Acre, terra de gigantes

Respiro, escuto, sinto, degusto e então paro e penso: o que vejo? Vejo um povo que, assim como eu, também respira, escuta, degusta, mas que acima de tudo existe. E você pode até dizer que, se alguém tem todas essas características, é claro que existe. Porém, ainda há algumas pessoas que teimam em dizer que o Acre não existe. E aí eu lhe digo: como não? Não só existe como é uma terra de gigantes de carne e osso, cheios de amor pelo chão que os acolhe, sustenta e faz feliz.

Vejo o caso da gigante dona Maria da Farinha, que passa horas do seu dia descascando e ralando mandioca, prensando, peneirando e torrando até fazer a farinha, alimento tão comum na região. Foi com os pais que  aprendeu esse processo e é dele que tira o seu sustento, ajudando o marido, Zé do Açaí, a criar a sua, também, grande família de sete filhos. O gigante Zé do Açaí nasceu em uma família de seringueiros, onde desde cedo teve que se acostumar a “acordar junto com as galinhas”, como diz, pois era cedo que ele se embrenhava na mata, para cortar seringa e ajudar seus pais na produção da borracha.

Embora tenham nascido mais tarde, seus filhos possuem em suas memórias, de maneira bem viva, todo o conhecimento de transformar o leite (látex) em borracha, tendo em vista as inúmeras vezes em que foram dormir ouvindo o pai contar suas histórias. Assim eles sabem que gigante mesmo não é aquele que tem alta estatura, mas quem com suas capacidades desenvolve o melhor de si.

Zé do Açaí, na juventude, por muito tempo andou só, realizando seu trabalho na produção e venda do açaí. Ele subia de peconha no açaizeiro para derrubar o cacho de açaí, que, tão logo caía, era logo debulhado, para só então pôr água quente sobre os caroços e deles retirar a polpa.

Se você não vê, eu vi e te digo que juntou logo o Zé do Acaí com a Maria da Farinha, mistura tão popular na Terra dos Gigantes do Acre.

É de gigantes como esses que o Acre é formado. Gigantes que brigaram para ser brasileiros e que ainda hoje precisam brigar para que todos saibam que o Acre existe.

 

Elenilson Oliveira é servidor público do Estado, jornalista e estudante de publicidade e propaganda.

Atualmente é assessor de comunicação do Instituto de Administração Penitenciária

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