Com 85% de seu território coberto por florestas, o Acre possui cerca de 740 mil habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 7,38 bilhões. Comparando com os outros Estados, o PIB acreano cresceu 71% na última década, foi o quinto maior crescimento no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Estado conseguiu manter o desmatamento sob controle e apresenta uma das menores taxas da Amazônia, segundo dados do Instituto de Pesquisa Espacial (Inpe). Paralelamente, a área de manejo das florestas triplicou e hoje 95% da madeira consumida no Estado é oriunda de planos de manejo.
Aqui, graças a políticas adotadas ao longo dos últimos 13 anos, está se construindo uma base de desenvolvimento econômico e social que respeita as florestas e toda a diversidade que nela habita, e a vocação extrativista de sua gente.
Isso significa, por exemplo, apostar no fortalecimento das cadeias produtivas de produtos como a castanha, a farinha, a borracha, o óleo de copaíba, a pupunha; investir na agricultura familiar; na piscicultura; no melhoramento de ramais e estradas; na qualidade das redes de água e esgoto; nos pequenos negócios; em energias alternativas; em soluções para os resíduos sólidos, entre outras ações.
É esse Acre de Chico Mendes, que se tornou referência em vários cantos do mundo pela luta e práticas adotadas em sua política ambiental, que será mostrado na Rio+20. Acreditando que é possível, sim, crescer sem derrubar a floresta. Um compromisso que vem da certeza de que a melhor maneira de garantir qualidade de vida para a população desta e de futuras gerações é cuidar dos recursos naturais – porque alguns deles não duram para sempre, e se forem usados em excesso, deixarão de existir.
A conferência é uma oportunidade de reafirmar o compromisso político do governo do Acre com o desenvolvimento sustentável. A economia verde, um conceito relativamente novo para o crescimento econômico inteligente e responsável, é outra preocupação do governo.
Superação e conquistas – Durante mais de cem anos o Acre alternou ciclos econômicos, sem substância socioambiental, prevalecendo traços dos modelos importados alheios a região amazônica. Foi feita a travessia dos ciclos da borracha e da castanha.
Nas décadas de 1970 e 1980 ecoou mata afora, o grito de gerações que diziam não a esses modelos predatórios, mas sim ao que hoje chamam a grande agenda global do sócio-ambientalismo, com coerentes respostas econômicas.
O Acre se inseriu lado a lado com experiências inovadoras, capazes de gerar curvas afirmativas dos indicadores de desenvolvimento, e permitir a preservação do estratégico patrimônio natural, como fundamento para o desenvolvimento sustentável, a mudança do paradigma de vida e do futuro da região amazônica e do Brasil.
Afirmou-se o valor das políticas públicas com credibilidade das instituições públicas, avanços sociais, respeito aos povos indígenas e tradicionais, infra-estrutura aos eixos de desenvolvimento, zoneamento ecológico-econômico, sistema de áreas naturais protegidas, gestão dos recursos hídricos, manejo florestal com marcos regulatórios respeitados, incorporação de tecnologia e incentivos para produção agro-florestal e pecuária, cadeias produtivas agroindustriais, florestais e da piscicultura, e áreas econômicas especiais para exportação.
Constituiu-se credibilidade junto aos organismos nacionais e internacionais para o fomento ao desenvolvimento, assim, em 13 anos, o PIB cresceu e se alcançou curvas auspiciosas para os indicadores ambientais, econômicos e sociais, na construção do Desenvolvimento Sustentável como política pública no Estado.
Novos desafios – O Acre está em busca de investidores dispostos a cooperar com a preservação de suas florestas, apoiando o desenvolvimento sustentável. A Zona de Processamento Econômico (ZPE) no Estado, primeira a ser alfandegada no Brasil, está à disposição de empresários ambientalmente comprometidos, e oferece excelentes vantagens fiscais.
A geração de empregos formais, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, saltou de 58 mil em 1999, para 121 mil, em 2010. Com um fato, até então, inédito: o número de empregos na iniciativa privada superou o setor público.
De acordo com o censo do IBGE, o Acre também conseguiu melhorar a situação socioeconômica de milhares de famílias, reduzindo em 7,7% a extrema pobreza, entre 2000 e 2010.
A única fábrica de preservativos do Brasil que utiliza látex de seringal nativo, a Natex, é acreana. Ela produz cem milhões de camisinhas por ano e está se preparando para dobrar a produção. A indústria gera renda para mais de 600 famílias seringueiras da região.
Exemplos como este, somados aos indicadores positivos conquistados nos últimos anos, demonstram que a escolha pelo desenvolvimento sustentável feito pelo Estado foi à decisão mais acertada e colocou o Acre numa posição de destaque frente à política ambiental brasileira.