Foi realizado na última semana um encontro do Grupo de Trabalho (GT) de Etnoturismo, no auditório da Secretaria de Turismo e Lazer, para discutir os próximos passos da regulamentação de turismo em terras indígenas.
O GT foi criado a partir de uma visita da secretária de Turismo e Lazer, Ilmara Lima, e do gestor do segmento de Ecoturismo e Turismo de Aventura da Setul, João Bosco Nunes, ao presidente da Funai em Brasília, Márcio Meira, intermediada por Francisco Piyãko.
No encontro, Márcio Meira abordou o anseio da Funai em regulamentar o turismo em terras indígenas por se tratar de uma modalidade na qual torna os costumes desses povos vulneráveis a uma série de interferências culturais, por não ter até hoje uma fiscalização e controle adequados para aferir legalmente a entrada de qualquer tipo de visitante a esses locais.
Partindo de uma meta da Funai no seu Planejamento Plurianual, de regulamentar o turismo em terras indígenas até 2015, a visita contribuiu para a criação do GT de Etnoturismo. O primeiro encontro do Grupo de Trabalho aconteceu no dia 5 de agosto de 2011. O Grupo conta com um arranjo institucional pertinente às ações planejadas a partir de então: Setul, Aeai (Assessoria Especial de Assuntos Indígenas), Funai, Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Instituto Dom Moacyr (IDM) e Sebrae, que desempenharão uma série de estudos e ações para contribuir com a regulamentação, dando celeridade ao processo junto à Funai.
No último encontro, realizado na semana passada, foi feito um planejamento partindo da compilação das contribuições feitas por todos os órgãos envolvidos no projeto, e criada uma agenda de atividades que começam a ser executadas neste mês.
Entre elas está a criação de três documentos que regem os princípios básicos para a visitação de terras indígenas: o manual de orientação aos indígenas, o manual de conduta dos visitantes e um manual de orientação às práticas comerciais. Além disso, visitas técnicas, seminários e capacitações junto às comunidades indígenas serão feitas nesse período. Também foram decididas as primeiras ações nas aldeias já no próximo mês, como a sensibilização nos povos do Rio Jordão (Hunî Kuî), que terão repercussão no mês de maio, quando ocorre o festival indígena Xyna Bena.
Após o festival, o Grupo de Trabalho voltará a se reunir para discutir o resultado da sensibilização feita antes de o festival acontecer e medir qual impacto as ações tiveram. Antes de todo esse procedimento, serão planejadas, juntamente com o Instituto Dom Moacyr, uma formatação e uma metodologia de ensino adequadas às comunidades indígenas.
Um fator importante em todo esse trabalho é de que o Acre está sendo pioneiro em regulamentação do etnoturismo. O Estado será parâmetro nas discussões e estudos de visitações em terras indígenas no âmbito turístico nacional.
A secretária Ilmara Lima afirmou que é de extrema importância tanto a regulamentação do etnoturismo quanto a iniciativa de ele estar começando no Acre, o que o tornará um modelo inicial para os próximos estudos. “O governo do Estado se preocupa com os povos da floresta, e a Setul desempenhará seu papel juntamente com as lideranças indígenas, desenvolvendo o turismo de forma geral, sobretudo o etnoturismo, de forma em que não haja nenhuma interferência cultural e visitação de forma desordenada”, afirmou Ilmara.
A quantidade de etnias concentradas no Estado do Acre atrai muitos estudiosos e turistas, aumentando a preocupação da Funai e do Estado na regulamentação das visitações.