Secretário de Justiça e Direitos Humanos diz que investigações sobre os dois crimes terão apuração isenta, refletindo o posicionamento do Governo do Estado em tratar a questão com total transparência
A Polícia Civil instaurou inquérito e investiga as duas mortes ocorridas na tarde desta terça-feira, 7, nos presídios Antônio Amaro Alves e Francisco d’Oliveira Conde. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, o delegado geral da Polícia Civil, Emilson Farias, secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Henrique Corinto, e o diretor do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), Leonardo Carvalho, afirmaram que não há qualquer conexão entre a morte de Martini Martiniano e Davi José da Silva Queiroz, o Marreco.
A investigação para apurar a morte de Martini Martiniano, preso acusado de ter participado da morte do médico Abib Cury, é presidida pelos delegados Wanderley Thomas e Denise Pinho. Segundo o delegado Emilson Farias, Martiniano saiu para o banho de sol levando uma "teresa", corda confeccionada com lençóis, subiu a grade que divide o pátio das celas e se pulou de uma altura aproximada de 4 metros. Os médicos legistas confirmam morte por traumatismo craniano.
Exames de raio X e coleta de sangue foram solicitados para verificar se há registros de outras lesões. Seis testemunhas deverão ser ouvidas no processo que inclui também provas técnicas como cartas, agendas e fotografias feitas das paredes da cela que continham texto que indicava preocupação do preso com sua própria segurança. Por este motivo, um ofício expedido pela juíza Denise Bonfim, atendendo solicitação da família, orientava para que Martiniano ficasse em cela separada e tomasse banho de sol em horário diferente dos outros presos. "Ele pediu que os agentes não se aproximassem, disse que amava os familiares e se jogou", relata o delegado Emilson Farias.
Para o diretor do Iapen, Leonardo Carvalho, o fato de Martiniano ter passado para o banho de sol com a "teresa" pode indicar procedimento equivocado já que deve fazer parte da rotina a revista diária antes e após o banho de sol. "Se houve omissão, vai ser averiguado, investigado e medidas administrativas serão tomadas", garante.
A morte de Davi Queiroz, 20 anos, tem outra linha de investigação. Rogério Melo de Araújo, o Pequenês, confessou o crime cometido por esganadura, termo técnico usado para definir asfixia com as mãos. Ele passará por avaliação de peritos psiquiátricos porque momentos após o crime, teria apresentado surto psicótico.
José Henrique Corinto, secretário de Justiça e Direitos Humanos, diz que as investigações sobre os dois crimes terão apuração isenta, refletindo o posicionamento do Governo do Estado em tratar a questão com total transparência. "Nem a sociedade, nem nós admitimos que qualquer pessoa sob a tutela do estado sofra violência. Se houver qualquer indício de que há envolvimento de agentes, queremos a punição, mas considerando todos os direitos de defesa", diz.