A porta que abre quando os braços se fecham

O abraço manifesta uma multiplicidade de significados. Abraçar é oferecer abrigo em uma noite chuvosa, é amar, e isso sem precisar falar palavra alguma. Além disso, pode ser o afago ou o “até logo” de um casal daqueles bem apaixonados. É o reencontro ou a despedida. É sentir o coração de alguém bem perto de você, e também permitir que alguém sinta o seu.

O abraçar pode ser responsável por muita coisa, inclusive, por curar, porém, o mesmo gesto que pode trazer cura a alguém, pode ser responsável por adoecê-lo. Isso porque neste momento enfrentamos a pandemia do coronavírus (Covid-19) e o abraço pode ser um meio de transmissão do vírus. De forma que, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que as pessoas mantenham distância uma das outras.

Vários países adotaram medidas de isolamento social, bem como de higiene – Ficar em casa e sair somente quando for realmente necessário, lavar bem as mãos, e quando possível, usar álcool em gel. Além disso, o cumprimento com o aperto de mãos dá lugar ao toque de cotovelos. E como citado acima, um dos gestos mais afetuosos praticados por nós, o abraço, também entra em restrição.

Escrevo isso porque sei o quanto um afago pode significar em um momento de dor. E aqueles que foram abraçados, assim como eu, sabem que falo de uma das sensações mais sublimes que existem na terra. Mas agora, precisaremos reinventar o abraço e essa sensação que ele causa nas pessoas. E talvez a tecnologia seja a nossa porta de entrada para essa reinvenção.

E por falar em porta, esse é um momento de abrirmos uma específica. Não as da nossa casa, lembrem-se: não podemos receber visitas por causa do distanciamento social; mas as portas do coração. E assim, deixar o amor entrar e também sair. Você não pode abraçar, mas nada te impede de sorrir para alguém. Não dá para marcar para sair com os amigos, mas você pode organizar aquela videochamada com toda a galera.

Você pode enviar mensagem por meio das redes sociais, mandar foto fazendo os exercícios ou a nova receita que fez em casa. E até áudio, mas não muito longo porque ninguém gosta. Se for preciso, converse com o seu psicólogo(a) pois sempre é importante cuidar da saúde mental, e você pode fazer isso tudo pelo seu celular. E assim, a gente mantém um fluxo saudável onde o amor entra e também sai.

E depois que isso tudo passar, a gente volta. De uma maneira diferente, mas a gente volta… E então daremos apertos de mãos mais fortes e abraços mais demorados. Mas até lá, se for possível, lave as mãos e fique em casa.

Disney Oliveira é acadêmico do curso de Jornalismo da Ufac.

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