Incentivos e educação humanizada impulsionam professores a serem arquitetos de transformação social e inspirarem novas gerações

Os investimentos na área de Educação são os principais responsáveis pelo desenvolvimento socioeconômico de um estado. Educar ultrapassa as paredes da sala de aula e tem efeitos que impactam diretamente na qualidade de vida da população. É por isso que a gestão do governador Gladson Cameli tem tratado a área no topo das prioridades, apostando em uma educação inclusiva, humanizada, acolhedora e como ferramenta de mudança de vida de milhares de acreanos.

E nesta terça-feira, 15, em que se comemora o Dia Nacional do Professor, a gestão relembra os avanços que são encabeçados pelos educadores do estado. A data comemorativa é emblemática e tem ligação com o Brasil Imperial.

No dia 15 de outubro de 1827, dia também consagrado à educadora Santa Teresa de Ávila, Pedro I, Imperador do Brasil, baixou um decreto imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil.

Pela determinação, “todas as cidades, vilas e lugarejos deviam ter suas escolas de primeiras letras”. Esse decreto falava basicamente da descentralização do ensino, do salário dos professores, das matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até sobre como os professores deveriam ser contratados.

Foi na gestão do governador Gladson Cameli que foram registrados os maiores reajustes na educação. Foto: Diego Gurgel/Secom

E não existe uma boa educação sem estrutura e reconhecimento àqueles que fazem essa roda girar. No estado, além dos incentivos do governo, a gestão conta com educadores que são inspirações e que dedicam à instrução parte significativa da sua vida.

Dados da Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEE) apontam que a gestão de Gladson Cameli garantiu os maiores reajustes da história. Em 2022, houve reajuste de 33,25% e em 2023, 14,95% e 20,32%, tanto para os professores quanto para os servidores de apoio técnico e do quadro administrativo.

“Foi nesta gestão que implementou-se o Programa Educação Conectada, que forneceu notebooks e planos de internet para os profissionais da Educação, devido aos desafios impostos pela pandemia do coronavírus. Cada professor em atuação nas salas de aula estaduais recebeu até R$ 4,5 mil em uma única parcela para a compra de um notebook, em um investimento total de R$ 39.136.500”, pontua o gestor da pasta, Aberson Carvalho.

O governador enfatiza que a educação é um dos pilares de sua gestão, reconhecendo a importância de criar um ambiente seguro e propício para o ensino.

“Não existe falarmos de um Estado desenvolvido sem uma Educação forte, pois esta é a base de tudo. Todas as outras profissões dependem do professor. Então, é uma das pastas que mais tem a atenção da minha equipe de governo. Nos últimos anos avançamos na redução do analfabetismo, contratação de pessoal, reforma e ampliação de escolas e suporte aos alunos, com as entregas dos kits, mas o foco é sempre estarmos ajustando e melhorando nossas escolas para nossas autoridades”, reforça.

Sobre os professores, o governante destaca que são os pilares de um ensino de qualidade: “Ninguém faz nada só, e os principais atores da mudança na sociedade são os educadores, que saem de suas casas todos os dias e se dedicam à arte de ensinar”.

Professores são principais agentes de transformação social em uma comunidade. Foto: Diego Gurgel/Secom

Atualmente, o Acre tem 5.773 professores P2 (licenciatura), sendo 5.109 lotados no ensino regular, mais 173 na educação indígena e ainda 491 lotados na educação especial, onde ainda somam-se 865 assistentes educacionais.

Já de professores P1 (magistério) são 1.786 no total, sendo 40 lotados na educação indígena, outros 1.683 na educação especial e outros 63 no ensino regular. Com os fardamentos entregues pelo Estado, somente este ano, foram 134.367 alunos atendidos.

