Comissão Pró-Índio conclui formação de Agentes Agroflorestais Indígenas

Em aulas práticas, índios aprendem técnicas de criação e manejo de animais domésticos e silvestres

 

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Curso visa capacitação de índios com técnicas de criação e manejo de animais domésticos e silvestres, possibilitando mais autonomia alimentar às aldeias (Foto: Fabrício Bianchini/Assessoria CPI)

Trinta Agentes Agroflorestais Indígenas (AAFIs) finalizam o curso de manejo de animais no Centro de Formação Povos da Floresta da Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC). As aulas, iniciadas no dia 1º deste mês, visam capacitar os índios nas técnicas de criação e manejo de animais domésticos e silvestres, possibilitando mais autonomia alimentar às aldeias.

No curso, foram ensinados o manejo de aves de grande porte e os benefícios econômicos e alimentares que esse exercício pode trazer às comunidades indígenas. Nas aulas práticas, os índios aprenderam como se criam esses animais, alimentando-os e construindo abrigos, além de conhecerem como se desenvolve uma criação de abelhas melíponas e uma plantação de hortas, entre outras atividades.

A geografia da Amazônia também foi explicada aos AAFIs, que estudaram sobre as mudanças climáticas, sustentabilidade, bacias hidrográficas e o uso e manejo de recursos naturais. Durante a formação, houve uma oficina de arte e ofício, na qual os alunos aprenderam a fazer colares, anéis, cadeiras e outros objetos.

Além das aulas teóricas e práticas, os indígenas realizaram visitas a locais de criação de aves e quelônios e a um projeto da Universidade Federal do Acre (Ufac) que trabalha com animais silvestres para detectar doenças que afetam o homem. O coordenador do curso, Fabrício Bianchini, afirmou que as visitas a campo possibilitam conhecer o trabalho de outras pessoas sobre a criação e manejo desses animais.

Para ele, a criação está ligada à segurança alimentar da comunidade, aumentando a diversidade de alimentos disponíveis nas terras indígenas. “O estudo da criação de aves permite que os AAFIs tenham acesso ao conhecimento técnico e científico sobre como criar, preparar os abrigos e reproduzir os animais para que sejam distribuídos para outras famílias produzirem uma fonte de alimento na aldeia”, explica.

Participam do curso índios das etnias Huni Kui (Kaxinawá), Poyanawaq, Yawanawá, Katukina, Shanenawa, Ashaninka, Shawadawá, Nukini e Manchineri. Eles vieram de diversos municípios como Manuel Urbano, Sena Madureira, Assis Brasil, Mâncio Lima, Porto Walter, Cruzeiro do Sul, Marechal Thaumaturgo e Feijó.

A maioria dos alunos está fazendo formação para AAFI pela primeira vez, como é o caso de Edivilson Kepanã Poyanawa, da Aldeia Barão, localizada na Terra Indígena Barão Ipiranga. Ele conta que esse curso está sendo importante porque na aldeia onde mora há muitas terras se perdendo por falta de utilização, e agora vai plantar do jeito que aprendeu no curso. “Estou estudando o que nunca tinha estudado. Por isso me dediquei muito, para quando eu chegar lá na minha aldeia passar tudo para meus parentes”, disse.

Já Amiraldo Sereno Kaxinawá, da Aldeia Segredo do Artesão, na Terra Indígena Praia do Carapanã, está fazendo um curso para Agente Agroflorestal pela terceira vez e conta que está realizando o sonho de aprender a criar e manejar animais. “A gente sempre teve dificuldade de fazer um canteiro. O que eu percebi do meu estudo vou levar para minha comunidade. Nesse ponto, eu avaliei que foi um trabalho ótimo.”

No encerramento do curso, cada AAFI receberá um casal de peru e ganso para levar à comunidade e iniciar o que aprendeu com os professores durante esses dias. O curso para manejo de animais domésticos e silvestres é a 16ª formação do currículo dos AAFIs no Estado. Realizado pela CPI/AC dentro do projeto Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas do Acre, coordenado pela Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (Amaaiac), a formação tem o apoio dos Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas (PDPI) e da Rainforest Foundation Noruega (RFN).

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