Acompanhada desde o nascimento pela Oficina Ortopédica do Estado, jovem medalhista nacional fala sobre a importância do apoio recebido

Aos 21 anos, Karolyn Kaynni Rodrigues Silva carrega com orgulho as medalhas que conquistou no Meeting Paralímpico Loterias Caixa 2024. Para ela, as medalhas não representam apenas as vitórias em si, mas sim a superação de vida. A paciente é acompanhada desde o nascimento pela Oficina Ortopédica de Rio Branco, pois nasceu com pé torto congênito (PTC), uma doença caracterizada pela alteração nos ligamentos, músculos, tendões e ossos do pé do bebê, que acontece ainda na gestação, fazendo com que ele nasça com uma deformidade em um ou nos dois pés.

Karolyn possui quatro medalhas em natação nas modalidades nado frente e costas. Foto: Gleison Luz/Fundhacre

Nesta terça-feira, 25, a jovem e sua mãe, Anita Rodrigues, estiveram na Oficina Ortopédica para mais uma visita de rotina e aproveitaram para levar as medalhas e agradecer o apoio da equipe. “Desde quando eu nasci já fui encaminhada para a Oficina Ortopédica e, desde então, eu venho tendo acompanhamento dos médicos e dos técnicos daqui. E até hoje em dia ainda tenho, [as medalhas] são uma gratificação e resultado de todos os meus esforços e o empenho deles que trabalharam junto comigo pra que eu conseguisse toda essa mobilidade, pra que eu conseguisse chegar até onde eu estou, que é esse sucesso que eu estou tendo. Também agradeço a minha mãe, que esteve junto comigo”, destacou a jovem.

Emocionada, a mãe relembrou os momentos difíceis, mas ressaltou que este é o papel de mãe. “Antes dela viajar pra Brasília [para a competição], eu prometi para o doutor que fez a botinha dela que eu traria a medalha pra eles como forma de gratificação. E primeiramente agradeço a Deus, por Ele ter me dado saúde pra suportar até hoje. E agradeço muito ela também, por ela ter esse reconhecimento, porque são poucos que reconhecem seus pais. Antigamente, eu carregava ela nas costas, porque eu não tinha transporte e ela não andava, mas para mim isso era normal, isso era coisa de mãe. Foi um período muito difícil da minha vida, porque a Karolyn já era bem grande e estava com um peso bem acima e foi muito complicado pra mim”, relatou a mãe da atleta.

Diante das dificuldades, a mãe encontrou na Oficina Ortopédica o apoio que precisava. “Esse acompanhamento, para mim, é tudo. Se não fossem os meninos com esse apoio e os esforços também, eu não tinha conseguido chegar até aqui e ela não tinha tido esse desenvolvimento, porque o médico mesmo dizia que ela não ia desenvolver, que ela ia ficar com os ossos atrofiados, que ela não ia andar, mas eu sempre acreditei que ela ia conseguir, que tudo ia dar certo. Então, isso para mim é tudo. Primeiramente Deus, depois eles, essa equipe maravilhosa que até hoje tem me dado apoio”, frisou.

Presidente da Fundhacre, Ana Beatriz Souza, ao lado da medalhista Karolyn Rodrigues. Foto: Gleison Luz/Fundhacre

A presidente da Fundhacre, Ana Beatriz Souza, esteve na oficina durante o encontro e falou sobre a importância do trabalho desenvolvido. “Pra nós, é uma felicidade imensa conhecer histórias como a da Karolyn e da mãe dela, porque mostra que o nosso trabalho está chegando àqueles que precisam. O trabalho da Oficina Ortopédica é um dos mais lindos desenvolvidos pelo governo do Acre e precisamos valorizar, pois são ações que mudam vidas. Então, eu quero parabenizar a todos os integrantes e dizer que estamos nos esforçando para garantir que a equipe da Oficina Ortopédica tenha as melhores condições para continuar fazendo esse trabalho tão importante”, pontuou Ana Beatriz.

O técnico em órteses e próteses Isac Silva falou sobre a felicidade de ver o impacto de seu trabalho na vida dos pacientes como Karolyn. “Eu fico muito feliz, como técnico, de ter realizado esse procedimento, que é a confecção de uma bota ortopédica para a nossa paciente Karolyn, de devolver a mobilidade para ela”, ressaltou. A felicidade de Isac também é compartilhada por Messias Tavares, outro técnico em órtese e prótese: “Pra nós é um prazer fazer parte da vida dela desde criança com o dom que Deus nos deu pra ajudar o próximo. Deus a abençoe a cada dia na sua vida e a ajude a ganhar muitas medalhas pra nós. A gente fica muito feliz de estar trazendo a mobilidade pra Karolyn, porque a gente sabe como é difícil no dia a dia”, salientou Tavares.

Incentivo ao esporte

Karolyn conheceu a natação por meio do Centro Paralímpico da Ufac. Foto: Gleison Luz/Fundhacre

Entusiasta do esporte como ferramenta para mudança de vida, a jovem Karolyn também aproveitou para fazer um apelo pelo incentivo às práticas esportivas.

“Como muitos atletas paralímpicos do estado, eu iniciei no esporte por meio do Centro de Referência Paralímpico Brasileiro no Acre, que fica na Universidade Federal do Acre, e quero divulgar pra que as pessoas tenham a oportunidade de conhecer e obter mais desenvolvimento social, melhorar sua mobilidade, assim como eu”, evidenciou a jovem atleta.

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