Binho em discurso no Peru: Trabalhar juntos é multiplicar forças e sonhar juntos é fazer realidade.

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Senhor presidente Hugo Gonzalez, senhor alcaide de Cuzco, Luiz Flores, Senhor Embaixador do Brasil Jorge Tunai, autoridades, cidadãos e empresários peruanos; autoridades e empresários brasileiros e acreanos aqui presentes; senhores e senhoras.

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Há poucos dias tive a honra de receber em Rio Branco o presidente da República do Peru, Alan Garcia, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

Junto com a comunidade e o empresariado acreano, o presidente Lula e eu recebemos empresários peruanos e autoridades de departamentos e cidades fronteiriços com o Acre e o Brasil, como o presidente Hugo Gonzales.

Tivemos lá um dia de trabalho muito proveitoso.

Foram tratados assuntos de muita importância para o desenvolvimento compartilhado dos nossos países, como o financiamento brasileiro para a produção de energia limpa no Peru.

Tratamos da integração Brasil/Peru. E com muito interesse dos presidentes Garcia e Lula, trabalhamos especialmente no nivelamento de informações e nos ajustes necessários ao melhor desdobramento possível das ações em curso para a integração regional nas nossas fronteiras.

Nossa Rodovia Interoceânica foi a motivação especial do evento. E o avanço das obras aqui em território peruano levou ainda mais otimismo àquele encontro de Rio Branco.

Agora, poucos dias depois do encontro dos presidentes Lula e Garcia no Acre, a realização desta Semana da Amazônia Brasileira aqui em Cuzco reafirma que temos razões para nos aproximar cada vez mais.

O que estamos fazendo aqui é cuidar da seqüência do trabalho de realização do sonho da integração regional na nossa fronteira.

O turismo, objeto deste evento, é uma atividade que permite vislumbrar todo o conjunto de possibilidades econômicas capazes de alavancar o desenvolvimento sustentável nessa fronteira amazônica, produzindo justiça social para suas populações, valorizando as culturas locais e fortalecendo os laços de amizade entre nossos povos.     

No encontro de Rio Branco, eu pude dizer aos presidentes Lula e Garcia que a solidariedade Sul-americana faz da nossa fronteira um campo de sentimentos compartilhados entre brasileiros e peruanos.

Como acredito que sentimentos sinceros inspiram confiança, também entendo que devemos compartilhar interesses econômicos regionais, desenvolvendo atividades e negócios para os quais temos vocação natural e capacidade de empreendimento.

E sem dúvidas, o turismo é uma das nossas mais fortes vocações.

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{xtypo_quote}Para oferecer nossos encantos ao Mundo, precisamos nos conhecer melhor. E para nos conhecer melhor, devemos nos visitar mais.{/xtypo_quote}

A implantação de uma linha de ônibus entre Porto Maldonado e Rio Branco foi um primeiro passo. Uma iniciativa importante, mas que apenas abre as possibilidades de nossa ligação terrestre pela Rodovia Interoceânica, sendo também precursora de uma linha aérea como alternativa de trânsito entre as duas cidades-pólo na nossa fronteira.   

A ligação desta região andina com o Acre é a chave para o desenvolvimento da Rota Turística Internacional Amazônia/Andes/Pacífico, formando um grande pólo de turismo com alto apelo ecológico e cultural, indo desde o sul do Peru até os estados brasileiros do Acre, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso.

É grande a contribuição que podemos prestar para o fortalecimento do Brasil e do Peru como destinos turísticos preferenciais na América do Sul.

Para isso, outra atitude tão urgente quanto possível é a superação de entraves burocráticos dos dois lados da fronteira, com melhoria da quantidade e da qualidade de serviços e recursos humanos em postos fronteiriços de controle.

Ainda existe muita desinformação, mas os governos do Peru e do Brasil estão buscando soluções institucionais e fazendo investimentos para melhorar serviços e desembaraçar o fluxo dos intercâmbios entre os dois países.

