“Acreano” ou “acriano”: consulta pública irá definir gentílico

Com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrando em vigor, 2016 começou com diversos debates sobre o uso do gentílico designado para definir pessoas ou coisas do Acre: ­“acreano” ou “acriano”?

Ao contrário do que se tem comentado, o acordo não realizou modificações nesse aspecto, apenas manteve a regra que já existia para os adjetivos gentílicos – ou pátrios. De acordo com norma, a grafia correta seria “acriano”, termo pelo qual o povo do Acre, em geral, parece não demonstrar simpatia.

De acordo com a chefe da Casa Civil, Márcia Regina Pereira, o governo determinou que fossem observadas as recomendações e pesquisas da Academia Acreana de Letras (AAL), que defende a escrita tradicional, com a letra “e”. Entretanto, a opinião da população também será levada em consideração: “A intenção é realizar consulta pública no site do governo e, depois, caso seja aprovada a versão tradicional (“acreano”), será encaminhado projeto de lei à Assembleia Legislativa (Aleac)”, destaca Márcia.

Posicionamento das Academias de Letras

luisa lessa
A presidente da AAL posiciona-se a favor da grafia “acreano” (Foto: Diego Gurgel/Secom)

A AAL, assim como a Academia Juvenil Acreana de Letras (Ajal), posiciona-se contra a grafia “acriano”. Segundo a presidente da AAL, Luísa Karlberg, durante pesquisas, identificou-se que o gentílico foi usado em documentos em 1878, antes mesmo de o Acre ser legitimado como território brasileiro.

“A tradição de um povo é soberana até mesmo sobre um idioma. O povo é que caracteriza seu gentílico, sendo assim, somos contrários ao uso de ‘acriano’”, diz.

Já a Ajal defende uma consulta pública. O presidente do órgão, Jackson Viana, afirma: “Assim como o brasão, a bandeira e o hino, o gentílico é parte de uma cultura, e isso não pode ser mudado”, ressalta.

O que diz a população?

pai e filha
Pai e filha divergem sobre o uso do gentílico (Foto: Diego Gurgel/Secom)

O professor Gaspar Mascarenhas, de 46 anos, defende que se mantenha o uso do gentílico “acreano”. Segundo ele, a palavra soa mais bonita desta forma. “Acho que escrever com a letra “i” é muito estranho. Somos acostumados a usar o “e” na palavra, mudar isso não é uma boa escolha”, destaca.

Diferente dele, a filha Vivian, de 14 anos, diz que prefere o termo “acriano”. “Acho que deve ser dessa forma pois é como falamos. A maioria das pessoas falam com o som do “i”, e temos que escrever conforme falamos”, diz.

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