Acre participa de debate sobre a ilegalidade na cadeia da madeira em São Paulo

Evento na Fundação Getúlio Vargas foi acompanhado do lançamento do livro “Madeira de Ponta a Ponta”

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Um time de especialistas fez parte do workshop, entre gestores públicos e empresários, que demonstraram as vantagens do uso da madeira como matéria-prima (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

O Acre participou na terça-feira, 29, do lançamento do livro “Madeira de Ponta a Ponta: O caminho desde a floresta até o consumo”, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo. O Estado foi representado pelo secretário Adjunto de Floresta, Carlos Ovídio Rocha. Esse lançamento foi acompanhado de um workshop e um amplo debate sobre ilegalidade na cadeia da madeira, desmistificando o seu uso como matéria-prima e destacando o papel do governo na proteção das florestas.

O evento foi realizado pela Rede Amigos da Amazônia, uma iniciativa da FGV, por meio da atuação conjunta do Centro de Estudos em Sustentabilidade e do Centro de Estudos em Administração Pública e Governo, com o apoio de parceiros locais e a missão de engajar o poder público na elaboração e implementação de políticas públicas que promovam a conservação da floresta Amazônica, a partir de linhas de atuação relacionadas à gestão pública da madeira amazônica como compras e contratações responsáveis, monitoramento e controle do mercado, incentivos econômicos e conscientização da sociedade civil.“Tivemos uma boa participação. Todos comentaram muito sobre o caso do Acre. O próprio livro tem uma abordagem especial sobre o Estado, o uso da madeira, o manejo florestal”, disse Carlos Ovídio.

O secretário ressaltou ainda que há interesse do governo de São Paulo de ter uma relação comercial de madeira com o Acre. "Algumas empresas em nosso Estado se destacaram bastante, como a fábrica de pisos em Xapuri. E o posicionamento do Acre de escolher ter madeira certificada e legalizada tem nos trazido uma vantagem competitiva num mercado que quer comprar madeira legal.”

Um time de especialistas fez parte do workshop, entre gestores públicos e empresários, que demonstraram as vantagens do uso da madeira como matéria-prima quando comparado a materiais como o plástico, o aço, o cimento e outros de origem não-renovável ou que demandam muita energia para sua fabricação. Muitos ainda vivem o mito da madeira como grande vilã na causa dos desmatamentos da Amazônia e por isso evitam seu uso e consumo. O que parte dessas pessoas ainda não sabe é que a madeira pode ser uma aliada e tanto para a conservação do bioma.

Robson Prado, da Ecolog, empresa do ramo madeireiro, diz que é possível explorar para preservar. “O manejo de baixo impacto e certificado é uma maneira correta de incentivar as boas práticas, mostrando para o consumidor final que o uso da madeira é uma forma de preservar a Amazônia”, afirmou.

O manejo sustentável em áreas legais na região amazônica tem evidenciado uma grande oportunidade de uso da madeira como alternativa à construção civil e, principalmente, para as compras responsáveis dos governos estaduais e municipais.

O governo do Acre mostrou como tem apresentado avanços significativos nos manejos de florestas e na adoção de um sistema de ações que reforçam o desenvolvimento sustentável. “Também tivemos a oportunidade de lembrar as trajetórias e as oportunidades do manejo florestal no Acre. São 12 anos de consolidação de nossas políticas públicas florestais. Começou com Jorge Viana e passou pelo governo Binho Marques. Uma trajetória que será reforçada ainda mais com o governo de Tião Viana”, conta o secretário adjunto de Floresta.

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A publicação documenta a prática madeireira na Amazônia e reflete sobre a importância de todos os atores envolvidos desde o manejo de áreas de extração até o uso da madeira (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Questões sobre fiscalização, controle no transporte e contratações públicas foram temas que também permearam o debate e a oficina de trabalho promovida para os membros da Rede Amigos da Amazônia. A proposição de políticas públicas voltadas ao tema madeira foi o foco central e fomentou uma importante discussão sobre a legislação que rege, além da proteção à floresta e uso e comercialização da madeira, questões como governança, gestão e a utilização da certificação como critério elegível nos processos licitatórios.

Malu Vilella, coordenadora da Rede Amigos da Amazônia, explica que o  governo é o grande comprador de madeira do Brasil e tem o grande poder de definir políticas públicas que podem colaborar e muito na mudança dos padrões de consumo de recursos naturais da Amazônia, principalmente a madeira.

O embaixador do Reino Unido no Brasil, Alan Charlton, já visitou o Acre e demonstrou ter gostado do que viu, principalmente nas visitas à fábrica de camisinhas e de tacos na cidade de Xapuri. Ele reforçou o compromisso do Reino Unido com o desenvolvimento sustentável e a comercialização de compra de madeira legal. “Estamos realizando esforços para construir um Estado mais sustentável, ações que nos unam num caminho para um desenvolvimento sustentável. Todo ano perdemos milhões de dólares com a extração ilegal de madeira. Isso tem que acabar.”

Sobre o livro

“Madeira de Ponta a Ponta", lançado na última terça-feira, 29, pela Rede Amigos da Amazônia, tem autoria do jornalista Sergio Deodato e faz um panorama abrangendo as florestas no mundo e seus serviços ambientais até os desafios e barreiras à produção e consumo responsável de madeira. São apontados os esforços no controle e aplicação de tecnologias para uma melhor gestão pública, buscando gerar menos conflitos na floresta, menos emissões de gases de efeito estufa e reverter a grande evasão fiscal decorrente da exploração madeireira ilegal.

A publicação documenta a prática madeireira na Amazônia e reflete sobre a importância de todos os atores envolvidos desde o manejo de áreas de extração até o uso da madeira legal e certificada pelo consumidor final. “Esse é o primeiro passo que damos rumo à disseminação de informações sobre o consumo madeireiro no país e é uma tentativa bem sucedida, a meu ver, para a mobilização dos setores da sociedade para a questão da conservação da Amazônia e fomento de novas políticas que contemplem a legalidade do uso da floresta”, conclui Malu Villela.

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