A importância do servidor público em tempos de pandemia

Cresci ouvindo que a melhor escolha para um jovem acreano era ser aprovado em um concurso público, por conta de melhores salários e estabilidade, afinal, nossa economia estadual girava em torno disso. Eu me formei em Administração em uma instituição de ensino local, trabalhei no serviço privado por alguns anos, e lá aprendi que era eu quem mantinha a minha empregabilidade, pois, afinal, um bom colaborador não é demitido.

Em 2007, consegui ser aprovada em concurso estadual, em cargo correspondente à minha formação, no Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen/AC). A convocação ocorreu dentro do prazo de validade do certame.

Passei a exercer minhas qualificações laborais no serviço público, obedecendo a todos os parâmetros administrativos e legais, compreendendo minha função como servidora, meus direitos, e também meus deveres. Confesso que, no início dessa nova jornada profissional, houve um choque cultural de realidades, em que muitas  vezes o servidor deseja prestar um bom trabalho naquilo que executa, porém, na maior parte da administração pública falta estrutura de suporte para isso.

Com os anos, ouvi por diversas vezes que o serviço público oferecido pelo Estado era e continua ruim, que era assim mesmo, que com os anos passaria a me acostumar e não adiantava lutar contra isso, pois “para que ou para quem prestar um bom serviço?”, ninguém reconheceria mesmo.

Em parte até concordo um pouco, porém a administração pública é para o cidadão. A máquina pública e o Estado se movem, ou deveriam se mover em prol do bem coletivo.

Por que não ter um atendimento público diferenciado? Como se estivéssemos prestando um bom serviço aos nossos “clientes”, e na realidade, realmente estamos, o cidadão é o cliente, nosso alvo de satisfação.

Neste período de pandemia ficou bem clara a importância do serviço público no atendimento à população. Enquanto tudo parou, a administração pública, por meio de seus servidores, tem realizado atendimentos em diversas áreas, como saúde, segurança e outras.

Profissionais se revezam em seus postos de trabalho para atender a grande demanda, e assim contribuem para restabelecer a ordem das coisas, em prol do bem coletivo, em prol da vida.

Continuo a me questionar: serviço publico é ruim? Talvez sim, em algumas áreas; talvez não, em outras, uma coisa é certa, há “profissionais e profissionais”.

Os anos passam e continuo aprendendo, mesmo sendo uma servidora pública que tem a tão desejada “estabilidade”, ainda sou eu que continuo a manter a minha empregabilidade. Posso, no desenvolvimento do meu trabalho, dar o meu melhor, entendendo que o público ao qual atendo merece sim ser tratado com respeito e cordialidade.

A boa qualidade nos serviços prestado por um Estado à sua população não depende só dos governantes, o servidor público também tem um papel fundamental nisso. Somos nós que, por meio de nossas funções, atendemos à grande demanda, atendemos o próximo.

A qualquer tempo, em especial esse que temos vivido, cresceu minha admiração por aqueles servidores que exercem com amor suas funções. Apesar de todos os contratempos, não devemos esquecer que todos nós somos importantes na engrenagem pública, estamos na luta dia após dia. Trocam-se os governos, trocam-se os gestores e chefes, e continuamos sendo servidores públicos, em prol do bem coletivo.

 

Josiane Barros é servidora pública do Estado, administradora, com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e pós- graduada em Administração Pública. Atualmente exerce a função de coordenadora da Folha de Pagamento na Divisão de Gestão de Pessoas do Iapen

 

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