Por Luc Lima*
No dia 25 de agosto de 1944 ela realizava a sua primeira transmissão oficial, tornando-se uma das emissoras de rádio mais antigas e importantes do estado do Acre. Daquele dia em diante, a Rádio Difusora Acreana desempenhou um papel fundamental na disseminação de informações e entretenimento para a população acreana, especialmente durante as décadas de 1940 e 1950, quando o acesso à comunicação era muito limitado para as pessoas que viviam em nosso estado.
Durante a sua história, a rádio presenteou os seus ouvintes com uma riqueza de personagens que cativaram várias gerações apaixonadas pela beleza lúdica de suas vozes imponentes. Campos Pereira foi referência na crônica esportiva, Jorge Cardoso apresentava o Ritmo Rural, Franco Silva foi sucesso absoluto com o programa Forró Cidade Sertão, O J. Conde apresentava o Miscelânea Musical. Reginaldo Cordeiro, o famoso “Rei do Brega”, comandava o Carrossel Musical que levava centenas de pessoas ao estúdio da Difusora, que lotavam a área na frente do prédio e tinham a liberdade de falar nos microfones da rádio. Tem também o mais famoso, o Estevão Bimbi, com o programa Mundo Cão. E claro, não posso esquecer da rainha do rádio acreano, a Nilda Dantas, com o seu programa Espaço do Povo.
Essas pessoas e tantas outras que estão na história da Difusora Acreana ajudaram a construir um importante legado na formação de opinião e na promoção de debates sobre questões políticas, sociais e econômicas.
Ah, e antes que alguém fale: “Mas isso é passado, a Difusora parou no tempo. Hoje nós temos infinidades de opções para comunicar a massa!”, eu respondo: Corta para 2023, e o que nós temos? Uma Difusora cada vez mais atuante e necessária. Os programas da rádio, nos últimos anos, viabilizaram uma frota de cadeiras de rodas, cadeiras de banho, muletas. Até casamentos aconteceram com o apadrinhamento da nossa Difusora. Foram muitos pedidos feitos pelos locutores no ar que foram atendidos e ajudaram a melhorar a realidade de muitas pessoas.
Durante a pandemia do coronavírus, muitos alunos, principalmente os da zona rural, tiveram acesso aos conteúdos escolares por meio das áudioaulas que foram produzidas em parceria com a Secretaria de Estado de Educação.
Além dos estudantes, uma população inteira que vive dentro da floresta amazônica, toma conhecimento de ações públicas quando elas são divulgadas pela rádio e conseguem se mobilizar para estar presentes durante as ações sociais. E são campanhas de total interesse social, como o Projeto Cidadão, campanhas de vacinações, registros civis, Cadastro Ambiental Rural, e tantos outros serviços públicos.
E nós temos o Correspondente Difusora, que é o famoso programa de mensagens das pessoas que vivem na zona rural e precisam se deslocar para a cidade, a tratamento de saúde e outros tipos de demandas, e usam os microfones da rádio para enviar notícias aos parentes que ficaram nas colocações. Lembremos que para muitas pessoas que moram dentro da Floresta Amazônica não existe outra forma de informação que não seja o rádio.
A Difusora Acreana mantém, há quase 30 anos, dois programas jornalísticos, o Jornal Difusora, das 6h às 7h, e o Gente em Debate, das 10h às 12h, de segunda a sexta-feira. Esses dois programas são transmitidos simultaneamente pelas rádios do interior do estado, nas cidades de Brasileia, Xapuri, Sena Madureira, Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul. A linha editorial das duas atrações leva aos ouvintes as ações dos poderes estadual, municipal e federal, e também dos fatos no Acre, Brasil e mundo.
A grade de programação da Difusora Acreana é tão rica que encanta ouvintes no Acre, no Brasil e no Mundo. Prova disso são as diversas cartas que foram enviadas para a rádio de países como Estados Unidos, Rússia, Chile, Japão e Canadá. Estas cartas estão expostas no museu da unidade.
Atualmente, a Rádio Difusora Acreana continua sendo uma fonte importante de informação e entretenimento para a população do Acre, transmitindo programas jornalísticos, musicais, culturais e esportivos, que valorizam a identidade e a riqueza cultural do estado. Sua importância segue firme em meio às novas tecnologias de comunicação, e ainda é uma ferramenta de união entre as comunidades locais e uma forma de manter viva a história e a cultura da região.
Em 2019, no início do primeiro mandato do governador Gladson Cameli, a Rádio Difusora Acreana foi posta como prioridade para investimentos em uma lista de urgências gritantes. Isso porque naquele ano foi diagnosticado que as rádios do Sistema Público de Comunicação estavam na iminência de parar por falta de investimentos em equipamentos. Os que eram usados, de tão antigos, estavam cada vez mais difícil a manutenção corretiva devido à dificuldade de se encontrar peças de reposição.
A forma de funcionamento das rádios AM é diferente das FMs. Elas possuem os estúdios de locução, que ficam localizados nas sedes, onde os apresentadores apresentam os programas. O estúdio é ligado ao transmissor da unidade que fica localizado em abrigos afastados da sede. No caso da Difusora Acreana, o transmissor está instalado no Bairro da Sobral e eles se conectam por meio de um link de transmissão. O transmissor ainda utilizava tecnologia valvulada. Essas válvulas não eram mais vendidas no país, e para importar era bem demorado e muito oneroso. E ainda tinha o custo com energia elétrica. O consumo era altíssimo e a “pancada” na fatura para o Estado era forte.
A Difusora Acreana foi a primeira rádio AM do Sistema Público de Comunicação a deixar de lado o transmissor valvulado e ganhar um novo transmissor com sistema transistorizado, com som digital, e com facilidade de localizar peças de reposições em caso de manutenções preventivas e corretivas.
Junto com o transmissor, o prédio que o abriga também passou por uma reforma completa. Foi substituída toda a cobertura, a rede elétrica foi refeita, as janelas e portas substituídas e a pintura renovada.
Os funcionários da rádio ganharam laptops e novos computadores desktops para ajudar nos trabalhos diários da unidade. Foram adquiridos novos aparelhos de ar-condicionado. As mesas de som, do estúdio principal e dos estúdios de gravações foram substituídas e padronizadas.
A sede da rádio teve a pintura renovada, as redes elétrica e lógica receberam intervenções e a sua cobertura foi completamente substituída. Não faltaram investimentos para a nossa Difusora Acreana. E as melhorias não param por aqui. Existe um planejamento feito para a Difusora Acreana que inclui várias ações, que estão em andamento, que colocarão a rádio em um patamar mais elevado. Logo mais teremos novidades!
A Difusora Acreana está localizada ali na rua do Fórum, no centro de Rio Branco, bem no cruzamento das ruas Benjamin Constant e Floriano Peixoto. Se você quiser se conectar com a história do Acre, visite o museu da unidade. Sente no banco que tem embaixo da mangueira e converse com os funcionários de lá e sinta o acolhimento que eles dão a todos os visitantes.
Viva o rádio!
Viva a Rádio Difusora Acreana!
*Luc Lima é coordenador das rádios do Sistema Público de Comunicação do Estado do Acre