Secretaria de Pequenos Negócios capacita produtores no Vale do Juruá
Em seu esforço de promover a produção, o governo do Estado não se esqueceu de continuar a insistir e buscar boas alternativas na economia florestal que garantam a preservação da floresta, uma das mais ricas em biodiversidade do mundo.
Assim, uma nova janela está se abrindo para produtores rurais com a criação de abelhas nativas sem ferrão.
A Secretaria de Pequenos Negócios (SEPN) iniciou o processo de implantação da atividade no Vale do Juruá com apoio da Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seap) e Secretaria de Produção Familiar (Seaprof). No momento estão acontecendo os cursos de capacitação dos produtores que desejam ingressar na atividade. Acompanha a equipe da SEPN o produtor de mel e especialista em abelhas nativas sem ferrão Engelberto Flach, que ministra o curso.
A equipe da SEPN está no Juruá desde o dia 5 deste mês e já encerrou dois cursos no Projeto Santa Luzia para produtores do Ramal 3 e Ramal da Lua Clara. Nesta semana, o curso acontece em Mâncio Lima, atendendo as comunidades do Guarani, Ramal do Cardoso, Ramal do 20, Polo Agroflorestal e Ramal do Banho. Em seguida, a equipe vai para o Rio Croa, atender a comunidade que habita às suas margens. A meta para a região do Juruá é capacitar 120 produtores. Os cursos serão levados também a outros municípios como Assis Brasil, Capixaba, Xapuri, Brasileia e Epitaciolândia. Também existe a pretensão de atingir os mais isolados, como Jordão, Marechal Thaumaturgo e Porto Walter.
Atividade promissora
Engelberto Flach é produtor rural em Bujari, onde iniciou a criação de abelhas apis (italianas), com ferrão, chegando a produzir duas toneladas de mel por ano. Foi então que começou a se interessar pelas abelhas nativas e, com muito esforço, foi pesquisando por conta própria, fez um curso e iniciou a produção de mel com a variedade uruçu. Hoje cria também outra espécie muito valorizada, a abelha jandaíra.
Flach, com o tempo, também aprendeu a aperfeiçoar as caixas destinadas às colmeias, tendo chegado a um modelo apropriado para a região, que é um importante capítulo do aprendizado dos novos apicultores. Cada participante recebe no fim do curso uma caixa como modelo para replicar. O produtor, que não conhecia o Vale do Juruá, ficou impressionado com a potencialidade da atividade na região. Primeiro pela variedade de abelhas existentes e pela preservação das matas que oferece um habitat mais agradável para as abelhas. Há muita coisa ainda para se estudar, segundo Flach, para obter o máximo de rendimento das colmeias, e para isso é necessário conhecer seus hábitos, a maneira como orientam a construção de suas colmeias.
O secretário da SEPN, José Carlos Reis, acompanhado do secretário de Articulação Institucional, José Fernandes do Rêgo, e da presidente da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Sebastiana Miranda, foi até o Ramal 3 e Ramal da Lua Clara neste fim de semana, onde entrou em contato com os produtores que já fizeram o curso de criação de abelhas nativas e se preparam para se inserir na atividade de forma profissional.
Entre eles está o produtor João Oliveira de Miranda. Ele já tem 15 caixas, de um modelo próprio, e cria abelhas de forma empírica, das variedades jandaíra e uruçu-preta. Costuma vender o litro de mel a R$ 60 e, animado com o interesse do Estado, vai aderir às novas tecnologias ensinadas pelo especialista Flach, tendo com boa expectativa com o negócio.
Segundo Reis, a SEPN vai acompanhar o desenvolvimento dos projetos durante dois anos. Ele vê um futuro promissor da atividade quando os produtores estiverem produzindo de forma organizada em cooperativas, e estima que, após um processo de certificação da atividade como sustentável, os ganhos podem triplicar, já que o mel terá o apelo de ser originário da Floresta Amazônica, livre de agrotóxicos e com especial valor para fitoterápicos.
Produtores com grande expectativa
Tanto nos ramais do Projeto Santa Luzia quanto em Mâncio Lima, muitos produtores estão entusiasmados com as possibilidades econômicas da criação de abelhas sem ferrão, vendo nela mais uma atividade que gera renda complementar para quem mora nas proximidades da floresta.
Darci Mendes dos Santos, presidente da Sociedade Agrícola do Igarapé Branco, fez o curso e já aderiu à atividade. “Ficamos muito agradecidos ao governo do Estado por investir em nosso bem-estar. Nossa comunidade está satisfeita e animada com a possibilidade de agregar mais uma atividade que pode trazer para nós melhoria de vida”, declarou.
Berlino Costa, produtor do Ramal Lua Clara, fez o curso e já se prepara para criar abelhas nativas. “O nosso ramal nunca tinha recebido esse tipo de apoio. Estamos satisfeitos e queremos cada vez mais o governo presente em nossa comunidade.”
Luis Silva de Souza, morador no Ramal do Banho, em Mâncio Lima, onde vive da agricultura, disse: “Criar abelhas sem ferrão será uma ótima atividade, pois ela não empata as outras atividades na roça. E tem mais: não precisa nem comprar ração”.
Roni Pereira Pinheiro também mora no Ramal do Banho. Ele conta que já costumava criar abelhas sem ferrão de forma artesanal – simplesmente recolhia a colmeia e a levava para perto de casa, onde esperava chegar a hora certa de colher o mel. No entanto, ele aponta para uma grande desvantagem do método utilizado. “Na hora de colher o mel a gente destruía toda a construção das abelhas. Com as caixas apropriadas, isso não irá mais acontecer”, afirma.
Raimundo Alencar Morais mora em Mâncio Lima e tem propriedade na área rural, onde vai passar a criar abelhas de forma profissional. Ele já criava abelhas de forma rudimentar, chegando a colher cerca de 20 litros de mel em 2009. “Agora estamos preparados para criar abelhas nativas e produzir mel de maneira racional.”