Alunos surdos da rede estadual têm acesso a Atendimento Educacional Especializado Bilíngue

Um novo modelo de Atendimento Educacional Especializado (AEE) bilíngue para surdos está transformando a aprendizagem de alunos na capital do Acre. O formato, desenhado e oferecido pelos profissionais do Centro de Atendimento ao Surdo (CAS), setor do ligado à Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), se baseia em três momentos didáticos distintos: ensino de Língua Brasileira de Sinais (Libras), ensino com Libras, e ensino de português como segunda língua. 

CAS oferece AEE Bilíngue para a alunos da rede estadual. Foto: Mardilson Gomes/SEE

A coordenadora-geral do CAS, Lindomar Araújo, destaca que o objetivo é promover um espaço inclusivo e eficiente para o desenvolvimento acadêmico e pessoal dos alunos surdos da rede estadual, pois o AEE Bilíngue atende estudantes de diversas escolas de Rio Branco e cidades vizinhas. “É uma proposta dinâmica para trazer a Libras como primeira língua para o nosso aluno surdo”, ressalta. 

O projeto envolve um rodízio semanal entre três espaços específicos: uma semana dedicada ao ensino de Libras, outra ao laboratório de informática para acessar conhecimentos em Libras, e a terceira para o ensino de português como segunda língua. Este modelo permite que os alunos se familiarizem com a Libras e desenvolvam habilidades de comunicação e compreensão em português.

Alunos frequentam os atendimentos no contraturno. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Os horários estabelecidos incluem pequenos grupos e atendimentos individualizados, sempre conduzidos em Libras, sem necessidade de intérpretes, pois os professores, surdos e ouvintes são proficientes na língua, o que garante uma comunicação direta e eficaz.

Brenda Riana França, estudante da Escola Rodrigues Leite está entre os alunos surdos que frequentam o atendimento e relata que o contato direto com a Libras e ensino de português melhoraram sua aprendizagem. Além disso, para a jovem, o contato com outros surdos é importante pois incentiva a prática da Libras. “Eu quero que mais amigos surdos venham, pois precisamos ter o nosso diálogo. A comunicação truncada é difícil e, às vezes, muitos surdos não sabem a Libras, pois não têm o contato com outros surdos”, conta. 

No laboratório de informática, os alunos acessam ao conhecimento usando a Libras. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Além do ambiente de sala de aula, a ação também proporciona oportunidades de convivência com outros adultos surdos que trabalham em cursos e oficinas no local. Além disso, os pais que acompanham os filhos durante os atendimentos têm acesso ao Núcleo de Convivência, um espaço criado para dar suporte às famílias, onde um profissional intérprete oferece lições de incentivo ao aprendizado da Libras e comunicação direta com os filhos. 

A intenção é criar um senso de comunidade e um ambiente propício para a prática e desenvolvimento da Libras, além de facilitar a troca de experiências e conhecimentos culturais. “Nós queremos que a comunicação flua entre as famílias. Ao invés desses pais que vêm aqui ficarem apenas esperando os filhos, eles estão aqui investindo no conhecimento, que vai trazer benefício direto para a comunicação entre eles e os filhos”, destaca a professora intérprete Maria Sebastiana Bandeira, uma das responsáveis pelo espaço. 

Pais recebem suporte no Núcleo do Convivência. Foto: Mardilson Gomes/SEE

O pai de Brenda, Rila França, é um dos familiares que está aproveitando o espaço para aprender um pouco mais. “Está sendo ótimo, tanto para mim quanto para ela. Melhorou muito minha comunicação, e isso era algo que ela me cobrava. Agora quero aprender até, quem sabe, virar um intérprete”, sonha.

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