Muita gente sabe que o consumo de álcool está associado a centenas de doenças, como cardiovasculares, mentais e hepáticas.
Mas o que pouca gente sabe é que o álcool também é responsável por uma doença grave que atinge o feto ainda no ventre materno, trazendo danos irreversíveis após o nascimento, a exemplo de retardo mental e anomalias congênitas.
Essa é a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), relacionada ao consumo de álcool da mãe durante o período gestacional.
Como forma de ampliar a conscientização da população, em especial grávidas sobre os danos da ingestão de álcool, o Ministério Público do Estado (MPE), através do Núcleo de Atendimento Terapêutico Psicossocial em Dependência Química (Natera), fomenta de 18 a 23 de novembro, a Semana Sobre Síndrome Alcoólica Fetal.
O evento conta com a parceria do Conselho Regional de Medicina (CRM), que promove no dia 18, uma capacitação restrita aos profissionais de medicina, realizada por um grupo de especialistas que vem ao Acre para falar sobre o diagnóstico e os principais efeitos da SAF.
No dia 23, quinta-feira, acontece um seminário no Ministério Público para os profissionais de saúde, que também será aberto ao público que tenha interesse em conhecer mais sobre a Síndrome Alcoólica Fetal.
A ideia, de acordo com o coordenador do Natera, Fábio Fabrício Pereira, é aproveitar a ocasião para ampliar o debate.
“Quando fomos procurados para falar sobre a síndrome, até então não muito conhecida, identificamos que ela já está associada ao trabalho que desenvolvemos no Natera com dependentes e usuárias de álcool. Por isso, buscamos parcerias para aprofundar mais o assunto”, destaca.
Inciativa do bem
A iniciativa de promover a semana sobre a síndrome no Acre surgiu após o tema ganhar repercussão depois de uma entrevista ao programa “Falando de Saúde” que vai ao ar todos os sábados pelas rádios Aldeia FM e Difusora Acreana.
No programa o casal Cleísa Cartaxo e Cleiver Lima, que possuem uma filha adotiva, hoje com sete anos de idade, que sofre com as consequências da doença, em decorrência do consumo de álcool pela mãe biológica durante a gestação, falou sobre as dificuldades de diagnóstico e tratamento.
“O diagnóstico é muito difícil, já que para isso a mãe precisa admitir que ingeriu álcool durante a gravidez. O objetivo de promover a campanha, não é fazer dessa mulher a vilã, pois entendemos que ela também é vítima, quando não tem informação. Em muitos casos, a gestante encontra-se em situação de vulnerabilidade social, além de ser depende do álcool”, destaca.
Não existe cura para esta síndrome, uma vez que a lesão ocorrida no Sistema Nervoso Central (SNC) é permanente. Contudo, existe tratamento sintomático, que envolve, por exemplo, o uso de fármacos e a realização de intervenções comportamentais.
A prevenção da SAF é feita por meio da suspensão completa da ingestão de bebidas alcoólicas pela mulher durante o período gestacional.