Adolescentes em medidas socioeducativas assistem à final do Campeonato Acreano de Futebol

O objetivo da ação é incentivar os adolescentes à prática de esporte, além de motivar o crescimento do time ADA (Foto: Brenna Amâncio/ISE)

Objetivo da ação é incentivar os adolescentes à prática de esporte, além de motivar o crescimento do time ADA (Foto: Brenna Amâncio/ISE)

Seis membros da Associação Desportiva Acre (ADA), formada por adolescentes em medida socioeducativa de internação, assistiram à final do Campeonato Acreano 2012 no Estádio Arena da Floresta, no último domingo, 27. Para a maioria, o evento foi um sonho realizado. A atividade é oriunda da parceria entre o Instituto Socioeducativo (ISE), por meio do Centro Socioeducativo (CS) Acre, e a Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE).

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Em um jogo emocionante, os times Atlético Acreano e Rio Branco disputavam o Campeonato. Os adolescentes torceram, pularam e vibraram a cada novo lance e gol. Observavam os passos e dribles com a intenção de inseri-los nos treinos do ADA. O resultado do jogo, que deu vitória ao Estrelão, foi comemorado por alguns dos adolescentes, que já acompanhavam o trabalho do time havia tempos.

O objetivo da ação é incentivá-los à prática de esporte, além de motivar o crescimento do time ADA.

Uma equipe de agentes socioeducativos garantiu a segurança durante o passeio. “O tópico principal disso é a iniciativa. Os meninos precisam de incentivo para poder buscar algo melhor. Outro tópico é a informação, pois muitos deles não sabiam ou não viam o futebol como meio de vida. Os benefícios estão sendo dados, agora basta eles aproveitarem”, afirma o chefe da equipe de socioeducadores do CS Acre, Ednaldo Amaral.

A SEE estreitou a parceria com o ISE em abril, quando a Escolinha de Futebol foi fundada no Centro Socioeducativo Acre. “Já estabelecemos essa parceria desde a primeira conversa. Trouxemos os meninos hoje para motivar o crescimento, o caráter esportivo e o caráter social. Estaremos de portas abertas para outros jogos. Essa é uma ideia do secretário adjunto Mauro de Deus, que acredita na mudança desses adolescentes”, afirma o gerente de Esporte e Lazer Comunitário, Elisson Azevedo, que já trabalhou nas medidas socioeducativas.

Segundo o presidente do ISE, Henrique Corinto, parcerias como essa contribuem para o sucesso das medidas socioeducativas. “O ISE possui grande responsabilidade na socioeducação dos adolescentes em conflito com a lei, mas não pode trabalhar sozinho. A socioeducação deve ser um trabalho em conjunto com outros órgãos, institutos, empresas e com a sociedade no geral.”

Chefe do Meio Fechado do ISE, Leonardo Carvalho (E), gerente de Esporte e Lazer, Elisson Azevedo (C), e o diretor do CS Acre, Walderlan Lima (D) (Foto: Brenna Amâncio/ISE)

Chefe do Meio Fechado do ISE, Leonardo Carvalho (E), gerente de Esporte e Lazer, Elisson Azevedo (C), e o diretor do CS Acre, Walderlan Lima (D) (Foto: Brenna Amâncio/ISE)

O chefe de meio fechado, Leonardo Carvalho, também acompanhou os adolescentes no Arena da Floresta. Segundo ele, apostar em atividades externas já mostra ótimos resultados no comportamento dos jovens dentro das unidades. “A proposta da socioeducação é integrar, fazendo com que o adolescente se sinta parte. Esse tipo de atividade serve para criar um ambiente positivo dentro das unidades, e todas são realizadas dentro de um contexto. Se você quer ter pessoas, tem que tratá-las como pessoas. A resposta é a diminuição dos conflitos internos. De acordo com o último relatório do CNJ [Confederação Nacional de Justiça], os lugares que mais apostaram nas atividades externas, também foram os que mais avançaram”, aponta Leonardo.

De acordo com o diretor do CS Acre e um dos responsáveis pelo projeto da escolinha de futebol dentro da unidade, Walderlan Lima, o esporte cria uma boa expectativa nos adolescentes. “A importância dessa atividade é consolidar a intenção de aplicar a socioeducação através do esporte, visto que a expectativa deles em realizar a sua primeira partida amistosa é muito grande. No Centro estamos fazendo educação; com o time estamos fazendo socialização, conseguindo resultados de socioeducação”, explica Lima.

A iniciativa já desperta interesse dos demais adolescentes pelo esporte. Um dos socioeducandos que assistiu à final do campeonato com visão privilegiada confessa ânimo por ter tanta oportunidade. Quando indagado sobre o que mais lhe chamou a atenção na atividade, ele não teve dúvida: “Primeiro a confiança da equipe socioeducativa na gente, porque a população tem preconceito. E o instituto está dando muita oportunidade. Nunca imaginei estar no Centro Socioeducativo e vir assistir a um jogo no Arena. Vejo o esporte como uma oportunidade. Sempre gostei de correr e jogar bola. Já ganhei torneios, troféu e medalha. Sobre o time ADA, estão nos ensinando a jogar melhor, ter domínio de bola. Meu sonho é ser lutador profissional, pois já praticava Kung-Fu e capoeira. Também quero servir o Exército Brasileiro, mas se eu conseguir crescer no futebol é aí que quero ficar”, idealiza o adolescente.

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