De acordo com o site Brasileiro “A Herbalista”, o termo banho de floresta ou silvoterapia é a prática de absorver a atmosfera da floresta, passando um tempo com as árvores e interagindo nesse contexto por meio de todos os nossos sentidos. Esta técnica tem sua origem no Japão, onde é conhecida como “shinrin-yoku” e foi desenvolvida com o objetivo de reduzir os sintomas de ansiedade, de estresse e de reaproximar o homem para uma conexão com a natureza.
Saúde e bem-estar é um dos objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas. Reconhecer que o turismo pode contribuir trazendo benesses para as pessoas, é enxergar a grande potência dessa ferramenta como forma de autocuidado, e compreender que lugares calmos e agradáveis, com uma certa biodiversidade, no meio de grandes áreas florestais podem ser aproveitados pelo homem para a sua introspecção e relaxamento, contribuindo assim para a sua saúde.
Ser nativa da maior floresta tropical do mundo me privilegia de muitas formas. E poder realizar a imersão Banho de Floresta no Parque Nacional da Serra do Divisor foi uma experiência transformadora, de intensa conexão com a comunidade, com a natureza e principalmente com o meu interior. Essa imersão foi conduzida pela empresa Trilha Turismo Aventura, numa proposta inovadora e que acredita no impacto positivo da valorização do turismo de base comunitária.
A viagem já começa na decisão de ir, cada etapa é carregada de expectativa e novas sensações. Chegar à Alameda das Águas, no porto de Mâncio Lima, e sentir o cheiro do amanhecer, é apenas o início de uma grande aventura.
O percurso das águas que nos levam ao pé da serra, em horas de contemplação da flora e fauna local, como as árvores gigantes, e borboletas multicoloridas por todo o caminho, já nos mostram que a jornada será cheia de encantamentos.
Quando nos permitimos viver plenamente esta conexão, nos abrimos para enxergar e sentir em essência toda a energia que a natureza nos dá. Exercitamos a atenção plena, todos os nossos sentidos voltados e dedicados para aquele momento, conseguimos enxergar as nuances das cores, a diversidade de tamanhos e formas, sentir o cheiro da mata, da terra, e ouvir a música que emana dos ventos em contato com as folhas. Não é apenas um passeio, é a prática consciente e contemplativa de estar imerso nas imagens, sons e cheiros da floresta.
Assim como a água, o ar através do qual caminhamos desloca-se em correntes, flui em ondas e é habitado por ecossistemas vivos. O som viaja e propaga-se através de padrões de camadas de informação.
É no caminhar em meio à floresta, sentindo o vento e ouvindo o som da água, que corre de suas nascentes, até encontrar as margens do rio Moa, que percebemos a vida em sua mais pura essência.
Lavar a alma nas águas das cachoeiras da Serra do Divisor é se reenergizar para voltar à nossa rotina diária da vida urbana, mas já cheia de saudades deste lugar.
Valéria Teixeira é enfermeira e terapeuta integrativa, nativa da Floresta Amazônica