Reestruturação da rede de saúde, incentivo ao aleitamento materno e parceria entre governo do Estado e prefeituras estão entre os aspectos que proporcionaram as melhorias
O Programa de Inclusão Social e Desenvolvimento Econômico Sustentável do Estado do Acre (ProAcre), lançado pelo governador Binho Marques, tem como um dos focos a atenção integral à saúde da mulher e da criança. Para isso, estabeleceu metas e prazos. A reestruturação das redes de saúde, a ampliação do acesso aos serviços básicos, em especial os atendimentos de pré-natal, a realização de partos com qualidade, o acompanhamento especializado de bebês prematuros e, posteriormente, a assistência médica às crianças até um ano de vida estão entre as prioridades do governo estadual.
 Reestruturação das redes de saúde garante parto com qualidade e acompanhamento especializado aos bebês prematuros |
As melhorias serão gradativas, mas têm fortes impactos na vida daquelas pessoas que vivem de forma mais isolada. O programa prevê que as ações irão beneficiar duzentas mil pessoas em seis anos. Entre os vários índices estão o aumento de 34% para 56% de mulheres grávidas que fazem seis consultas de pré-natal; aumento da sobrevivência de 90% para 96% de recém-nascidos com baixo peso; aumento nas consultas ambulatoriais de 7%; e também o incremento de 5% para 50% do número de consultas médicas para mulheres grávidas em comunidade isoladas, e de 40% para 70% da quantidade de pré-natal.
De acordo com o secretário de Saúde, Osvaldo Leal, a rede de saúde do Estado está sendo preparada com foco na melhoria da qualidade da assistência. Um dos desafios será continuar reduzindo os índices de mortalidade infantil. O planejamento inclui investimentos para oferecer um pré-natal de qualidade, identificando as gestações de risco, com a ampliação das estruturas de UTI materno e infantil.
"A rede está sendo preparada a partir desse planejamento com foco para a mulher e a criança. Isso vai significar um avanço muito grande na qualidade e, consequentemente, na redução mais acentuada das taxas de mortalidade", disse.
Mortalidade em queda – A série histórica de mortalidade infantil tem apresentado índices decrescentes desde 1999 no Acre. Dados de 2000 revelam que a taxa de mortalidade era de 32,1, já em 2008 esse número chegou a 17,8, quando foram registrados 308 obtidos de crianças com até um ano de idade.
Reestruturação da rede é uma das estratégias de combate à mortalidade infantil
O Governo do Estado investe na reforma e construção de duas maternidades modelo no Acre para melhorar a qualidade de assistência ao parto, sendo uma em Cruzeiro do Sul e a outra na capital. As demais estruturas dos municípios estão em processo de readequação dos espaços, para que todas as unidades de saúde tenham um local adequado para oferecer um parto de qualidade. Em Marechal Thaumaturgo, Jordão, Rodrigues Alves e Santa Rosa, locais que ainda não possuem unidades preparadas, os ambientes serão construídos com a mesma proposta.
As maternidades referência irão oferecer unidades de tratamento intensivo neonatal. Outro diferencial será a implantação de casas de apoio em Cruzeiro do Sul e Rio Branco com o objetivo de abrigar as mães com gestação de alto risco de outros municípios. As novas estruturas físicas atendem as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a promoção do parto normal ainda mais humanizado com conforto, redução de mortalidade materna e neonatal e controle de riscos.
Depois da obra de reforma e ampliação, a Maternidade Bárbara Heliodora irá contar com UTI pediátrica, seis salas preparadas para a realização de partos humanizados, 88 leitos de enfermaria, leitos para recuperação pós-cirúrgica, ambientes para o alojamento conjunto de mães e bebês, centro cirúrgico e auditório.
