A força do trabalho em tempos de Covid-19

Sempre ouvi os mais velhos falarem, principalmente o meu pai, que o trabalho é uma fonte inesgotável de realizações e bem-estar na vida das pessoas, e eu concordo plenamente com eles. Pela força do trabalho, é possível superar os obstáculos e neutralizar sentimentos ruins que habitam em todos os corações. A pessoa humana não pode ser classificada como 100% boa ou 100% ruim, ela é movida a sentimentos que, uma vez provocados, despertam-nas para as escolhas cuja tendência estiver mais aguçada dentro de si: fazer o bem ou fazer o mal.

Aos dez anos de idade, por força maior, fui obrigada a conhecer a realidade do trabalho, a fim de suprir as necessidades básicas de quem estava sem um lar para chamar de seu, sem entendimento da vida adulta e com muitos sonhos da inocência infantil.

O trabalho foi o caminho real de superação, não importando o que fiz, se fui empregada doméstica, babá, balconista, cobradora de transporte coletivo, lavadora de carro, garçonete ou outros, afinal, todo trabalho é digno, desde que seja honesto.

O que mais valeu a pena foi a escolha de trabalhar e ganhar o meu sustento, baseada em princípios e valores como respeito, ética e empatia. São 40 anos de muito trabalho em níveis de grande satisfação profissional, outros de pouco reconhecimento e valorização. Porém, fazer o meu trabalho, oferecer a outro o meu melhor sempre foi e será a mola propulsora para sair da minha casa todos os dias.

O cenário de hoje apresentou em sua plenitude o quanto é importante a força de trabalho exercido com amor, exalando solidariedade, doando literalmente o sangue para salvar outras vidas com as quais nunca tivemos contato, que não são de nossas entranhas, mas que dependiam e dependem totalmente de mãos que representam uma força capaz de vencer o inimigo invisível. Aqui, posso falar com muita honra dos grandes guerreiros que são todos os trabalhadores em saúde, segurança e tantas outras áreas das forças que jamais poderão parar, sob pena de perder vidas.

Acredito que a Covid-19, esse vírus cruel, que dilacerou vidas, afetando grandes potências econômicas e parando o mundo, também serviu para despertar tais reflexões: será que essa força de trabalho, esse valor mensurável está sendo gerenciado e valorizado?

O capital intelectual dessa força seguramente é a parte mais valiosa de uma instituição, então se faz necessário um olhar cuidadoso, um acolhimento humanizado, potencializando os valores empíricos, incluindo os saberes para uma geração de sucesso e com oportunidades de trabalhar, viver e ser feliz, superando as dificuldades, combatendo o sentimento de sofrimento e anulando o mal que destrói vidas.

Portanto, existe a necessidade do olhar holístico, a vontade do querer fazer e fazer o melhor pela coletividade, enfatizando valores que todos os seres têm, independente de sua situação e condição.

 

 

Francinete Moreira Barros – Ativista em Políticas Sociais, Graduada em Gestão de Pessoas, specializada em Gestão por Competências, ós-Graduanda em Informática em Saúde, Chefe de Departamento Humanização na Secretaria de Estado de Saúde e coordenadora da Brigada de Enfrentamento e Combate a Contaminação entre os Servidores em Saúde.

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