Para dar mais espaço e visibilidade para os pequenos produtores, a Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri) fez o lançamento oficial do espaço da Agricultura Familiar e Economia Solidária na Expoacre na noite desta terça-feira, 3. O objetivo do espaço, que acomoda cerca de 75 empreendedores, envolve venda de hortaliças, produtos diversos e uma praça de alimentação.
O secretário de Estado de Agricultura, José Luis Tchê, diz que a ampliação do espaço voltado para o segmento é uma conquista.
“Hoje concretizamos um sonho. A gente teve a oportunidade de visitar outras feiras fora do estado e sabemos a importância da agricultura familiar, economia solidária, e de atender o pequeno produtor e produtora”, disse.
O gestor da pasta destacou que tem feito um trabalho forte com os pequenos produtores, inclusive com a aragem de terra, preparo do solo, sondagens e tanques.
“Existe esse problema do clima, então a gente já vem se antecipando a isso, fazendo uma ação muito bacana. Desenvolvemos há pouco tempo e vai ser lançado amanhã o [aplicativo] Agricultor Digital, que é para eles terem o contato diretamente com o consumidor, então imagina quanto vai beneficiá-los, porque vamos ter um preço justo do produto, sem passar pelo atravessador”, completou.
No espaço há a venda de hortaliças, temperos, frutas, comidas típicas da região e outros produtos feitos com matéria-prima do Acre. Para quem está vendendo, é uma oportunidade também de fazer novos contatos.
Universo de produtos
Jessilene dos Santos está vendendo produtos de Minas Gerais, como doces, mas está, aos poucos, incluindo produtos do estado. Desde 2020, ela trabalha com as vendas.
“É bom fazer uma renda extra. Estou na expectativa de que as vendas melhorem, fiz metas diárias, mas estou contando que ainda tem seis noites para melhorar. O empreendimento é produto mineiro, mas como a nossa região é rica e ando muito em feiras, tem muitos turistas; aos poucos estamos fazendo parceria com produtores daqui e fazendo geleia de açaí, licores regionais e mel”, disse.
Marilda da Silva Pinto é produtora rural, representante da associação da comunidade Quixadá, e está vendendo hortaliças, além do caldo de cana. Para ela, este é um momento importante para expor seus produtos: “Não estou tendo do que reclamar nessas noites. Todo dia a gente vem adicionando um pouquinho mais na nossa meta diária”.
Marilda também já está cadastrada no Agricultor Digital, aplicativo que é mais uma opção de venda. “O legal é que vai direto do produtor para a mesa do consumidor”, completou.
Maria Nelsi da Silva traz os produtos da estrada de Sena Madureira. E acredita que, após a divulgação, as pessoas devem procurar mais o local. “Estamos animados com o aplicativo, porque é uma ajuda a mais. A quem ainda não veio aqui no nosso espaço, convido a vir conhecer, porque está bem legal”, destacou.
Juliana Rocha trabalha com produtos de crochê há muitos anos. Para ela, mais do que vendas durante a feira, a Expoacre é uma forma de fazer uma rede de contatos, que impactam em uma pós-venda satisfatória.
“Essa foi a primeira vez que nós conseguimos participar. Está sendo um sonho, as vendas estão boas, mas lógico que sempre queremos vender mais. Também já saímos daqui com algumas encomendas, então sempre é muito proveitoso”, avaliou. No seu espaço, vende panos de prato, sandálias personalizadas, cropped, chaveiro e brinco, tudo com a engenhosa arte do crochê.
“É uma oportunidade não só para nós, mas para muitos outros, porque são vários coletivos, vários empreendimentos e isso faz toda a diferença. E que todo mundo consiga, além de vender, expor seu produto, que é legal, é a oportunidade que a gente espera”, destacou.
A diversidade no espaço da economia solidária é grande. Neste tempo seco, de calor e fumaça, muita gente procura os óleos essenciais para ajudar a deixar os ambientes mais “respiráveis”. Com marca acreana, os produtos são feitos com matéria-prima do estado.