Os kits entregues aos alunos da rede pública também são de fundamental importância para o ano letivo dessas crianças e jovens. Para o ensino fundamental, o conjunto é composto por dois lápis grafite; duas borrachas; dois cadernos; um caderno de caligrafia; um tubo de cola; uma régua; um apontador; uma caixa de lápis de colorir; um conjunto de pincel hidrocor e uma pasta. Para o ensino médio, o kit conta com dois cadernos; uma agenda; uma mochila e uma garrafa de água.

A leitura como motor da mudança

A mais de 80 km de Rio Branco, na Vila Caquetá, os professores fazem a diferença na comunidade por meio da leitura. Ceiça Maria Silva, gestora na Escola Estadual Rural de Ensino Fundamental e Médio União e Progresso, assumiu a direção há pouco mais de dois meses.

Antes disso, chegou a ser reconhecida nacionalmente pelos projetos que implantou na comunidade escolar usando a leitura.

O Clube da Leitura e o projeto “Bicicloteca Itinerante do Caquetá” funcionam juntos e reforçam a leitura como um agente de mudança social. O objetivo é ampliar horizontes e fazer com que esses alunos sonhem cada vez mais alto.

Na Vila Caquetá, projetos de leitura encabeçados por educadora sensibilizam, acolhem e humanizam o ensino. Foto: Diego Gurgel/Secom

“A leitura está em mim desde que me entendo por gente. Quando os adultos não tinham respostas para as minhas perguntas os livros sempre foram esse local de busca pelo conhecimento. Quando vim para a Educação, sou professora há mais de 30 anos, eu não queria ser uma professora qualquer, queria dar minha contribuição. No mundo literário a vida sempre é mais bonita, mais interessante do que a vida real. É uma forma de mostrar outra maneira de pensar a vida por meio da literatura”, conta.

A biblioteca da escola contempla não apenas os alunos, mas também a comunidade em geral. Na porta, o informe diz que a pessoa pode pegar um livro por sete dias, renováveis por mais uma semana. E se os leitores não chegam até lá, os livros vão até ele por meio da Bicicloteca, que atualmente sai duas vezes por semana levando literaturas para as áreas adjacentes da escola.

A escola hoje também recebe muitas doações para a biblioteca, de famílias de São Paulo e até da Alemanha, onde alguns brasileiros seguem a professora nas redes sociais e decidiram ajudar no projeto de disseminar a leitura. É uma corrente em prol da literatura, desenvolvimento humano e social.

“As pessoas não conseguem ter a dimensão que é a transformação na vida das pessoas pela leitura, que vai além do cognitivo. Mas, trabalhamos com jovens que estão em formação de personalidade, de caráter, então, busco indicar livros que façam sentido para cada um daqueles alunos. Quando o livro chega nas mãos da pessoa certa, na hora certa, faz maravilhas e transforma trajetórias”, destaca a educadora.

Ao conhecer a ‘Bicicloteca do Caquetá”, Júnior se apaixonou pela leitura. Foto: Diego Gurgel/Secom

Júnior Sales Ferreira, de 13 anos, está cursando o 7º ano e faz parte do Clube da Leitura. Além de ter lido quase 200 livros em seis meses, ele faz questão de ler para as irmãs mais novas para já despertar o hábito nelas.

Ele conta, ainda, que foi vendo a bicicleta passar com os livros que acabou se encantando pelo mundo da leitura. “Meu amigo havia me chamado para irmos na bicicleta, fazendo uma ronda e distribuindo os livros, e aquilo me encantou. E quando conheci a Ceiça, meu mundo virou, me amarrei em ler. E, desde então, acho que 50% de mim é leitura”, diz.

Em casa, ele criou seu próprio espaço para leitura. É em cima de uma árvore que ele pôs um caixote e viaja enquanto mergulha, principalmente, em clássicos que falam sobre mitologia grega.

“Ler é uma forma de me expressar e é um portal que me transporta para o mundo”, falou.

De leitora à escritora, Lavínia de Aquino Vinha, de 11 anos, está finalizando seu primeiro livro “Aninha Bravinha”, que deve ser lançado ainda este ano, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Filha de professora, ela conta que se encantou pelas palavras desde muito pequena.

