Em 2015, apenas três estados aumentaram o emprego: Acre, Roraima e Piauí. O Acre teve uma taxa anual de crescimento do emprego de 2,14%. Enquanto o Acre criou milhares de novos empregos, o Brasil perdeu 1,51 milhões de empregados com carteira assinada.
As informações são do Ministério do Trabalho, tendo como referência a Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, publicadas pelo insuspeito jornal “O Estado de São Paulo”.
Os dados confirmam o fato já percebido de que o Acre é o estado brasileiro que, pela ousada política de investimento, emprega ao invés de desempregar, aumenta a demanda, ao invés de reduzir a renda e, por consequência, o consumo, e aquele que adota a mais sábia e eficaz política de combate à crise.
As perdas são catastróficas nas demais regiões do Brasil. O Sudeste desempregou 900,3 mil pessoas, o Nordeste 233,6 mil e o Sul 217,2 mil. É trágico.
Acontece que o governo Tião Viana, no ano que antecedeu à posse, já buscava fontes de recursos que garantissem investimentos, especialmente numa situação de crise econômica.
No Plano de Governo, definiu uma estratégia de desenvolvimento sustentável, alinhada com os objetivos de longo prazo dos governos da Frente Popular do Acre, propondo-se, contudo, um gigantesco passo à frente. Um salto no desenvolvimento com sustentabilidade de grande repercussão na escala e estrutura de produção agrícola e florestal, na agroindústria, nos pequenos negócios, enfim no empreendedorismo. Estabeleceu novos modelos de relação entre o governo, produtores pequenos, médios e grandes, denominados parceria PPC (público-privada-comunitária), além da cooperação entre poder público e comunitário (PC) que mostra, hoje, resultados que sustentam a moderna economia do Acre.
O governo trabalhou com a estratégia de desenvolvimento de cadeias produtivas nativas e exóticas.
Tendo foco na diversificação e produtividade, a política de fomento e assistência técnica do governo fez diferentes cadeias produtivas avançarem impetuosamente, como o milho que cresceu em enorme escala e produtividade em relação ao cultivo tradicional.
A fruticultura está sendo transformada num grande negócio pelo cultivo, produção e elaboração da polpa. O açaí tornou-se uma grande oportunidade, em todos os mercados. Tanto o extrativo, que já conquistou o mercado local, quanto o domesticado que está sendo plantado em larga escala.
A farinha de Cruzeiro do Sul parece estar incluída na categoria de produto com diferenciação complexa ou profunda. O produto vai bem no mercado. Mas há momentos de declínio, saturação e rejuvenescimento. No caso, a posição normal no mercado depende especialmente da qualidade do produto. Hoje a posição é de rejuvenescimento.
A banana tem-se mostrado uma oportunidade tanto no mercado interno quanto na exportação para Rondônia e Manaus. O Acre tem várias áreas de grande potencial no plantio de banana, como Acrelândia, Rio Branco, Porto Acre, Manoel Urbano, Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó e a região do alto Juruá. O governo está trabalhando na assistência técnica para o controle da sigatoka negra e nas práticas de pós-colheita.
O café, que já tem uma história de cultivo no Acre, está sendo fomentado em vários núcleos de cafeicultura, como Manoel Urbano, Acrelândia, Brasileia e Xapuri. No primeiro momento para abastecer o mercado local e, na sequência, exportar para outras regiões.
O plantio de seringueira cresce em todo o estado. É uma cadeia prioritária do projeto “Floresta Plantada”.
Nasceu um novo extrativismo, com novas tecnologias de coleta e processamento, o neoextrativismo. São exemplos deste novo caminho o extraordinário crescimento da produção de castanha e de borracha. Inclusive lâminas de borracha (FDL) que são usadas na fabricação de tênis, vendidos para empresas francesas. No ressurgimento da borracha, está pronta a moderna fábrica de granulado escuro brasileiro (GEB) em Sena Madureira, que terá a gestão da Cooperacre. O Acre é na Amazônia o maior centro de produção de castanha e distribuição para as empresas brasileiras de processamento de alimentos.
