A importância da participação das mulheres no Saneamento Brasileiro

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua em 2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres no Brasil é superior ao de homens. Mais precisamente, a população brasileira é composta por 48,20% de homens e 51,80% de mulheres.  Ainda segundo o mesmo estudo, a taxa de participação das mulheres com 15 anos de idade ou mais no mercado de trabalho foi de 54,5%. Olhando para esses números, em quais postos de trabalho estariam então essas mulheres?

Estudo recente publicado no jornal Valor Econômico mostra que o setor de serviços ainda é o que mais abre vagas para gestoras. É fato que os papéis socialmente atribuídos a homens ou mulheres ainda influenciam na escolha das profissões, mas fechando a lente para a área de saneamento básico, na qual homens ainda são a grande maioria, é possível observar um aumento considerável do número de mulheres no setor.

Segundo pesquisa realizada pela Grant Thornton, as mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança no país. Dentre as vinte e seis companhias que integram a Associação Brasileira das Empresas de Saneamento (Aesbe), três delas são presididas por mulheres.

No Acre, a presença das mulheres no Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre (Saneacre), autarquia estatal responsável pelos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário nos 21 municípios do interior do estado, também é crescente.  Atualmente, no universo de 410 servidores, 124 são mulheres, grande parte desempenhando papéis importantes.

À frente da Diretoria de Planejamento e Projeto de Saneamento (DIPPS) está a engenheira civil Daniela Tamwing. Além da Divisão de Controle de Contratos e Convênios (Dicon) e Recursos Humanos, também chefiadas por mulheres, no interior, as mulheres respondem por duas gerências, uma no município de Senador Guiomard, outra em Vila Campinas. Na ponta, em contato direto com o cliente, grande grupo de profissionais como engenheiras, geólogas, leituristas, laboratoristas, motoristas, atuam ao lado dos demais profissionais homens, que integram o time Saneacre.

Se por um lado elas ainda são minoria, insta salientar que a presença dessas mulheres corrobora para desconstruir conceitos pré-concebidos que ainda colocam o saneamento como área majoritariamente masculina. A cada dia, com maestria, elas demonstram determinação e competência que imprimem diferencial ao exercício de suas funções, e seguem conquistando o respeito de colegas de trabalho e da sociedade como um todo.

Dentre os pilares do ESG (sigla em inglês para ambiente social e governança), a diversidade, que inclui a questão de gênero, está entre as mais importantes. Estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostra que o Brasil poderia expandir sua economia em até R$ 382 bilhões ao longo de oito anos se aumentasse em 1/4 a inserção das mulheres no mercado de trabalho até 2025.

O caminho para o aumento da participação das mulheres no mercado, inclusive no setor de saneamento, pode ser ainda longo, mas a ampliação de políticas sociais, aliada ao desenvolvimento de ações positivas no âmbito de setores como educação e saúde, é uma estratégia que, a médio e longo prazo, poderá mudar os indicadores atuais.

Cleide Santos é assessora de comunicação do Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre (Saneacre), publicitária, jornalista e mestra em Educação.