25 mil compareceram ao último dia do evento junino que contou com a premiação das três quadrilhas vencedoras do tradicional concurso
Considerado um dos maiores eventos do calendário artístico-cultural do Acre, o Arraial Cultural conseguiu mais uma vez alcançar seu objetivo de promover e revitalizar as tradições populares fortes vertentes da nossa cultura. O público prestigiou os sete dias de eventos, totalizando segundo dados divulgados pela coordenação cerca de 100 mil pessoas. No domingo (5), cerca de 25 mil pessoas compareceram ao evento para assistirem a apresentação e premiação das três quadrilhas vencedoras, os grupos Pega-Pega (1º lugar), JTC na Roça (2º lugar) e Fogo no Rabo (3º lugar), além da entrega dos prêmios ao Melhor Noivo, Melhor Noiva, Personagem Destaque, Melhor Animador e a Rainha do Arraial Cultural. A programação de encerramento trouxe também a Quadrilha da Terceira Idade do Sesc, show da Banda Pimenta de Cheiro com Verônica Padrão e Ferniney e apresentação da Unidos na Roça, de Boca do Acre com O Seringueiro, no ritmo de Ciranda Amazônica.
O presidente da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour, Daniel Zen fez a entrega da premiação a primeira colocada no concurso, a Pega-Pega, tetracampeã do Arraial Cultural. A quadrilha recebeu um cheque no valor de R$ 3.500 reais e uma viagem a Fortaleza com ônibus fretado onde participará do Festival Nacional de Quadrilhas.
A quadrilha vencedora é formada por brincantes do bairro Conquista. Ao longo dos seus 13 anos conquistou vários prêmios, entre eles o de tri-campeã do Arraial Cultural. Foi Campeã do XXIV Festival de Quadrilhas do SESC e do 1° Festival Estadual que deu direito a quadrilha representar o Estado do Acre no Concurso Nacional pela segunda vez.
Com o tema Com amor a São João, Sou Pega-Pega de Coração, a Pega-Pega com 46 brincantes trouxe um figurino customizado com elementos típicos da festa de São João: balões, bandeirinhas e fogueiras, de acordo com a temática proposta. Sua performance logo de entrada contagiou a platéia, que cantou junto com o grupo trechos da música Olha pro Céu, de Luiz Gonzaga.
"Nós passamos quinze dias sem dormir organizando tudo, todos nós juntos e unidos, para competirmos e chegarmos na final. Vencer estava nos planos, principalmente porque a disputa a cada ano está bem acirrada, todos os grupos estão de parabéns, e agradeço ao governo do Estado, a FEM e toda equipe da organização que mais uma vez promoveu esse grande evento de cultura popular, fortalecendo o movimento de quadrilhas. Representar o Acre no concurso nacional é muito gratificante", disse Adelcimar Santos, coordenador da Pega-Pega.
Daniel Zen explicou a importância do arraial como um festejo da cultura popular acreana que promove a permanência das expressões tradicionais e aproveitou para agradecer ao público pelo sucesso do evento.
"Através das diferentes linguagens artísticas e das brincadeiras o arraial revitaliza a cultura popular e com isso acaba trazendo para as pessoas à convivência das diferentes gerações. O público é o principal responsável pelo sucesso, pois respondeu ao chamamento comparecendo em massa durante os sete dias de evento, que reúne a família acreana. Nós só temos a agradecer a todos pelo sucesso".
Para o presidente da Liga das Quadrilhas, Aurimar Fidelis, o público que deu a resposta "para nós, e principalmente para a população mais uma vez o Arraial foi um espetáculo, o saldo foi positivo. A cada ano vemos que o governo do Estado investe com a preocupação de revitalizar a cultura popular. Isso para as quadrilhas é maravilhoso, pois elas têm que mostrar o melhor no conjunto, do casamento ao figurino. E já podemos notar que elas estão atentas nesse sentido. Quero parabenizar as três quadrilhas vencedoras".
Revitalização da cultura junina – Para Karla Martins, coordenadora do evento, o Arraial entrou definitivamente no calendário cultural do Acre. Martins faz uma avalização positiva em toda sua programação de atividades com shows, brincadeiras tradicionais, comidas típicas, folguedos populares e outros, mas propõe dois desafios para as próximas edições.
"Nós que trabalhamos há 11 anos nesse projeto, precisamos estimular a revitalização da cultura junina nos bairros, pois todas as relações que acontecem nesses sete dias de evento, de amizade, união, de uma festa da família, necessitam ‘contaminar’ os moradores dos bairros reforçando os laços e as relações positivas que o arraial propicia", esse é o primeiro desafio posto pela coordenadora. O segundo é que em 2010 o Acre sediará o Concurso Nacional de Quadrilhas, evento que acontecerá pela primeira vez em um estado da região Norte.
"Cerca de 600 pessoas, quadrilheiros principalmente de grupos do Nordeste, que nunca visitaram um estado do Norte, estarão pela primeira vez no Acre. Para nós será realmente um desafio acolher da melhor forma possível esses brincantes, principalmente porque estaremos fazendo um intercâmbio com o melhor da cultura popular, revitalizando nossas raízes, de nossos descendentes. Esses grupos estarão concorrendo ao título de melhor quadrilha do Brasil. Esse projeto é um grande desafio".
Após a premiação as três quadrilhas se apresentaram na Arena dos Folguedos levantando a platéia que aplaudia a cada performance.
Promovido pelo governo do Estado por meio da Fundação Elias Mansour com o apoio da Prefeitura de Rio Branco, através da Fundação Garibaldi Brasil e da Liga das Quadrilhas, o 11º Arraial Cultural encerrou com uma espetacular queima de fogos comprovando ser um dos fortes eventos de expressão das diversas manifestações populares no Acre.
Renda aos pequenos produtores
Além de procurar revitalizar a cultura popular, o Arraial gerou renda aos pequenos produtores, quituteiros e artesãos. Nos sete dias de festa, foram colocados à disposição do público, produtos artesanais e pratos da culinária regional, no espaço Terreiro dos Quitutes.
Na Casa de Farinha montada do Terreiro dos Quitutes a produtora Maria Gertrudes Alves de Sousa comercializou tapiocas feitas na hora e ao gosto do freguês. Ela veio de um seringal, localizado próximo ao município de Jordão, onde aprendeu desde cedo com os pais à arte do ofício. Dona Gertrudes diz que a fabricação de tapiocas é que têm permitido a sobrevivência da família.
"Já perdi a conta de quantos anos faço tapioca. Enfrentei muitas dificuldades financeiras quando vim morar em Rio Branco, mas graças ao meu trabalho, tenho conseguido dar uma vida digna a meus cinco filhos. Iniciativas como essas, promovidas pelo governo do Estado, servem para melhorar a nossa renda. Graças ao Arraial tive a oportunidade de economizar um bom dinheiro".
Para a quituteira Sandra Lopes o resultado apurado com a comercialização de doces e bolos foi satisfatório "a gente vende e ainda faz amigos. Estou feliz com que vendi. É uma honra participar deste evento, primeiro porque é um espaço que nós conquistamos. Acho importante para nós acreanos um evento como o Arraial. A cultura popular faz parte de nossa vida e algo típica do acreano".
"É um evento importante que mobiliza a economia de mercado fazendo circular produtos. Gera empregos diretos das diferentes maneiras. Neste Arraial são mais de mil pessoas trabalhando diretamente nas diversas atividades melhorando a renda de famílias que estão na economia informal", adiantou Daniel Zen.