Além disso, num desafio jamais enfrentado pelo estado, o plano de manejo florestal sustentável da Agrocortex já está em funcionamento, cumprindo rigorosamente a legislação ambiental do País. O projeto, uma iniciativa de empresários portugueses, pode ser uma oportunidade aberta para novos empreendimentos florestais de grande porte, no Acre, sempre com sustentabilidade.
O bambu, que o Acre tem em abundância, já abriu o caminho da exploração econômica, começando a ser explorado no Projeto Tocantins, em Porto Acre, podendo transformar-se em importante material para construção civil, decoração, fabricação de móveis, instrumentos musicais e usado no artesanato.
A agroindústria e a indústria florestal são experiências exitosas do Acre. Em alta escala, os projetos de piscicultura, avicultura e suinocultura são referências do modelo desenvolvimento do Acre.
O Complexo de Piscicultura para produzir o alevino, fabricar a ração com a qualidade adequada e o frigorífico para comprar o peixe e distribuir nos mercados local, nacional e internacional. A construção de tanques dos pequenos e médios produtores possibilitou a difusão da produção em todos os grupos sociais e espaços geográficos.
A produção de aves e suínos em integração com pequenos produtores permitiu não só a oferta de ocupação produtiva, mas a desconcentração de renda, inclusive pela participação do governo no negócio que envolve também fundos de investimento. Produção de milho, Piscicultura, suinocultura e avicultura são modelos de iniciativa exitosas tanto do ponto de vista econômico quanto social. São iniciativas que chamam a atenção do Brasil e dos países vizinhos como o Peru e a Bolívia. O Alto Acre tem outra fisionomia econômica e serve como modelo de desenvolvimento regional.
A estratégia de desenvolvimento sustentável do governo Tião Viana fomenta o crescimento da produção agropecuária, em áreas abertas, de forma intensiva, apoiado em tecnologias modernas, com alta produtividade, alta rentabilidade e distribuição de renda. Assim não haverá desmatamento. A curva de desmatamento do Acre está em queda. A agroindústria e a indústria florestal são pilares do desenvolvimento, sobretudo porque são fatores importantes e orgânicos das cadeias produtivas. O governo estimula os grandes empreendimentos que queiram produzir sem prejuízo ambiental e de pequenos produtores.
Esta nova configuração de produção de riqueza tem um impacto gigantesco, um efeito multiplicador no desenvolvimento do comércio e dos serviços. Não há como se omitir o crescimento destes setores nos últimos cinco anos e oito meses. Veja-se o exemplo da empresa de Call Center Contax que já gerou milhares empregos e poderá criar novos postos de trabalho.
No governo Tião Viana, todo o esforço de desenvolvimento foi realizado com olhar agudo nos aspectos sociais. A educação, a saúde e a segurança são prioridades da gestão. Estas áreas foram modernizadas com foco na prestação de serviços e no atendimento.
Destaque-se, para ter uma visão da dimensão das mudanças, os pequenos negócios que estão espalhados em todo o estado.
São esses os mais exemplares feitos que mostram as oportunidades e as possibilidades de mudar, quando se tem uma gestão pública de qualidade, ciência e tecnologia, criatividade, capacidade empreendedora, audácia de apostar, não negligenciando os riscos, força e coragem não temerária, trabalho intenso e honestidade.
Toda essa revolução, toda essa análise da enorme transformação econômica e social que o Acre vivenciou e vivencia, retratada no texto, é o que explica o crescimento do emprego no Acre, em que pese a grave crise econômica que faz o desemprego crescer em 24 estados do País. O Acre, apesar das dificuldades próprias do momento, está no caminho certo, firme e em equilibrado ritmo no seu desenvolvimento porque faz, com acerto, a política de gerenciamento da crise.
*José Fernandes do Rêgo, assessor especial do governo do Acre, professo aposentado da Ufac, especialista em desenvolvimento regional integrado, mestre em economia