Durante encontro promovido pelo Governo no principal pavilhão da COP-15, Binho mostrou por que o Acre está à frente na busca pela redução do desmatamento
As propostas de desenvolvimento sustentável e de políticas públicas para a redução do desmatamento e preservação da floresta do Acre chamaram a atenção de pesquisadores e cientistas do Brasil e do mundo nesta quarta-feira, 16, em Copenhague, durante o evento realizado pelo Governo do Estado na Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP-15), na Dinamarca. O governador Binho Marques esteve à frente do evento intitulado "Floresta e Sociedade ‘Florestania’ na terra de Chico Mendes", realizado no Bella Center, pavilhão principal da Conferência.
Na ocasião, foi apresentado um vídeo sobre a realidade ambiental do Acre hoje, Estado que possui 88% de seu território coberto por floresta preservada. Um dado que, para o governador, não existe por acaso. "A população do Acre também suportou a degradação do valor dos produtos florestais. E ainda assim, tivemos fôlego e resistência para manter o Acre fora do chamado ‘arco de fogo’ da Amazônia. Hoje buscamos a revitalização da nossa economia em termos sustentáveis. E encontramos o caminho, pois, como já vimos aqui, nos últimos dez anos aumentamos o PIB per capita de 4.700 para 8.700 dólares, diminuindo as taxas de desmatamento", exemplificou.
{xtypo_quote} O projeto de desenvolvimento sustentável do Acre se apoia na cultura do seu povo e na vocação para a sustentabilidade.
Binho Marques, Governador{/xtypo_quote}
Em seguida, Binho Marques falou sobre o diferencial do Acre para a implantação do REDD – Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação. Para o governador, apesar de essa discussão ser nova no mundo, o Estado mais ocidental do Brasil dá o exemplo ao buscar o crescimento social e econômico em harmonia com a floresta.
"O projeto de desenvolvimento sustentável do Acre se apoia na cultura do seu povo e na vocação para a sustentabilidade. O nosso Zoneamento Ecológico Econômico é uma realidade. Ele orienta as possibilidades de cada região do Estado, ordenando a distribuição das atividades econômicas. Toda a madeira que sai do Acre hoje é controlada e legalizada. E temos programa de valorização do ativo ambiental, que está fazendo avançar a certificação entre nossos produtores de madeira e produtos madeireiros", disse o governador.
São ações que contemplam toda a cadeia produtiva da floresta, fortalecendo o extrativismo, a economia, o desenvolvimento social e o conceito de preservação. Uma opção pelo meio ambiente que não começou agora. Já vem de algumas décadas, desde movimentos como o liderado pelo seringueiro Chico Mendes – um dos maiores símbolos da luta pela manutenção da floresta em pé. "Nos anos 80, Chico criou uma pequena, mas extraordinária rede de escolas na floresta. Hoje nosso Governo tem programas como o Pro-Acre, uma parceria com o Banco Mundial para levar educação, saúde e produção sustentável para mais de mil e seiscentas pequenas comunidades isoladas na floresta", disse Binho fazendo uma referência sobre um dos muitos ideais de Chico Mendes que se tornam realidade no Acre.
Para uma plateia formada também por negociadores de crédito de carbono, o governador afirmou que o Acre está pronto para ser um modelo de economia de baixo carbono. "Por sua vocação para a sustentabilidade e por suas características geopolíticas, o Acre também favorece a possibilidade de formar uma economia de baixo carbono na Amazônia Ocidental, contrapondo pressões sobre a floresta na tríplice fronteira entre Brasil, Bolívia e Peru. O Banco Mundial é um entusiasta dessa possibilidade. Nossa meta para 2020 é a redução de 80% de emissões a partir de indicadores de desmatamento que já foram significativamente reduzidos nos últimos dez anos. E os projetos de REDD são fundamentais para isso".
Outro dado repassado pelo governador é o de que hoje, 47% das florestas do Acre são protegidas por lei. "São quase 8 milhões de hectares de áreas protegidas. Mas queremos manter 100% delas preservadas".
Binho Marques deixou ainda o desafio para a consolidação de mecanismos para pagamento por serviços ambientais. "Aqui em Copenhague, as Nações discutem as mudanças climáticas. Discutem a salvação do Planeta. Mas quanto estariam dispostas a pagar por isso? A renomada revista Science publicou estudo de dezoito cientistas americanos e brasileiros, projetando investimentos de 18 bilhões de dólares em dez anos, como suficientes para interromper o desmatamento na Amazônia brasileira. Mas se 18 bilhões de dólares foram injetados só para salvar da crise a General Motors e a Chrysler. O governo do presidente Obama começou com um pacote de 800 bilhões de dólares para combater a crise nos Estados Unidos. Remédio caro. E quanto vale investir na recuperação e prevenção da saúde do planeta?", questionou. "Na floresta, somos povos – no plural. Isso facilita a gente entender que a humanidade precisa se unir para salvar seu planeta", complementou o governador.
Após a fala do governador, o Secretário de Meio Ambiente do Acre, Eufran Amaral, apresentou a proposta técnica de REDD do Acre com um nível de detalhamento que surpreendeu a todos os presentes. Participaram ainda do evento promovido pelo Governo do Estado, o Senador Tião Viana e a Senadora Marina Silva, que encerrou a agenda do evento do Acre com uma fala que emocionou o público do Bella Center.
Governadores da Amazônia se reúnem com presidente Lula em Copenhaguen
Antes do evento promovido pelo Governo do Acre, Binho Marques participou de um encontro com o presidente Lula.
Também estiveram presentes no encontro, os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores) e Dilma Roussef (Casa Civil), os governadores Eduardo Braga (Amazonas), Ana Júlia (Pará) e José Serra (São Paulo).
Na ocasião, o presidente Lula passou a palavra ao governador Binho Marques que chamou a atenção para a importância de o Brasil adotar um posicionamento para a redução da emissão de gás carbônico na atmosfera. Para o governador do Acre, o Brasil deve servir de exemplo para as outras nações.
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