Incentivo ao aleitamento materno exclusivo
 Adriana Araújo procura mensalmente acompanhar o crescimento da filha |
 Na maternidade, mamães verificam peso e crescimento dos pequenos |
 Governo também garante o treinamento dos profissionais que atuam no atendimento às mulheres |
O incentivo ao aleitamento exclusivamente materno até o sexto mês de vida dos bebês é considerado a ação mais impactante na redução da mortalidade infantil em crianças menores de cinco anos. De acordo com dados do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas do Ministério da Saúde, entre as intervenções preventivas, o aleitamento materno reduz em 13% as mortes evitáveis, enquanto os investimentos de água e saneamento, por exemplo, representam 3%.
"É comprovado que a intensificação das ações de incentivo ao aleitamento reduz os índices da mortalidade infantil. Acreditamos nesse método e investimos nele para continuar reduzindo os índices no Estado", ressaltou a gerente do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas, Gerlívia Maia.
No Acre, o trabalho de incentivo é realizado pela rede pública de saúde. As ações começam a ser desenvolvidas ainda no período de pré-natal, com as orientações das mães em relação à importância do aleitamento. Depois do nascimento, os profissionais do Centro de Incentivo ao Aleitamento Materno (CIAM) fazem o trabalho de campo, reforçando os benefícios do aleitamento exclusivo. A visita da mãe e do bebê às unidades de saúde, principalmente no primeiro ano de vida, é muito importante, pois é neste momento que o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança é realizado.
"Através do CIAM, estamos fortalecendo a rede com a capacitação dos profissionais para que eles incentivem as mães que buscam a unidade", destacou a responsável da Criança e Adolescente da Secretaria de Saúde de Rio Branco, Iana Sarah Bacelas Sarquis.
A fisioterapeuta Adriana Araújo de Oliveira é mãe da pequena Micaely, de 1 ano e quatro meses. Ela conta que desde o início da gestação recebeu orientações, e procura a unidade mensalmente para acompanhar o crescimento da filha e manter em dia a carteira de vacinação. "Comprovei na prática os benefícios do aleitamento exclusivo. Minha filha é uma criança saudável."
A ampliação da cobertura vacinal e das consultas de pré-natal é outro aspecto que tem contribuído para diminuir os índices de mortalidade infantil. Em Rio Branco, por exemplo, os serviços de atenção básica são oferecidos nos 14 centros e nas 54 unidades de saúde da família. Todos os enfermeiros da rede participaram de um processo de atualização em relação aos procedimentos que devem ser adotados para um pré-natal eficaz. Como resultado prático, o aumento do número de consultas e de mulheres que iniciam o procedimento.
O serviço de pré-natal também é ofertado na maternidade Bárbara Heliodora. Susy está com sete meses de gravidez. Por se tratar de uma gestação de risco, ela faz o acompanhamento mensal na maternidade. "Moro da Vila Albert Sampaio, tenho que acordar cedo para fazer as consultas. Mas tenho certeza da importância desse ato para a minha saúde e do meu bebê."
Grupo de Estímulo ao Aleitamento Materno e o Banco de Leite
O Grupo de Estímulo ao Aleitamento Materno (Geama) trabalha pelo apoio, incentivo e promoção do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês, e depois com a complementação alimentar pelo menos até os dois anos. As mães que fazem a opção por participar do Grupo começam a acompanhar o crescimento o desenvolvimento do bebê a partir do sétimo dia de nascimento. O programa prevê consultas semanais até o primeiro mês, de quinze em quinze dias no segundo e uma vez por mês depois dos três meses. A equipe é multidisciplinar e já atua há seis anos.
Mas existem aquelas mães cujos filhos nascem antes do previsto, e elas ainda não estão produzindo leite, ou mesmo aquelas que não conseguem amamentar. Para auxiliá-las sem prejudicar a saúde dos bebês, a Secretaria de Estado de Saúde, através da Maternidade Bárbara Heliodora, disponibiliza o serviço de Banco de Leite. O excesso de leite também pode ser doado. Para mais informações basta ligar para 0800 6471060.