“Assinei um pacote que chega livros para mim todo mês. Gosto muito de ler. Na minha estante não cabe mais nada. Leio toda noite e sem livro acho que nem consigo dormir”, revela.

A jovem relata que o acolhimento e incentivo que tem da escola são essenciais para lhe passar segurança em desenvolver projetos. “Fico maravilhada com a nossa escola. Acho que nunca estudei em um lugar tão bom assim. Não podia ser diferente com a Ceiça sendo diretora”, reforça.

Letícia já leu mais de 200 livros desde que foi alfabetizada. Foto: Diego Gurgel/Secom

Alfabetização

Letícia Fernanda Maia, de 13 anos, faz o oitavo na escola da Vila Caquetá e hoje faz parte do clube da leitura. Ela diz que poder ler é como navegar em um mar sem fim.

“Cheguei nessa escola sem saber ler e foi quando conheci a Ceiça, que foi me emprestando livros e passei a ter esse hábito. Foi por meio dela que passei a amar os livros e mergulhar nesse universo e ter imaginação sobre tudo que está ali no livro”, conta. Ela já leu mais de 200 livros desde que foi alfabetizada.

Em maio deste ano, foram divulgados os dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostraram que o Acre avançou na alfabetização e reduziu o índice de pessoas que não sabem ler.

Das 608 mil pessoas de 15 anos ou mais de idade, 535 mil sabiam ler e escrever um bilhete simples e 73 mil não sabiam. A partir desses totais populacionais, a taxa de alfabetização foi 88% em 2022 e, consequentemente, a taxa de analfabetismo foi de 12% deste contingente populacional, aumentando, uma vez que no último Censo ficou em 16,5%. Uma das ferramentas mais importantes para reverter esse número no estado é a Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Letícia Bezerra Rodrigues tem 64 anos e se emociona ao falar do processo de aprender a ler e escrever. Foto: cedida

Com cerca de 15 mil alunos matriculados em 114 escolas, a modalidade oferece no estado uma segunda chance para jovens, adultos e idosos que, por diferentes razões, não puderam concluir seus estudos na idade recomendada.

“Eu gosto de estar com eles, de conversar sobre a vida, sobre maternidade, sobre trabalho. Eles me veem como alguém em quem podem confiar, e essa relação vai além das aulas”, conta.

Com 64 anos, Letícia Bezerra Rodrigues está aprendendo a ler desde 2022. O aprendizado a emociona e ela conta como está sendo esse progresso. “Tenho vontade de estudar para aprender a ler e a escrever, que é um sonho. Me senti bem na sala de aula, fui bem recebida, a professora é maravilhosa, um amor de pessoa”, contou.

Antes de ser atendida na EJA, ela não sabia nem assinar o nome. Agora, já alfabetizada, em dois anos frequentando a escola, o desejo é de aprender cada vez mais. “Quando fui para o colégio, fui para aprender a escrever meu nome e aprender a ler e a escrever. Agora já assino meu nome correto, estou aprendendo a ler e estou muito feliz por isso. O ensinamento é muito bom, é maravilhoso, e meu sonho é aprender a ler e escrever perfeitamente”.

Para Monaira Cavalcante da Silva, que há 10 anos atua como docente e há 8 trabalha na EJA, o trabalho é mais do que passar conteúdos, é criar laços com seus alunos.

“Eu gosto de estar com eles, de conversar sobre a vida, sobre maternidade, sobre trabalho. Eles me veem como alguém em quem podem confiar, e essa relação vai além das aulas”, conta.

Vocação que transcende gerações

O ato de ensinar envolve dedicação e entrega, principalmente porque os professores conduzem os alunos em uma fase de desenvolvimento crucial. Além de ouvidos atentos, é preciso acolher e entender as questões que os acompanham ao longo da jornada na sala de aula.

