Projeto seleciona e transforma em vídeo histórias de moradores de cidades até 20 mil habitantes, depois retorna a esses lugares para exibir a produção gratuitamente
Xapuri, Brasileia e Rio Branco serão as cidades do Estado do Acre que terão a oportunidade de conhecer parte do resultado do projeto "Revelando os Brasis", uma iniciativa do Ministério da Cultura e do Instituto Marlin Azul para democratizar o acesso ao mundo audiovisual em cidades brasileiras com até 20 mil habitantes.
Os dois primeiros municípios terão o privilégio de receber o projeto porque dois dos 40 selecionados em todo o Brasil para transformar em vídeo suas histórias são moradores dessas cidades. São eles o artista plástico Wagner San e o servidor público municipal Duplanir de Souza Filho, respectivamente de Xapuri e de Brasiléia.
Além deles, o Acre teve um terceiro morador selecionado. Vandete Cerqueira Sereno Kaxinawá, índio de uma tribo kaxinawá, localizada em Marechal Thaumaturgo, também está entre os escolhidos. Sua história será exibida nos três municípios que receberão a visita do circuito.
Um caminhão do projeto levará para as três cidades toda a estrutura necessária para montar um cinema ao ar livre e exibir gratuitamente para a população os vídeos do Acre, além de uma produção desenvolvida por uma moradora de Rondônia.
Em Rio Branco, a exibição acontece na terça-feira, dia 23, a partir das 19 horas, na Praça do Mercado Velho. Depois, o caminhão segue para Xapuri, onde a mostra acontece na quinta-feira, dia 25, a partir das 19 horas, na Praça São Gabriel.
Lá, o primeiro vídeo a ser exibido será o do morador da cidade Wagner San. Ele produziu um documentário, chamado "Arte em Ruína", sobre um projeto de arte experimental desenvolvido no município, que tem pouco mais de 14 mil habitantes e ficou conhecido depois do assassinato do líder seringueiro Chico Mendes.
O projeto de arte é, inclusive, realizado nas ruínas da antiga delegacia da cidade, que fica a 50 metros da casa onde morava Chico Mendes. A filha do seringueiro, para se ter idéia, integra o grupo responsável pelo projeto e dá seu depoimento no vídeo.
"Arte em Ruína é um espetáculo feito por jovens do município de Xapuri nas ruínas da antiga delegacia. Quando Chico Mendes foi morto há 20 anos com um tiro de espingarda no peito, os policiais que faziam a sua segurança se refugiaram na delegacia e, de lá, não saíram nem para prestar socorro nem para tentar capturar os assassinos", relata Wagner San, no texto do documentário.
No dia 26, a exibição acontece em Brasileia, onde a mostra começa com a exibição do vídeo "Seu nome era Brasília", do morador Duplanir de Souza Filho, a partir das 19 horas, na Praça Hugo Poli. Ele produziu um documentário contando a história da cidade onde mora que, inicialmente, se chamava Brasília e "perdeu" seu nome para que a capital federal fosse batizada, sem que fosse feita qualquer consulta popular. O circuito de exibição do Revelando os Brasis – que percorreu 18 Estados brasileiros e quase 30 mil quilômetros no território nacional – será encerrado em Brasileia.
Em Xapuri, Brasiléia e Rio Branco, também será exibido o vídeo do acreano Vandete Cerqueira Sereno Kaxinawá, índio morador de Marechal Thaumaturgo. Ele construiu um vídeo de ficção para contar um ritual que envolve um chá que é bebido e utilizado em diferentes tradições religiosas da Região Amazônica e que, em alguns desses lugares, ficou conhecido como Santo Daime. O vídeo foi batizado como "Yube Nawa Aîbu", que significa Mulher Jibóia Encantada, pelo fato do chá ser considerado "o remédio da jibóia".
O "Revelando os Brasis" é realizado pelo Instituto Marlin Azul e pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultural, com patrocínio da Petrobrás e parceria do Canal Futura.
Mostra de Vídeos Revelando os Brasis no Acre
Dia 23 – Rio Branco (Praça do Mercado Velho)
Dia 25 – Xapuri (Praça São Gabriel)
Dia 26 – Brasiléia (Praça Hugo Poli)
Sempre às 19 horas
Saiba mais
O projeto Revelando os Brasis é voltado para moradores de cidades brasileiras com até 20 mil habitantes. Eles se inscrevem contando uma história que gostariam de ver transformada em vídeo.
Do total de inscritos – nesta edição do projeto, foram 712 inscrições -, 40 são selecionados. Os escolhidos participam de um curso intensivo de produção audiovisual no Rio de Janeiro e têm a oportunidade de conviver com profissionais da área, que compartilham conhecimentos relacionados a roteiro, planos de produção, fotografia, som e edição.
Depois, os 40 retornam para suas cidades, montam suas equipes com moradores da própria cidade e produzem seus vídeos, com apoio de dois profissionais da área.
Na terceira etapa do projeto, as cidades dos 40 selecionados terão a oportunidade de conferir o resultado do trabalho. Três caminhões irão percorrer entre os meses de maio e junho 27.500 quilômetros em 18 estados brasileiros, cujas capitais também serão alvo da exibição dos vídeos produzidos em sua região.