“É quando eu vou me levantar…”. O verso traduzido de Stand Up, interpretado com força e sensibilidade por Ana Júlia Costa do Ó, ecoou como um manifesto na grande final do Festival Vozes na Rede. Mais do que uma canção, a música simbolizou o que se viu naquela noite: estudantes superando o medo, enfrentando inseguranças e ocupando, com orgulho, um palco que também representava sonhos possíveis.

Nesta sexta-feira, 12, o Centro de Convenções da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco, foi tomado por emoção, aplausos e identidade cultural. Vinte finalistas, representantes de diversos municípios do estado, subiram ao palco esbanjando talento, confiança e regionalidade, na culminância de um festival que revelou vozes e histórias de superação em toda a rede pública.
Uma vitória que começou com coragem
Vencedora da noite e do prêmio de R$ 10 mil, Ana Júlia, estudante da Escola José Ribamar Batista (Ejorb), de Rio Branco, conquistou jurados e plateia. A apresentação marcou não apenas pela técnica vocal, mas pela entrega emocional de quem quase desistiu antes mesmo de tentar.

“Eu mandei a música sem ter certeza. Pensei: ‘Meu Deus, são dois desafios: a técnica e o inglês’. Mas no fim, eu me diverti, me senti segura. Claro que dá aquele frio na barriga, acho que é de todo mundo”, contou. Incentivada por amigos, apoiada pela família, orientada por tios músicos e pela professora de artes, Ana Júlia transformou a timidez em potência. “Sou prova viva de que iniciativas assim são necessárias. Tem muita gente talentosa que não acredita em si mesma”, afirmou.
Talento que vem de longe e emociona
Empatada com o primeiro lugar, mas desempatada pelo critério de voto popular previsto no edital, a estudante Kayla Albuquerque, da Escola José Gurgel Rabelo, em Feijó, ficou com o segundo lugar e o prêmio de R$ 5 mil. Ao som de Vem com Josué Lutar em Jericó, a feijoense envolveu o público com presença de palco e emoção.

Nervosa, mas confiante, Kayla falou da longa viagem até a capital e da alegria de estar ali. Sobre o prêmio, revelou planos que emocionaram: ajudar uma pessoa próxima em tratamento contra o câncer e retribuir, com fé, tudo o que conquistou. “Essas ações inspiram. Fazem a gente acreditar que também pode.”
Voz, fé e gratidão no pódio
O terceiro lugar ficou com Joel Costa, de Sena Madureira, estudante da Escola Assis Vasconcelos, que encantou a plateia com a canção És. Carismático e emocionado, Joel celebrou o apoio da escola, da família e da comunidade.

“É gratificante demais. Esse projeto descobre talentos e precisa continuar. Vou investir no meu futuro, dar entrada numa faculdade e seguir em frente”, disse.
Um festival que mobilizou o Acre
Transmitida ao vivo, a final do Vozes na Rede mobilizou o estado inteiro. Pela votação online, com mais de 31 mil votos, a estudante Luma Mendonça, do município do Jordão, conquistou o prêmio de destaque popular, com 21% dos votos, representando mais de cinco mil apoios. “Sou muito grata a todos que acreditaram em mim. Isso é sobre apoio, família e oportunidade”, declarou a aluna da Escola Jairo de Figueiredo Melo.

Para o chefe da Assessoria de Articulação Institucional da SEE, Weverton da Silva Matias, o festival cumpriu seu papel. “Foram mais de 700 inscritos, centenas de escolas mobilizadas, quatro semifinais regionais e estudantes que enfrentaram longas viagens para chegar até aqui. O balanço é extremamente positivo. Esse é um evento piloto que inaugura um novo tempo: fortalecer o protagonismo juvenil e dar luz aos talentos da nossa rede.”
O apoio que vem da plateia e do coração
Na plateia, famílias viveram cada nota como se fosse sua. Angelina Gomes, mãe de Vitor Queiroz, de Cruzeiro do Sul, falou da emoção de acompanhar o filho. “É uma oportunidade que a gente não teve. Estou feliz demais, sem palavras.” Já Damiana Martins, mãe de Diego Fernandes, destacou o orgulho e a importância da inclusão. “Ele é uma pessoa com deficiência e está aqui mostrando que todo mundo tem direito de cantar e de sonhar.”

Primeiro a se apresentar na noite, Diego Fernandes, de Porto Acre, emocionou o público com Mas Eu Te Amo. Com voz potente e presença marcante, o estudante da Escola União e Progresso mostrou que não há barreiras quando há apoio e oportunidade. “Independentemente da dificuldade, não há limites”, afirmou, sob aplausos calorosos.
Vozes que seguem ecoando
Outros finalistas também levaram para casa mais do que prêmios: levaram experiências. Luara Oliveira, de Acrelândia, falou do aprendizado e das portas que se abrem; Cawan de Araújo, de Rio Branco, destacou a importância de revelar talentos escondidos nas escolas; Wanna Novais, de Assis Brasil, celebrou a chance de brilhar e investir nos estudos; e Vitor Queiroz, de Cruzeiro do Sul, resumiu o sentimento comum: vencer o medo, cantar e acreditar.









































