Direito constitucional de toda criança e adolescente brasileiros, o aprendizado escolar muitas vezes enfrenta as barreiras das limitações geográficas: áreas rurais e de difícil acesso, onde existem comunidades que precisam ser atendidas pelos serviços educacionais públicos.
Neste contexto, a educação rural do Acre estava limitada ao atendimento multisseriado do 1º ao 5º ano sem continuidade para os alunos. O principal objetivo era possibilitar a escolarização nestas áreas, assumindo o compromisso com as comunidades e expandindo o atendimento.
Com estas realidades em mente, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE) com parceiros como a Fundação Roberto Marinho, implementou em 2005 o programa Asas da Florestania, um dos destaques do livro “O enfretamento da exclusão escolar no Brasil”, produzido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Inicialmente voltado para atender os anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), logo surgiram as extensões para o Ensino Médio (2008) e para o Ensino Infantil (2009), também conhecido como Asinhas.
E há nove anos, seguindo as Diretrizes e Referenciais Curriculares Nacionais, o Asas trabalha com metodologia e materiais pedagógicos específicos, adequando as aulas e os atendimentos às realidades das comunidades e das famílias atendidas pela ação educacional, com números que mostram o avanço dos atendimentos.
Advânia Cristina Costa, uma das professoras entrevistadas para o livro do Unicef, explicou que “essas crianças não teriam nenhuma possibilidade de estudar (…) se os professores não viessem até aqui. Não podemos fazer com que elas passem despercebidas, sem um direito que é delas”.
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O reconhecimento da ação também está presente nas famílias, exemplificado por Francisco das Chagas, pai de uma aluna do Asinhas da Florestania. Francisco é analfabeto e nunca frequentou a escola, mas acredita que “a única coisa que um pai pode deixar para os filhos é o saber, isso ninguém tira deles”.
Apesar de todo o avanço e sucesso do programa, é impossível corrigir a ausência de educação em um curto período de tempo. “Só agora estamos chegando às comunidades muito distantes, em que se levam dias para chegar de barco, avião e a pé pela floresta. Ainda há um longo caminho pela frente”, detalha a coordenadora de ensino rural da SEE, Francisca das Chagas, conhecida também como professora Chiquinha.
Marco Brandão, secretário da SEE, sente-se muito feliz pelo reconhecimento do programa em âmbito nacional. “Uma das ações mais extraordinárias da secretaria, mostrando que a vontade de ensinar pode vencer qualquer distância e mudar as vidas de muitas pessoas”, disse.
*Com informações e imagens do livro “O enfrentamento da exclusão escolar no Brasil”, lançado pela UNICEF em 2014