E muitos desses profissionais que hoje traçam uma trajetória e inspiram seus alunos em algum momento da vida se espelham em outros educadores, principalmente se o exemplo estiver dentro de casa.

Descomplicar é a missão de Gilsivan da Silva. Professor de Matemática há 23 anos, ele tenta mostrar aos alunos como os números podem expressar, assim como a leitura. Foi vendo os irmãos mais velhos ensinando que ele despertou para sua vocação.

“Hoje sou professor porque me inspirava no meu irmão mais velho, que tirava minhas dúvidas e me ajudava com toda dificuldade que eu tinha. Isso me motivou porque eu achava muito bonito o que ele fazia”, relembra.

Atualmente, ele tem consciência que inspira outros jovens a também seguirem na profissão. Para além das salas de aula, o educador diz que é importante ter consciência do papel dele na mudança social de uma comunidade.

Gilsivan da Silva se espelhou no irmão mais velho ao escolher a profissão de professor. Foto: Diego Gurgel/Secom

“Não sou apenas um professor, mas um amigo que mostra os caminhos que eles podem seguir. Muitas vezes encontramos crianças com mais dificuldades e sempre ouvimos e tentamos dar o nosso melhor possível”, contou.

E muitas vezes a busca pela perfeição e de dar a todos, de forma igual, a oportunidade de aprender, pesa sobre os ombros desses profissionais.

“Na nossa profissão a gente levanta todos os dias com quase tudo planejado, mas você não sabe com qual sentimento você vai terminar aquele dia. Se é de amor, felicidade, quando você consegue fazer todas as crianças aprenderem, ou até um pouquinho de frustração, de decepção, por, às vezes, achar que conseguiria se doar mais”, pontuou.

Lizandra vem de uma família de educadores e sente-se realizada em ensinar. Foto: Diego Gurgel/Secom

Lizandra Garcia, professora de Língua Portuguesa, também aprendeu a amar a educação em casa. Poder ensinar sempre esteve em seus sonhos desde pequena, ao nascer e se criar em uma família de educadores.

“Gosto do que faço e continuo aprendendo. Considero hoje o maior desafio conseguir conquistar o respeito e a confiança dos alunos, porque assim a didática fica mais fácil. Comigo, meus alunos têm a facilidade de conversar sobre todos os assuntos, e procuro conhecer um pouco mais sobre a vida deles para a gente poder ajudar e formar o caráter realmente, a crescer como ser humano, não somente aprender conteúdos”, completa.

Matheus Passarini Pereira sonha em ser professor desde criança e mantém relação de amigo com os alunos. Foto: Diego Gurgel/Secom

Matheus Passarini Pereira hoje é professor de Ciências da Natureza e Língua Inglesa na mesma escola em que estudou. Desde pequeno, ele sonhava em ser professor. Para ele não há outra ocupação que o deixasse plenamente realizado.

“Sempre tive a convicção do que eu queria fazer, o que me traria felicidade, e é ser professor. Na sala de aula tento levar uma visão ampla do mundo, o leque de possibilidades que o mundo pode oferecer. Como trabalho em ciências da natureza, mostro para eles horizontes que, caso eles não tivessem na sala de aula, eles nem teriam noção”, relata.

O maior pagamento, segundo ele, é ter histórias de alunos que ingressaram na faculdade e que conseguiram uma nota alta na disciplina que ele aplica.

“Muitos alunos começaram a perceber que o mundo não era só aqui, que o mundo tinha horizontes a serem desvendados e muitos hoje já estão cursando faculdade ou estão se preparando para cursar. Então, amplia essa visão de mundo que a juventude tem”.

Com os alunos, a relação que ele mantém é de amizade para entender o contexto social onde cada um está inserido.

“Fora da escola tento mostrar as possibilidades, tudo que a vida escolar, a vida universitária pode oferecer. Muitos alunos chegam para mim dizendo que não vêem motivos para estudar, que vão fazer apenas o terceiro ano e pronto, mas, cativando essa amizade, a gente acaba mudando o pensamento deles”, destaca.

