Certa vez o pai da Teoria da Relatividade, Albert Einstein, disse: “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”. Constato de forma triste essa verdade. Digo isso, pois nos últimos dias pude ver o preconceito de alguns circulando na Redes Sociais mascarados de manchetes.
Digo preconceito porque para mim é a única explicação plausível para o caso envolvendo o Manual de Redes Sociais editado pela Secretaria de Estado de Comunicação e construído pelos jornalistas que compõem o time de assessores do Governo do Acre. É com pesar que vejo um documento de cunho estritamente interno, que de nenhuma forma irá dirigir posturas de cunho privado, mas de natureza profissional, servir de massa de manobra das opiniões alheias quando na verdade o que se busca é atingir o Governo do Estado, pelas mais diversas intenções.
Quero deixar claro aqui que não estou defendo o governador Tião Viana, até porque acredito que: primeiro, ele não precisa ser defendido por mim, sua gestão já o tem feito por ele e segundo, é nas urnas que o povo irá dizer se aprova ou não o seu trabalho. Isto é um fato, doa a quem doer! Quero defender a informação séria e a democracia. Sim! Quero defender dois institutos extremamente necessários para a sociedade, pois acredito que eles podem e devem caminhar juntos, que zelar por isto deve ser a essência de todo bom e sério jornalista.
Na América Latina temos visto oligarquias midiáticas impondo suas verdades como forma de manter o monopólio da informação. Utilizando como tática ideológica o argumento de que qualquer tipo de intervenção é uma afronta a liberdade de expressão. Não vou tão longe no debate ao abordar o episódio acreano, até porque em se tratando de alguns é supervalorizar o poder de compreensão e análise do contexto sociológico, mas uso esse exemplo para demonstrar como a mídia, seja impressa, televisiva ou um simples blog tem o poder de dirigir as massas a acreditarem numa verdade pré-estabelecida e que nem sempre reflete a realidade.
Manipular a informação ao ponto de fazer a sociedade acreana e, principalmente, o servidor público acreditar que está obrigado a retweetar o governador é utilizar, na sua devida proporção, a mesma artimanha utilizada ao longo da história brasileira pelos mais diversos grupos políticos e econômicos que controlam os grandes conglomerados de comunicação no país. Grupos estes que validaram perante a sociedade o Regime Militar e quase duas décadas após o fim da ditadura impediram que o Congresso Nacional votasse o projeto do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ). Conselho este que se propunha a “uma cultura de respeito ao Código de Ética dos Jornalistas”.
A grande mídia, ou melhor os empresários do setor, realizaram uma oposição violenta e o governo foi acusado pela massa de stalinista, totalitários, autoritário, centralizador, dirigista, radical e antidemocrático durante a campanha eleitoral. Resultado, a Câmara dos Deputados acabou rejeitando a proposta. Outro exemplo foi à discussão acerca da criação da Ancinav, cuja proposta consistia em transformar a Agência Nacional de Cinema num órgão para regular e fiscalizar a produção e distribuição de conteúdos audiovisuais. O projeto, no entanto, sofreu um intenso rechaço dos veículos de comunicação, e foi engavetado pelo governo que preferiu retomá-lo apenas quando uma regulação mais ampla fosse construída.
A história nos mostra que a manipulação, consciente ou não, da informação desinforma a sociedade ao mesmo tempo em que enfraquece a democracia. Por isto não posso ficar calada quando vejo jornalistas que deveriam zelar pela ética e pela informação de qualidade agindo na contramão destes preceitos. Que tenham posição político partidária divergentes não me importa. Posições como está são de cunho estritamente pessoal. Que fiscalizem e denuncie às ingerências, este é o papel do profissional de imprensa. Mas que nunca, em nenhum momento manipulem a verdade sob pena de se fazê-lo correrem o risco de com o tempo perderem de vez a credibilidade.
Para concluir, utilizo outra frase do grande cientista Albert Einstein, uma forma de convidar não apenas os jornalistas, mas toda a sociedade acreana a reflexão. “A Maioria de nós prefere olhar para fora e não para dentro de si mesmo.”
Rachel Moreira é jornalista, advogada e assessora jurídica da Secretaria de Estado de Comunicação