Profissionais da Saúde do Acre apresentam estudos no maior congresso de medicina intensiva da América Latina

Profissionais intensivistas da Saúde do Acre apresentaram estudos e trabalhos desenvolvidos pelas equipes das unidades de tratamento intensivo (UTIs) do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) e do Hospital da Criança, no 29° Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI 2024), realizado em São Paulo na semana passada. O evento, considerado o maior congresso de medicina intensiva da América Latina, constituiu um fórum para discutir avanços na área, abordando desde novas tecnologias até práticas de humanização no atendimento a pacientes de UTI.

Saúde do Acre esteve representada por 13 profissionais no CBMI 2024. Foto: acervo pessoal

A participação das equipes, compostas por 13 profissionais, foi um marco, com a apresentação de quatro trabalhos que refletem a excelência e o comprometimento dos profissionais no desenvolvimento de práticas inovadoras. Aprovados para exposição no evento, os estudos abordaram temas como a reintegração plena dos pacientes nas UTIs, a aplicação de novas tecnologias e a importância do cuidado humanizado no contexto da terapia intensiva.

O acolhimento multiprofissional e a percepção das famílias de pacientes na UTI foi um dos trabalhos apresentados no evento, desenvolvido pela enfermeira Aurea Rodrigues. A proposta envolve recepcionar as famílias, explicar o funcionamento de uma UTI e esclarecer dúvidas, visando melhorar a experiência do familiar durante a internação do paciente. O estudo também avaliou a percepção dos familiares após esse processo de acolhimento, demonstrando a eficácia da humanização no ambiente hospitalar.

A enfermeira Aurea Rodrigues, apresentou o trabalho sobre o acolhimento multiprofissional e a percepção das famílias de pacientes na UTI. Foto: Acervo pessoal

De acordo com a médica e responsável técnica pela UTI do Huerb, Márcia Vasconcelos, a unidade já se destaca nacionalmente por manter odontólogo fixo no quadro da equipe de atendimento aos pacientes e pela promoção de uma atenção humanizada, que não se restringe somente aos pacientes, mas envolve o cuidado com familiares.

“Temos visita estendida, para os familiares acompanharem seus entes queridos por mais tempo, oferecemos acompanhamento com psicólogos para as famílias que vão passar por esse processo, além de um serviço social atuante”, relatou a intensivista.

Também foi destaque no evento o método de tratamento da sialorreia (produção excessiva de saliva) com fotobiomodulação a laser, apresentado pelo cirurgião-dentista Antônio Freire, dirigido a pacientes internados em UTI. A medida visa prevenir infecções associadas ao acúmulo de secreção, um fator que pode levar a pneumonias associadas a ventilação mecânica. O uso de laser como alternativa à atropina mostrou-se uma solução inovadora e eficaz.

“Apresentei o laser de baixa intensidade como tratamento inovador, levando em consideração que, em alta dose, pode causar uma paralisação celular, reduzindo o ciclo de salivação, beneficiando os pacientes sem gerar nenhum dano”, explica Freire.

Profissional apresentou trabalho desenvolvido na UTI do Acre. Foto: acervo pessoal

Outro trabalho apresentado foi o da cirurgiã-dentista Wânia Tojal, evidenciando a atuação da odontologia hospitalar como fator relevante na prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica, ao demonstrar a importância de intervenções odontológicas para prevenir complicações respiratórias graves em pacientes internados em UTI, com foco na manutenção da saúde bucal.

Ainda, foi apresentando o estudo que abordou estratégias nutricionais que podem melhorar o prognóstico de pacientes de UTI.

A presidente do CBMI 2024, Carmen Barbas, ressaltou que “a aplicação das novas tecnologias associada a um cuidado humanístico, centrado no paciente e respeitando suas necessidades individuais, é a principal meta deste congresso”.

Os profissionais planejam participar do CBMI 2025, que será realizado em Curitiba, com novos trabalhos e uma delegação maior, visando ao avanço nos métodos de atendimento à população, que se intensificaram com a criação da Regional Acreana de Terapia Intensiva, vinculada à Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) e que deverá ser oficializada ainda este ano ou no início do próximo.

A regional permitirá promover treinamentos e cursos com a chancela da Amib, qualificando profissionais da área. Além disso, ajudará a disseminar a visão de que terapia intensiva não é sinônimo de morte, mas de cuidado especializado e recuperação.

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