A Secretaria Estadual de Pequenos Negócios realizou uma capacitação para os novos apicultores da região do Alto Acre (Foto: Angela Peres/Secom)
A Secretaria Estadual de Pequenos Negócios (SEPN) realizou de 12 a 14 deste mês uma capacitação para os novos apicultores da região do Alto Acre. Serão 18 novos produtores da reserva extrativista Chico Mendes trabalhando com diversas espécies de abelhas sem ferrão.
O projeto piloto faz parte da política de fomento aos pequenos negócios desencadeada pela SEPN, através da coordenação do programa da cadeia produtiva do mel. “Cerca de 85% do mel produzido no Acre é de espécies sem ferrão, por isso vimos a necessidade de capacitar essas pessoas para que elas pudessem aumentar sua renda aproveitando os recursos naturais. O treinamento é mediado pelos técnicos da própria secretaria e tem por objetivo capacitar os moradores da comunidade, para que no futuro eles possam caminhar sozinhos”, garantiu Sebastiana Miranda, coordenadora do programa.
O curso tem carga horária de 40 horas, sendo 20 horas de aulas teóricas e outras 20 de aulas práticas. O local para a realização dos cursos é definido pela equipe do núcleo da SEPN em Brasileia e pelos próprios participantes, para que não haja necessidade de deslocamento dos alunos até a cidade. As coletas são feitas pelo produtor dentro da propriedade, antes disso, é necessário que toda a área seja mapeada e as colmeias identificadas.
O curso tem carga horária de 40 horas, sendo 20 horas de aulas teóricas e outras 20 de aulas práticas (Foto: Angela Peres/Secom)
{xtypo_rounded2}Com a identificação da colmeia a ser realocada, os alunos seguem um passo-a-passo, realizando as seguintes tarefas:
– Limpeza do local ao redor da colmeia;
– Identificação do melhor local para o corte na árvore;
– Abertura do caule e localização da colmeia;
–Transferência da abelha-rainha e base da colmeia;
– Transferência das demais partes da colmeia;
– Retirada do mel, cera e saborá;
–Realocação da colmeia.{/xtypo_rounded2}
É importante lembrar que durante o processo de captura e transferência das abelhas, o apicultor mantém na colmeia 30% do mel produzido, esse percentual servirá de alimentação para os insetos menores durante o período de adaptação ao novo ambiente. A caixa-colmeia permanece em um local próximo até que todas as abelhas entrem, depois de três dias ela é recolhida pelo produtor e levada até o local escolhido para a formação de seu plantel. As caixas são cedidas ao produtor pela SEPN por meio de um convênio com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dependendo da demanda e da produção de cada apicultor, ele pode receber até dez caixas.
“Essa oportunidade de ter o próprio negócio sem sair da nossa rotina, no local onde moramos, com as ferramentas que temos costume de usar, é boa”, disse Marinho Ferreira (Foto: Angela Peres/Secom)
Marinho Ferreira, 46, mora na reserva há mais de 23 anos com a esposa e os seis filhos. Ficou sabendo do projeto por intermédio da Associação de Moradores e Produtores do Projeto de Assentamento Agroextrativista Santa Quitéria (Ampaesq), “o convite foi feito pelo presidente da nossa associação, aceitei participar porque espero melhorar minha renda. Aqui a gente produz pra nossa própria subsistência, somos da agricultura familiar e essa oportunidade de ter o próprio negócio sem sair da nossa rotina, no local onde moramos, com as ferramentas que temos costume de usar, é boa. Eu agradeço mesmo esse governo, a gente tá sendo valorizado”, declarou.
O produtor rural sempre teve como hábito a retirada do mel das colmeias que ele encontrasse na floresta. Quer fosse para o consumo próprio ou para a venda em pequena quantidade, o processo era muito prejudicial às abelhas, muitas delas morriam, outras não retornavam e a colmeia ficava abandonada, inviabilizando a colheita no ano seguinte. No atual processo a colheita é realizada até duas vezes por ano.
Antônio Rodrigues é morador da reserva e vive basicamente da agricultura familiar (Foto: Angela Peres/Secom)
O programa é desenvolvido com produtores de 12 municípios acreanos. Em 2013, mais de 1.600 famílias devem ser beneficiadas nessa parceria da SEPN e a Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof). No Alto Acre, aproximadamente 200 famílias já são atendidas pelo programa, nas cidades de Brasileia, Assis Brasil e Epitaciolândia. “A meliponicultura trouxe uma mudança de comportamento, é um sonho audacioso, queremos incluir o mel na merenda escolar, exportar para o resto do país. O governo confia no produto e acredita no mercado consumidor”, disse Sebastiana.
Curiosidades
Cerca de 85% do mel produzido no Acre é de espécies sem ferrão (Foto: Angela Peres/Secom)
O mel é recomendado para o sistema nervoso, vias respiratórias e pele. Também é calmante, laxante e desintoxicante. Adoçante universal, melhora o rendimento físico e aumenta a resistência, substituindo o açúcar. É constituído pelas vitaminas B, B1, B2, B5, B6 e sais minerais como fósforo, potássio, magnésio e ferro.
Própolis: tem ações anti-inflamatórias, antifúngicas, antioxidantes, antissépticas, anticariogênicas, bactericidas, bacteriostáticas, cicatrizantes e anestésicas. É usada na medicina, veterinária, zootecnia, agricultura e na conservação dos alimentos.
Cera: mascada pura, destrói o tártaro dentário e depósitos de nicotina. Se mascada com mel, purifica as vias nasofaríngeas, além de ser muito eficiente nos casos de sinusite.
Geleia real: O subproduto do mel é fabricado com a parte conhecida como “saborá”, substância amarelada que tem propriedades medicinais. O consumo da geleia eliminação o cansaço físico e mental, abre o apetite e ativa as funções cerebrais, além de ter efeito antioxidante.