No mês em que comemora 50 anos de emancipação política-administrativa, o Estado do Acre encerrou sua participação na Rio+20 celebrando o protagonismo feminino na construção de políticas socioambientais na Amazônia. No início da noite desta sexta-feira, 22, no auditório CNO I, no Parque dos Atletas, a mesa-redonda integrada pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva reconheceu os desafios superados pelo Acre e apontou estratégias futuras para alcançar o desenvolvimento sustentável com a participação ainda mais ativa das mulheres.
Marina Silva, que atualmente preside o Instituto Marina Silva, começou citando o legado de ideias e práticas socioambientais deixadas por Chico Mendes, “um homem de alma feminina”, como definiu:
“Chico Mendes possuía uma capacidade extraordinária de ouvir os demais e, a partir disso, formar suas próprias opiniões. Essa característica de buscar a conversão de ideias dentro da divergência é uma característica marcante das mulheres”, disse ela, ressaltando que o sociambientalismo é uma criação brasileira que nasceu na Amazônia, quando se começou a buscar a integração efetiva do homem com seu território.
Segundo Marina Silva, a criação das Reservas Extrativistas representa o melhor exemplo de que economia e ecologia podem coexistir numa mesma equação:
“As Reservas Extrativistas demonstraram que é possível ter desenvolvimento sem desmatamento. Com a maior parte de seu território preenchido por florestas, o Acre mostra que é possível ter uma floresta habitada, conservada e produtiva. Para isso, basta que haja comprometimento em desenvolver políticas públicas de Estado verdadeiramente sustentáveis. e nisso o Acre é referência”, completou, citando a instituição do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do Acre.
“Este documento tem se destacado como uma das principais ferramentas utilizadas para orientar as políticas públicas da Amazônia, definindo as potencialidades e fragilidades do território”, ela disse.
Marina Silva concluiu lembrando que tudo que vem sendo feito no Acre deve servir de base para que, nos projetos financiados, o governo brasileiro peça contrapartida socioambiental.
A primeira-dama do Acre, Marlúcia Cândida, destacou que o Estado é hoje um exemplo de boas práticas ambientais no país:
“Procuramos agregar a isso o cuidado social, com a melhoria da qualidade de vida e a erradicação da pobreza. O processo de construção de respeitabilidade e referência nesta área passou por mãos femininas que nem sempre aparecem como protagonistas”, destacou.
A abertura do evento contou com a apresentação de índias da etnia Yawanawa, que entoaram um canto típico de momentos de celebração na aldeia. Lideradas pela pajé Putany, a primeira mulher a ocupar esta posição num tribo indígena brasileira, é um exemplo de protagonismo na luta pelo rompimento de uma tradição.
“Na aldeia, lutamos pelo rompimento de uma tradição. E acredito que todas nós, onde quer que estejamos, temos condições de unir corações e mentes numa mesma energia para conquistarmos nosso espaço e igualdade de direitos, em busca de um mundo mais justo”, destacou Putany.
Além da participação da ex-ministra Marina Silva e da primeira-dama do Acre, Marlúcia Cândida, participaram da mesa-redonda a Assessora da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Vera Reis, e a Secretária de Políticas para as Mulheres do Acre, Concita Maia.
“Nosso objetivo principal durante a Rio+20 foi trazer elementos concretos do protagonismo das mulheres do Acre. Acreditamos que é possível construirmos uma Amazônia mais humana, mais saudável, mais harmoniosa, mais justa e igualitária”, disse Concita Maia.