Em terras indígenas, educação tenta preservar língua materna. Foto: Marcos Vicentti/Secom

Educação e preservação da cultura

A educação precisa ultrapassar fronteiras e garantir acesso a todos, mesmo nos lugares mais distantes, como as terras indígenas, por exemplo. Dentro das aldeias, educadores indígenas preservam a tradição, a língua e garantem oportunidades para os jovens.

Atualmente, a terra indígena Arara do Igarapé Humaitá tem uma população de cerca de 900 indígenas e 340 alunos da rede estadual de ensino, como explica o assessor pedagógico Cláudio Adão Pereira, que coordena 8 escolas e 38 professores indígenas.

A escolarização nessas unidades segue até o Ensino Fundamental II e agora eles lutam para a implantação de escolas de Ensino Médio dentro do território indígena.

Um importante ator nesse resgate é Antônio Pereira Lima, primeiro professor da terra indígena. Foi ele quem alfabetizou e orientou os demais professores que hoje levam o trabalho adiante. Durante sua fala, ele destaca que a riqueza de um povo está na preservação da sua cultura e identidade.

“Todos os indígenas têm o direito de viver, conviver com a própria origem, o conhecimento de origem, a sabedoria que Deus nos deu e dá para todos. Estamos buscando repassar nossa história, nossas medicinas e nossas próprias falas”, pontuou.

Professores indígenas aliam preservação da cultura e educação. Foto: Marcos Vicentti/Secom

Cantos, estudo da língua materna, rituais e ensinamentos que podem ser agora compartilhados pela internet, essa tem sido a realidade de escolas indígenas do estado, que nos últimos anos têm recebido internet e tablets como reforço na educação dentro dessas terras, que têm como desafio a logística para chegar até elas.

Universalizar o acesso ao digital, mesmo nas áreas mais remotas, é garantir que os alunos da rede pública de ensino tenham as mesmas ferramentas de estudos, sejam eles da zona rural, urbana ou terra indígena.

Os relatos de quem já recebeu o aparelho são de mudança na forma de estudar, além de fortalecer a cultura, facilitar o contato, e proporcionar aos indígenas o acesso a um mundo de possibilidade. Em Feijó, são 35.426 habitantes, sendo 4.436 pessoas indígenas, ou seja, 12,52% da população, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) baseados no último censo. Matriculados em escolas indígenas da cidade são pouco mais de 2 mil alunos.

O tablet para esses alunos traz a oportunidade de conectar tradição e inovação. E, ao contrário do que muitos possam pensar, não enfraquece a cultura desses povos.

Em algumas escolas, essas aulas são gravadas com os tablets. Isso faz com que esse conhecimento seja arquivado por muitos anos e não se perca, como aconteceu em algumas etnias. É a tecnologia a favor do fortalecimento da tradição.

Rompendo fronteiras, inovação e tecnologia têm chegado às aldeias por meio da Secretaria de Educação. Foto: Marcos Vicentti/Secom

Wasa Nawa Shanenawa, professor da Escola Tekahayne Shanenawa, Aldeia Morada Nova, em Feijó, agradeceu o olhar que o governo do Acre, por meio da Secretaria de Educação, tem dado às comunidades indígenas.

“A gente tem uma grande necessidade de ter esses equipamentos dentro da aldeia, porque hoje os nossos anciãos estão partindo desse mundo. Então, quando a gente tem essas ferramentas, esse equipamento de trabalho, faz vídeo, faz filme, você grava áudio de cantorias, de histórias, e isso ajuda a preservar a história do nosso povo. Quando chega no final do ano, a gente se reúne dentro do auditório e a gente passa os filmes. No decorrer deste ano, perdemos dois anciãos, mas ficaram as imagens e a história registrada”, diz.

