Homens, mulheres, crianças, jovens, os mais velhos. O povo Yawanawá, o povo da queixada, o povo que recebeu o dom do canto no momento da criação é também um povo unido pelo mesmo ideal: fortalecer a cultura, os conhecimentos tradicionais e a vida em comunidade. Os Yawanawás sofreram o massacre cultural imposto pelo contato com o branco e pela escravidão a que foram submetidos. Missionários norte-americanos das Missões Novas Tribos do Brasil impuseram uma religião diferente e ensinaram que os ritos espirituais que sempre praticaram eram demoníacos. A língua foi esquecida, os costumes deixados de lado. Hoje, recuperados e fortalecidos culturalmente, os Yawanawás lutam por um objetivo maior: achar o ponto de equilíbrio entra sua cultura tradicional e a cultura da sociedade branca.
Jovens indígenas têm o ideal de concluir os ensinos e voltar para aldeia, para ajudar o povo Yawanawá. (Foto Sergio Vale / Secom)
Kanamaxy, junção de areia com tempestade, é o nome indígena da jovem Jaqueline da Silva Luiz Yawanawá. Ela saiu da aldeia aos 5 anos para estudar – quando ainda não havia escola na comunidade – e hoje faz o primeiro ano do ensino médio. Ao concluir esta etapa do estudo, pretende voltar pra aldeia e passar um ano se dedicando ao aprendizado da língua e dos conhecimentos tradicionais, para poder voltar para a sociedade branca fortalecida e lutar por mais uma fase: se formar em Medicina ou alguma outra área que possa contribuir para a redução da dependência do homem branco.
“Ainda existe muita discriminação e as pessoas pensam que índio não tem valor. Na verdade temos os mesmos direitos que os pessoas que se acham diferentes de nós. Tem jovens que casam cedo e começam a ter filhos e outros que sonham mais alto. Eu quero estudar e ajudar minha aldeia. Meus pais se esforçam muito para nos manter e agora o importante é concluir os estudos e retribuir em dobro a oportunidade que tive”, revela.
Se Kanamaxy não tem certeza sobre a formação superior que vai seguir, Raquel Yawanawá, a Nawashahu, sabe com convicção: “Quero estudar Medicina e voltar pra minha aldeia. O povo precisa de médicos aqui. Meu sonho é terminar os estudos. Aqui se a gente começa a namorar em um mês já está casada e eu prefiro me manter firme no objetivo que tenho”.
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