Representante do Ministério das Relações Exteriores fala sobre o tema durante a Semana da Amazônia Brasileira em Cusco
Segundo levantamento do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, 99,74% do transporte de mercadorias entre Brasil e Peru foi feito por via marítima. Apenas 0,09% por via terrestre. Os dados foram apresentados pelo representante do Ministério das Relações Exteriores, Carlos da Fonseca, durante a Semana da Amazônia Brasileira em Cusco e mostram o desafio e a importância de se promover a integração pela estrada entre os dois países.
Segundo Carlos Fonseca, a pavimentação da Interoceânica ligando o Brasil e o Peru, pelo Acre, segue conforme cronograma e todos os trechos deverão ser concluídos definitivamente até o final de 2010 e início de 2011.
Mas a pavimentação não é o único entrave nesse processo de integração terrestre. A falta de informação sobre o dois mercados, a barreira alfandegária, o número insuficiente de despachantes aduaneiros, regulamentação sanitária e fitossanitária diferentes, complexidade do sistema tributário brasileiros foram alguns dos pontos colocados como desafios a serem superados para concretização desse objetivo.
Para cada um desses problemas, o governo brasileiro em parceria com o governo peruano, discute alternativas e soluções, como por exemplo, a questão da regulamentação sanitária. "Está previsto para junho uma reunião entre técnicos da Anvisa e do Peru para intercâmbio de informações, de forma que a gente tenha um sistema mais unificado", afirmou Carlos da Fonseca.
O representante do Ministério apresentou uma planilha de custos que mostra como alguns produtos podem ser mais baratos para os estados brasileiros se forem adquiridos do Peru. A saca de cimento de 50 quilos, por exemplo, em Manaus sai a U$ 10 em média, enquanto no Peru custa U$ 6,20. O ferro, o vidro e produtos alimentícios como o peixe, o alho e a cebola são produtos mercadorias de interesse para exportação ao Brasil. "Há um potencial enorme de comércio entre os dois países. O encurtamento das distâncias com a conclusão da Interoceânica certamente vai trazer benefícios para a economia da região".
Para discutir os entraves existentes no processo de integração na fronteira, existe um Grupo de Trabalho Brasil-Peru sobre Cooperação Amazônica e Desenvolvimento Fronteiriço, que discute temas como a eliminação de entraves comerciais. O grupo promove ainda o fomento à atividades extrativistas, como a produção do látex, e a piscicultura. Há também o projeto que permitirá aos residentes das cidades de fronteira (Assis Brasil, no Acre, e Iñapari, no Peru) possam utilizar os serviços como saúde e educação de qualquer uma das duas cidades.