Iapen promove ação de saúde mental para detentas da Unidade Penitenciária Feminina de Rio Branco

Nesta quinta-feira, 14, uma atividade de musicoterapia marcou o encerramento das sessões de terapia com as detentas da Unidade Penitenciária Feminina de Rio Branco. O Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen), contou com a parceria da Defensoria Pública do Estado (DPE) e do CAPs Samaúma, que trouxeram o projeto ‘Saúde mental direito de todos, promovendo recursos terapêuticos às mulheres privadas de liberdade para dentro do sistema prisional.

Mulheres privadas de liberdade usam musicoterapia e arteterapia para trabalhar problemas de saúde mental e falar sobre emoções. Foto: Zayra Amorim/Iapen

O projeto consistiu em seis sessões de terapias, que foi oferecido para 20 detentas da unidade, com intuito de dar meios para que essas mulheres privadas de liberdade pudessem lidar com seus sentimentos. Durante as sessões foram trabalhadas formas de como expor suas emoções através da arteterapia e da musicoterapia. Na ação desta quinta-feira, além da musicoterapia, a equipe jurídica da DPE estava ofertando atendimento para as mulheres que estavam participando do projeto.

Com foco na saúde mental, Iapen, DPE e CAPs Samaúma se reúnem em projeto voltado para mulheres privadas de liberdade. Foto: Zayra Amorim/Iapen

Em meio as melodias e vozes cantando, estava K. G. A., ela conta que essas sessões devolveram para ela a vontade de sonhar: “Um simples gesto pode mudar tudo, pode mudar nosso modo de pensar, nosso modo de agir, nossas emoções, porque não é qualquer um que sai lá da sua casa, sai do seu trabalho, sai de qualquer canto para vir atender presa. Se eu tivesse esse olhar lá fora, tivesse conhecido pessoas assim, eu não estaria aqui. Eu só tenho a agradecer por essa oportunidade, a gente pôde viver, aprender coisas, sonhos que tinham morrido, sonhos que renasceram”, explicou.

Psicóloga Martha Leonor Paredes, integrante do projeto Dignidade no Cárcere da DPE. Foto: Zayra Amorim/Iapen

A psicóloga Martha Leonor Paredes, que faz parte do projeto Dignidade no Cárcere da DPE, e quem idealizou a ação, explica que esta atividade foi desenvolvida pensando em ajudar e dar ferramentas para as mulheres que mais precisavam, para saberem como lidar com suas emoções e sentimentos: “É um projeto que foi idealizado em vista do sofrimento mental daquelas mulheres privadas de liberdade e o direito que elas têm de exercer a cidadania e do cuidado em saúde mental. Foram selecionadas essas mulheres que estão em um sofrimento mais grave e persistente em saúde mental”. Ela também explica que foi possível notas a diferença nas apenadas: “Na terceira sessão uma detenta estava com bastante manifestação de alergias na pele, causadas pelo emocional, e na terceira sessão ela manifestou bastante melhoras”.

Detentas usam arteterapia para extravasar emoções. Foto Zayra Amorim/Iapen

Na ação, trabalhos artísticos feitos pelas detentas como forma de extravasar suas emoções estavam expostos em um mural, muitos deles apresentavam a palavra ‘saudade’ e imagens que faziam referência aos filhos e família. Essa foi uma das atividades de arteterapia desenvolvidas nas sessões. O psicólogo do Caps Samaúma, Arnaldo Lima, trabalhou essas atividades de arteterapia e garante que essas são ótimas ferramentas para ajudar as mulheres privadas de liberdade: “A arte de uma forma geral é um recurso potente de transformação. Então, pelo fato de elas estarem reclusas e muito tempo ociosas, mesmo tendo a dinâmica de rotina que elas têm aqui, quando vem uma atividade como essa de fora, do externo, fortalece esse emocional, porque quando entra em contato com algumas questões relacionadas à família, por exemplo, aos próprios sentimentos que elas entram em contato ao fazer um desenho, por exemplo, aí elas resgatam sentimentos que às vezes se perdem”, ressaltou.

Equipes do Iapen, DPE e CAPs Samaúma se reúnem para levar cuidados de saúde mental para mulheres privadas de liberdade. Foto: Zayra Amorim/Iapen

A diretora da Unidade Penitenciária Feminina de Rio Branco, Maria José Souza, se sente feliz com a ação e a parceria, ela explica que essas atividades são muito benéficas para o bem-estar das apenadas: “Isso vai ajudar a acalmar elas, a mente delas, trabalhar o psicológico delas e ensinar a lidar com o dia a dia da carceragem, porque é muito difícil estar presa dentro de uma cela com pessoas diferentes, com vivência de pessoas de personalidade diferente. E esse programa ajuda muito elas na área psicológica”, reiterou.

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