“Toda produção é feita por nós. Claro que algumas matérias-primas trazemos de fora, pela escassez na nossa região, mas temos parcerias com produtores locais. Nosso carro-chefe de vendas hoje é o ‘respire’, um blend de óleos, criação nossa, uma exclusividade da nossa marca. Ele é um óleo descongestionante nasal, que desobstrui as vias nasais, faz a limpeza do nariz e é muito utilizado por quem sofre com asma, rinite, sinusite, bronquite, e é um aliado fortíssimo nesta época do ano que nós estamos vivendo”, relata.
Em uma feira agropecuária não pode faltar tábua de churrasco. Bley da Silva então levou suas peças feitas de madeiras de reflorestamento. Cada detalhe chama a atenção. E também oferece outros produtos de madeira, como mesas e artigos de decoração. “Em outros anos, tivemos um pós-venda bem legal, então esperamos este ano vender mais, até a última noite”, disse.
Parcerias
Igor Honorato, da Divisão de Apoio à Produção Familiar da Seagri, explica que o espaço foi feito em parceria com a Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol Brasil), o que possibilitou a expansão dele. “Este ano conseguimos ampliar o espaço e trazer mais empreendimentos para poder valorizar, tanto os produtos da agricultura familiar, como da gastronomia, doces, artesanato e plantas”, disse.
Com a parceria, a expectativa de vendas para a Seagri também é otimista. “Amanhã vai ter o lançamento oficial do aplicativo, desenvolvido pela Secretaria de Agricultura, que é o Agricultor digital, cuja ideia é justamente facilitar a comercialização, o contato entre o produtor e a pessoa que tem interesse em comercializar esses produtos. Nós estamos fazendo esse teste pioneiro, já estamos com os nossos agricultores cadastrados, estamos fazendo divulgação durante a feira, e a nossa torcida é que o aplicativo evolua e possa abarcar um número maior ainda de empreendimentos”, analisou.
Carlos Omar da Silva, membro da Unisol, destaca que o fortalecimento da parceria foi crucial para o sucesso da feira. Ele diz que a economia solidária é um universo de coisas, que necessita de incentivo e oportunidade para avançar cada vez mais.
“Temos aqui dentro desse barracão de 10 a 11 setoriais da economia solidária. Desde a agricultura familiar, artesanato, alimentação, movelaria, jardinagem, ou seja, um conjunto de ações que envolve a economia. A importância de a gente estar aqui hoje com esses segmentos da economia solidária para fortalecer a comercialização, é que isso gera renda, oportunidade, demanda e gera também receita, porque você tem a compra direta e indireta dos empreendimentos no mercado, faz a economia girar”, explicou.
Para ele, apenas com união e direcionamento pontual de ações é possível fazer o setor expandir e avaliou a parceria deste ano como um grande avanço.
“Você observa a importância do Estado fortalecer e incentivar a política pública da comercialização, da economia solidária, isso para nós é muito importante. E nós da Unisol estamos aqui para fortalecer, ajudar e trabalhar. Então, estamos aqui para agradecer nesse primeiro momento por tudo que o Estado, através da Secretaria de Agricultura, está fazendo e todos os parceiros que estão junto conosco aqui neste momento”, avaliou.
Os visitantes
Cristiano Mendonça já conhecia o espaço dos agricultores e nesta terça-feira, primeira noite que veio à Expoacre, disse que foi direto em busca do local para jantar com a família.
“Ano passado visitamos e este ano já viemos jantar aqui. É um espaço muito legal, porque incentiva os produtores. A gente sempre come e já leva alguma lembrancinha também”, revelou.
Taís da Silva Santos estava com o marido e o filho. Para ela, além da culinária, o fato de ser um espaço calmo também a atraiu. “O que mais chama atenção é a comida e a possibilidade de a gente dar uma olhadinha nas vendas também. Por aqui a gente sempre procura uma coisa mais acreana”, contou.
Pâmela Thaís Castro estava com o marido e os amigos e aproveitou para jantar na praça de alimentação da economia solidária, antes de prestigiar a última noite do rodeio: “Geralmente a gente vem aqui para lanchar, antes de começar a curtir a noite.”
O espaço fica na parte da agricultura do Parque de Exposições, próximo de uma das entradas. No antigo Tartesal, abaixo do Vegas Poker Club.
No local, além das barracas, há ambulantes e brinquedos para as crianças. Durante o dia, há workshop para os produtores.