Francisco Galdino Yawanawa, pajé da aldeia Nova Vida, vê com bons olhos a chegada da tecnologia nas terras indígenas e comemorou os investimentos feitos na área pelo governo do Estado.

“Nós não temos condições de comprar um aparelho desses para nossos filhos que estão estudando. Então, isso foi muito bom, porque o governo deu uma ajuda para os nossos filhos, que estão aprendendo cada vez mais, e isso nos ajuda muito em casa também, porque quando precisamos entender algo mais difícil, eles já conseguem nos passar”, pontuou.

Alunos, por meio da internet, também fazem intercâmbio entre as culturas. Foto: Marcos Vicentti/Secom

Educação especial e maior concurso da história

Incluir e dar autonomia para que as crianças neuroatípicas possam se tornar mais independentes em seu contexto social é o principal objetivo da Central de Referência em Educação Especial, inaugurada no dia 20 de maio em Rio Branco, e que já contabiliza avanços no ensino especializado. Em pouco mais de três meses  foram mais de 800 atendimentos, sendo 280 direto na escola; 224 na sede da central e 297 atendimentos de famílias em coletivos.

Estruturado com uma equipe multidisciplinar, o centro, ligado à Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), atua nas escolas do ensino público para que esses alunos que precisam de uma atenção especial sejam identificados e acompanhados para seu melhor desenvolvimento.

Um dos profissionais essenciais para o início dessa investigação é o professor especialista. É este profissional que vai até as escolas da rede pública de ensino identificar esse público que precisa ser incluído nas ações do centro. Márcia Souza é uma dessas especialistas.

Pela primeira vez na história, concurso vai ter vagas destinadas especificamente para educação especial. Foto: Marcos Vicentti/Secom

“Nós vamos à escola e pegamos o quadro de mediadores e assistentes com o quantitativo de alunos. Então, conversamos com a gestão, fazemos uma triagem e uma avaliação desse quadro. Identificamos a dificuldade daquele aluno e se necessita de um atendimento com a fonoaudióloga ou se tem problemas sociais e psicológicos”, explica.

Após fazer essa seleção, o aluno é encaminhado para a central, onde a família também é atendida. “A partir da análise desse quadro, a gente visualiza para qual especialidade esse aluno vai ser direcionado aqui na central. A gente avalia pedagogicamente, se ele necessita de um atendimento em sala de recursos, ou que a família venha a ser conscientizada para que ele precise ser levado à área da saúde. É um trabalho além do cognitivo, porque também orientamos a família”, ressalta.

O público de alunos que precisa dessa atenção especial vai ser atendido, pela primeira vez, com um concurso voltado para essas vagas específicas. Em setembro, o governador do Acre, Gladson Cameli, anunciou o maior concurso para a Educação no estado ao lado do secretário de Estado de Educação e Cultura, Aberson Carvalho, quando foram divulgadas 3 mil vagas para cargos efetivos para todos os municípios do estado.

Apaixonada por literatura, professora criou projetos que modificaram a relação dos alunos com os livros. Foto: Diego Gurgel/Secom

“Pela primeira vez vamos aplicar a prova didática. O professor terá de 10 a 15 minutos para poder explanar um determinado assunto e será avaliado por uma equipe imparcial, ou seja, pessoas capacitadas. Isso garante um melhor quadro de servidores na educação”, disse o secretário da pasta.

Com relação à educação especial, o gestor destaca que esta é uma demanda que tem aumentado, sendo prioridade para o governo.

“Também é a primeira vez que há um concurso com vagas específicas para a educação especial. Vale lembrar que o professor da educação especial, um professor P2, que é professor regente, tem que ser licenciado, porém, ele também necessita de habilitação de um concurso, uma pós-graduação de educação especial. Isso é um dos critérios estabelecidos. Então, estudem para a próxima prova. Nós temos aí mais ou menos 60 dias para poder fazer a nossa prova e ter aí a garantia de um concurso efetivo”, destacou.

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