A rotina de detentos dentro das unidades penitenciárias envolve diversos momentos como o banho de sol, os atendimentos com técnicos, advogados, profissionais da saúde. Privados da liberdade, o ambiente intramuros é o único espaço de socialização. Um dos momentos mais esperados é o dia da visita, oportunidade em que dão aquele abraço no filho, matam a saudade do cônjuge e recebem o conforto dos pais.
Mas como matar essa saudade em tempos de pandemia, onde o contato pode representar uma ameaça à saúde? Foi pensando nisso que o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen/AC) autorizou o envio de cartas pelos familiares. As cartas podem ser entregues no mesmo dia da entrega de materiais do Núcleo de Apoio à Família (NAF) e são repassadas aos detentos após análise da equipe de segurança, em conjunto com a equipe técnica.
O presidente do Iapen, Arlenilson Cunha, explicou que desde que surgiram os primeiros casos de Covid-19 no estado do Acre, o governo tem tomado diversas medidas para evitar a disseminação da doença. “Uma dessas ações foi a suspensão das visitas em todas as unidades penitenciárias. Com isso, os presos ficaram sem o contato com os familiares, restando apenas o convívio com os colegas das unidades”, afirmou.
Ele destacou que a visita é um dos fatores de manutenção da conexão do detento com o mundo exterior e funciona como incentivo efetivo para que o mesmo, passado o período de cumprimento da pena, seja reinserido no seu núcleo familiar e social. “Com a autorização da entrega de cartas, manteremos esse contato deles com a família”, disse.
A chefe do Departamento de Reintegração Social, Liliane Moura, explicou que esta é uma forma de contribuir também com a saúde física e mental dos detentos que poderão ter notícias dos familiares. “Nós acreditamos que isso vai amenizar a aflição deles e a ansiedade lá dentro. Sabemos que essa situação provoca baixa imunidade e reflete na saúde física deles”, disse.
Moura ressaltou que neste primeiro momento somente os familiares poderão enviar carta, mas que o Iapen já estuda a possibilidade de que os detentos possam encaminhar as cartas aos parentes. “Posteriormente eles poderão responder essas cartas que serão entregues às famílias, porém isso acontecerá em uma próxima ação”, frisou.