Os governos provinciais no Peru e o Governo do Acre também se empenham, mas nada dispensa nem diminui a necessidade e a importância da iniciativa das empresas e dos empreendedores.

É gratificante participar dessa Semana da Amazônia em Cuzco, que atesta a efetividade de brasileiros e peruanos no intercâmbio de informações, no fortalecimento das relações empresarias e na própria construção da integração.

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Disse que devemos nos conhecer melhor e fico obrigado a falar um pouco do Acre e do nosso trabalho pela integração regional na nossa fronteira, com ganhos econômicos e sociais para todos os peruanos e brasileiros dessa região.

O Acre tem um Projeto de Desenvolvimento Sustentável iniciado em 1999, que já se afirma como um dos mais consistentes esforços de crescimento com responsabilidade sócio-ambiental em curso no Brasil.

Sob articulação do Governo do Estado e efetivo apoio do presidente Lula, este projeto conta com o envolvimento e o protagonismo do setor produtivo-empresarial, de instituições não-governamentais, do movimento social e das próprias comunidades.

Trabalhando para construir uma economia limpa, justa e competitiva, estamos criando referência na industrialização de produtos florestais não-madeireiros e no manejo florestal sustentável, empresarial e comunitário.

Em apenas dez anos, dobramos o nosso Produto Interno Bruto.

E também firmamos as bases de um pacto social pela inclusão das comunidades e famílias mais pobres ao processo produtivo, melhorando a qualidade de vida nas cidades, no campo e na floresta.

Para nós, a educação de qualidade é um direito de todos. Acreditando nisso, tiramos o Acre do último lugar no ranking do Ministério da Educação entre os 27 estados brasileiros. Hoje estamos entre os 10 melhores estados em oferta e qualidade de educação pública.

Temos um Zoneamento Ecológico-Econômico construído e implantado como um amplo pacto que valoriza a produção com compromisso sócio-ambiental.

Nossas obras de infra-estrutura social e econômica somam investimentos expressivos. A projeção para o período de 2007 a 2010 é de aproximadamente dois mil e quinhentos dólares per capita. Uma marca importante, especialmente diante da crise econômica mundial que afeta a todos atualmente.

Com investimentos superiores a 2 milhões de dólares, o Governo do Acre implanta o Porto Seco de Rio Branco, que deve entrar em operação até o final do próximo ano.

Trata-se de uma solução de logística inteligente que, além de atender as necessidades regionais e fronteiriças, constitui uma alternativa imediata aos congestionados postos alfandegários do sul e sudeste do Brasil.

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É impressionante a força empreededora do Peru para enfrentar todas as dificuldades climáticas da Amazônia e construir uma rodovia que cruza a Cordilheira dos Andes.

Do nosso lado, o Acre trouxe o asfalto desde a divisa com o estado de Rondônia, até a fronteira Assis Brasil/Iñapari. Assim a Rodovia Interoceânica se confunde com as BR 317 e a BR 364, estradas federais brasileiras, ganhando conexões para todo o Brasil.

A Interoceânica também compõe a possibilidade da ligação multimodal com os portos de Manaus, de Belém e do Caribe Venezuelano – a partir do porto fluvial de Boca do Acre, no estado do Amazonas, e da hidrovia do rio Madeira, a partir de Porto Velho, Rondônia.

É bom lembrar que Assis Brasil/Iñapari não represente o único acesso no nosso esforço de integração. Iniciativas de muita expressão acontecem na fronteira Cruzeiro do Sul/Pucalpa e mesmo na tão isolada região de Santa Rosa/PuertoEsperanza.

Na direção da frente Cruzeiro do Sul/Pucalpa, a BR 364 tem investimentos da ordem de 500 milhões de dólares programados até 2010.

A BR 364 cria para a Rodovia Interoceânica uma conexão para o oeste do nosso Estado, até Cruzeiro do Sul, a pouco mais de 100 quilômetros de Pucalpa – o que deixa a possibilidade futura, mas concreta, de uma nova interligação rodoviária com o eixo rodoviário central do Peru.

