninos que fizeram o curso de servente de pedreiro aqui na unidade, que já foram desinternados e estão trabalhando em obras”, relata.
Adolescentes desejam seguir as profissões dos cursos
A maioria dos socioeducandos mal pegou as certificações de conclusão dos cursos e já começou a planejar um futuro mais digno, longe da criminalidade. Alguns dos relatos se destacam pela esperança de novas conquistas, mas serão chamados nesta matéria por nomes fictícios, devido ao fato de ainda estarem cumprindo medidas socioeducativas.
Antônio Rafael, 17, curso de Eletricista: “Esse já é o segundo curso que finalizo aqui dentro. Já me sinto bastante capacitado para o mercado de trabalho. Aprendi a fazer instalações tanto residencial como predial de baixa tensão. Eu acredito que isso irá influenciar muito na minha vida profissional lá fora. Meu destaque nas aulas foi tão positivo que já tenho oferta de emprego para quando eu sair”.
João Paulo, 16, curso de Frentista: “O profissional deve se preocupar desde o bom atendimento até o modo de agir diante de um incêndio. Nunca se pode destratar o cliente. Quero que esse adicional no meu currículo me ajude conseguir trabalho ao ser desinternado. Mas meus planos mesmo estão em terminar os estudos e me formar em Direito. Quero seguir os passos dos meus irmãos que são bem sucedidos”.
Gabriel Lucas, 17, curso de Pintor: “Eu me empenhei muito para conquistar este certificado. Com ele em mãos, vou buscar ser um pintor diferenciado. Isso será o início da minha vida profissional, porque na verdade eu quero ser engenheiro civil. A vida não acaba aqui”.
Parceiros amigos da socioeducação
O professor do curso de Eletricista do Senai, Adriano Marinho, é um exemplo de educador. Durante as aulas na unidade, o docente conquistou a disciplina e a confiança de todos os adolescentes. A parceria resgatou sonhos até então esquecidos pelos jovens.
“Eu cheguei a pensar que na parte da matemática, física e no dimensionamento elétrico eles teriam dificuldades, mas me enganei. Eletricidade é uma ciência invisível, pois não tem cor e nem cheiro. Porém, agora esses socioeducandos podem vê-las, através de ferramentas. Eles estão capacitados e disciplinados para atuar no mercado de trabalho, que está cada vez mais exigente”, garante o professor.
O coordenador dos cursos técnicos do Senai, James Fernandes, salienta que os socioeducandos recebem a mesma capacitação que os demais alunos fora dali. Além disso, ele aponta oportunidades de emprego. “Rondônia está importando trabalhadores acreanos, porque não tem mão de obra qualificada. O pontapé inicial foi dado. Agora basta focar. Vale lembrar que as construções civis estão crescendo no Acre”, indica.