Escritor catarinense viveu no Acre e agora vai alcançando reconhecimento internacional
O escritor catarinense Cristovão Tezza vive dias de júbilo com O Filho Eterno, livro que também foi lançado em Rio Branco e que vem sendo traduzido para vários idiomas. No último dia 29 de outubro, ¨O Filho Eterno¨ levou o primeiro lugar no prêmio Portugal Telecom de Literatura. Editado pela Record, o livro fala sobre a relação entre um pai e um filho com síndrome de Down e já recebeu outras honrarias, como a que foi conferida pela Associação Paulista de Críticos de Arte de SP em 2007 na categoria literatura e o Prêmio Bravo! Prime de Cultura.
Tezza lembra que quando retornou a Rio Branco para o Projeto Sempre Um Papo, identificou imediatamente uma grande transformação na capital. ¨Fiquei pouco tempo, mas deu para sentir que Rio Branco é outra cidade. Fiquei impressionado com a organização urbana, com as praças, com o colorido, com as oportunidades na área da educação. É uma cidade completamente diferente, transformada¨, conta.
O Portugal Telecom premiou com R$ 100 mil. Tezza ganhou R$ 50 mil. O escritor português António Lobo Antunes e a escritora brasileira Beatriz Bracher dividiram os R$ 35 mil do segundo lugar, com os livros "Eu Hei-de Amar uma Pedra" (Objetiva) e "Antonio" (Editora 34), respectivamente.
"O Sol se Põe em São Paulo" (Companhia das Letras), do escritor carioca Bernardo Caravlho, ficou em terceiro lugar e levou R$ 15 mil. Carvalho foi o ganhador do melhor romance do mesmo prêmio em 2003 com a obra "Nove Noites".
Tezza recebeu o prêmio das mãos da atriz Fernanda Montenegro durante cerimônia realizada na Casa Fasano, em São Paulo. Dos 398 livros inscritos para o prêmio, a organização selecionou dez finalistas, dos quais três (este ano quatro, com o empate do segundo lugar) foram vencedores.
O prêmio teve a curadoria de Jorge Fernandes da Silveira, especialista em literatura portuguesa, Samuel Titan Jr., especialista em literatura brasileira, Tânia Celestino de Macedo, especializada em literatura africana, e Selma Caetano, curadora-coordenadora.
De Curitiba, via e-mail, Cristóvão Tezza, falou sobre a premiação e sua vida no Acre:
Ter uma obra tão pessoalmente importante sendo premiada é muito bom.É isso mesmo? Fale um pouco sobre esse processo.
Sim, é muito bom, por tudo que representa em termos de divulgação do trabalho. "O filho eterno", pelos prêmios que recebeu, e pela repercussão que está tendo mesmo no exterior (já foi vendido para a Itália, França, Espanha, Portugal, Austrália e Nova Zelândia; e terá uma edição em catalão), acaba por ter uma ótima exposição no Brasil.
O senhor viveu no Acre. Quais lembranças guarda dessa época? Isso tem alguma influência/importância em sua obra?
O Acre foi uma fase de transição de minha vida. Até então eu era um "bicho grilo" dos anos 70, ainda sem saber o que fazer da vida, já com 25 anos. Casei e fui para Rio Branco, onde desde então vivia meu irmão, o advogado João Tezza. Trabalhei com ele no escritório e dei aulas num Cursinho de Preparação para o Vestibular, criado pelo Neubens Mariano. Mas o mais importante foi o fato de que fiz vestibular pela primeira vez na vida no Acre. Entrei no curso de Letras. Fiquei um ano – e quando resolvi voltar para Curitiba, começou minha carreira acadêmica, que afinal seria minha sobrevivência.
Quando voltou a Rio Branco para o lançamento do ´Filho Eterno´ sentiu alguma diferença? Quais mudanças (se ocorreram) chamaram sua atenção?
Uma mudança extraordinária. Fiquei pouco tempo, mas deu para sentir que Rio Branco é outra cidade. Fiquei impressionado com a organização urbana, com as praças, com o colorido, com as oportunidades na área da educação. É uma cidade completamente diferente, transformada.
*Com informações da Portugal Telecom