O moderno Aeroporto Internacional de Cruzeiro do Sul, que acabamos de inaugurar, possibilita a imediata implantação de operações de transporte multimodal para Pucalpa, com muitas possibilidades de negócios.

E mesmo na tão isolada região de Santa Rosa/Puerto Esperanza, algo de muito esperançoso acontece, quando autoridades peruanas e brasileiras se unem na superação de entraves burocráticos para dar início à construção de um Aeroporto.

Reconheço aqui o esforço do Parlamento Acreano e o empenho pessoal do presidente da Assembléia Legislativa do Acre, deputado Edvaldo Magalhães aqui presente.

Isso é mais uma prova de que a integração regional converteu-se numa causa do povo acreano.  Tanto que estou aqui acompanhado, além do presidente do Parlamento e deputados, de uma comitiva de dezenas empresários e organizações representativas, do presidente do Tribunal de Justiça e do presidente do Ministério Público Estadual.

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E estas boas notícias podem, sim, ser entendidas como um convite para quem deseja investir e trabalhar no nosso Estado. Posso garantir que os expositores e empresários acreanos presentes a este evento, são potenciais parceiros para bons e produtivos negócios no Brasil e, certamente, também aqui no Peru.

Além de oportunidades convencionais, o Acre oferece a empresários brasileiros e peruanos a possibilidade da inovação e o atrativo de uma economia florestal referenciada na sustentabilidade.

Esse é o futuro e o presente dos melhores negócios.

O presidente Lula lançou recentemente um programa de compra de produtos sustentáveis pelo governo brasileiro.

E é bom lembrar o interesse especial dos mais ricos mercados do mundo pelos produtos desenvolvidos na Amazônia com responsabilidade sócio-ambiental.

Produtos e serviços – que se entenda bem – porque o  turismo está no centro do cardápio da comunidade internacional para uma economia sustentável na  Amazônia.  

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Estou encantado coma a beleza natural, cultural e histórica de Cuzco. Reconhecendo toda sua hospitalidade e acolhimento, o Acre tem se preparado para corresponder do outro lado da fronteira. 

Estamos tornando Rio Branco numa cidade moderna, com espaços para a cultura e o conhecimento, acesso livre à internet para toda a população ainda esse ano, serviço que até 2010 será disponível em todo o Estado.

Uma cidade preparada para ser base da integração na fronteira Brasil/Peru, aberta a todos os peruanos e brasileiros.

Nosso desafio de fazer com que o Acre seja o pólo estratégico para a integração regional na Amazônia Ocidental, a partir do fortalecimento do nosso intercâmbio com o Peru, é muito pouco diante das possibilidades.

Eu acredito na construção de um novo desenho regional. A conclusão das obras da Interoceânica e a disposição dos presidentes Lula e Alan Garcia de criar vôos regionais Cusco-Rio Branco vão contribuir para o surgimento de uma nova comunidade regional.

Não se trata apenas da relação de compra e venda entre empresários peruanos e brasileiros, mas da possibilidade de associação de empresários brasileiros e peruanos.  Posso antever sociedades binacionais investindo no Brasil e no Peru.

Podemos imaginar uma só região compartilhando culturas e conhecimentos diferentes, contribuindo para a construção de um novo marco civilizatório.

Por isso quero agradecer sinceramente as autoridades peruanas e cusqueñas pela forma como receberam e apoiaram a realização deste evento.

A Semana da Amazônia Brasileira em Cuzco é um sucesso de grande contribuição para os nossos propósitos comuns, assim como foi o Fórum Brasil/Peru, reunindo os presidentes Lula e Garcia em Rio Branco.

E aqui estamos nós novamente. Sonhando e trabalhando a integração.

Trabalhar juntos é multiplicar forças. E sonhar juntos é fazer realidade.

Será irresistível a união dos nossos destinos, formando uma rota de visitação que vai daqui de Cuzco, com seu Vale Sagrado,  até o Vale do Acre, a partir de onde Chico Mendes universalizou a luta dos Povos da Floresta do Brasil em defesa da Amazônia. 

Muito obrigado.

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