O governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), entre os dias 26 e 29 de novembro, promove um ciclo de palestras aos pacientes em tratamento no Serviço de Assistência Especializada (SAE), localizado na Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre). O objetivo é antecipar e reforçar a campanha Dezembro Vermelho, mês dedicado à luta contra o HIV, a AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). As atividades buscam conscientizar sobre a prevenção, a assistência e os direitos das pessoas afetadas pelo HIV.
Segundo Jozadaque Beserra, coordenador do Núcleo Estadual de ISTs, o boletim epidemiológico orienta ações estratégicas: “O boletim vem com o objetivo de ver como está o comportamento do HIV e outras ISTs no estado. Ao avaliarmos o último boletim, vimos que precisamos investir mais em ações de prevenção e promoção à saúde. Hoje ganhamos com a prevenção combinada, que combina diferentes formas de prevenção para aumentar a segurança contra as ISTs”.
A região do Baixo Acre, que inclui a capital Rio Branco, concentra a maior parte dos casos, com mais de 88% das infecções registradas. Esse dado chama a atenção para a necessidade de intensificar a prevenção e os cuidados, especialmente nas áreas urbanas.
Edna Gonçalves, coordenadora do SAE, ressaltou a importância da prevenção e do papel do SAE na luta contra o HIV: “Nós, como referência, temos que primar pela prevenção. Embora a prevenção comece na rede básica de saúde, aqui, no SAE, também fazemos nossa parte, oferecendo apoio, informações e exames. Estamos promovendo a semana de testes rápidos, abordando temas como o uso da camisinha e a profilaxia pré-exposição (PrEP), que é um método eficaz para prevenir a infecção pelo HIV”.
Patrícia Andrade, médica infectologista, destacou que o número de diagnósticos de HIV tem crescido, especialmente entre os jovens. “Aos jovens, pedimos que se cuidem. Aconselhamos a realização de testes rápidos no posto de saúde a cada três meses, principalmente após relações sexuais desprotegidas. Caso haja risco de exposição ao HIV, a PrEP pode ser uma medida preventiva eficaz. Além disso, é importante lembrar que, mesmo com o uso da PrEP, outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) precisam de cuidados específicos”, afirmou a médica.
Aumento na demanda por tratamento
De acordo com Pablo Marques, farmacêutico do SAE, a procura pelos serviços de tratamento aumentou significativamente nos últimos meses. “Há uma procura maior por nosso serviço, especialmente para a profilaxia, a PrEP. Notamos que, nos últimos dois meses, o número de pacientes cadastrados no SAE tem aumentado. Estamos vendo uma maior demanda, principalmente entre jovens e até grávidas”, comentou.
O farmacêutico também observou o crescimento no número de casos de sífilis, outra IST que tem afetado a população. Além disso, a crescente procura por tratamento é acompanhada da preocupação com o aumento de infecções em mulheres grávidas, que necessitam de cuidados específicos para evitar a transmissão do HIV para o bebê.
Prevenção: PrEP e PEP
A profilaxia pré-exposição (PrEP) e a profilaxia pós-exposição (PEP) são ferramentas importantes na luta contra o HIV. A PrEP consiste em tomar medicamentos antes da relação sexual, preparando o organismo para se proteger contra o vírus. Já a PEP deve ser utilizada após uma situação de risco, como uma relação sexual desprotegida ou violência sexual, com o objetivo de evitar a infecção.
Ambos os métodos estão disponíveis no SUS e são uma importante estratégia de prevenção, especialmente para grupos mais vulneráveis, como jovens e pessoas com múltiplos parceiros sexuais. O Estado disponibiliza serviços de PrEP e PEP em unidades de saúde e três serviços especializados no Acre: na Fundhacre (Rio Branco), em Cruzeiro do Sul e em Sena Madureira.
Formas de Contágio e Prevenção
O HIV pode ser transmitido principalmente por via sexual desprotegida, pelo compartilhamento de seringas e agulhas, ou da mãe para o filho durante a gravidez, parto ou amamentação. Para prevenir a infecção, é essencial o uso de preservativos (camisinhas) durante todas as relações sexuais. Além disso, os testes rápidos de HIV são oferecidos gratuitamente pelo SUS, permitindo que qualquer pessoa possa realizar o exame de forma rápida e discreta.